06/11/2018

Horácio: Mãe

Com muito respeito




E quase a completar as duas dezenas de títulos, eis que Horácio chega - finalmente - às Graphic MSP.
E escrevo ‘finalmente’ porque a sua ausência era mais do que esperada.
O que se explica facilmente: é sabido que, durante muitos anos, só Maurício de Sousa escreveu e desenhou “as histórias do pequeno tiranossauro rex comedor de alface”. como ele próprio o descreve no prefácio de Mãe, por isso, quando o “projecto Graphic MSP começou” pediu ao seu editor, Sidney Gusman, que “deixasse o Horácio intocado”.
O que aconteceu até há alguns meses, quando Fabio Coala foi convidado para criar um livro para a colecção e teve a ‘coragem’ de recusar a personagem que lhe foi proposta e pedir para escrever uma história de Horácio, desde sempre o seu “favorito”.
Em boa hora, dirão muitos - e é inegável que o resultado está muito bem conseguido, num tom de respeito profundo e de homenagem à criação mais pessoal de Maurício - embora se possa apontar como ausência aquilo que tem distinguido a maioria dos títulos desta colecção: a ousadia, a capacidade dos criadores colocarem muito de si e da sua arte na retoma dos heróis da(s) turma(s), apresentando-os com uma roupagem diferente.
Confesso que desconheço outras obras de Fábio Coala mas, terminada a leitura de Mãe, fiquei com a sensação que esta era uma história que podia ter sido escrita pelo próprio Maurício de Sousa - embora não desenhada por ele, apesar de alguma proximidade do registo gráfico de ambos. O que não deixa de ser um grande elogio, pois reflecte a capacidade que Coala teve de demonstrar o seu profundo conhecimento do espírito, do tom, da forma de ser e de agir de Horácio, e de transpor tudo isso para a sua história aos quadr(ad)inhos. Ao mesmo tempo que recriava, com ternura e coerência, os primeiros encontros do protagonista com o Tecodonte, os Napões e Lucinda, num enredo tenso, que tem por alavanca a amizade e o desejo de ser útil aos outros, e evoca os tempos violentos em que viveram os dinossauros, enquanto reconta, pela enésima vez, a busca de Horácio pela sua mãe.
Se tudo isto é verdade - e que fique bem claro que Mãe é um título a ler - em meu entender, depois de ‘conquistado’ o direito de escrever e desenhar Horácio, faltou a tal ‘ousadia’ a Fabio Coala, para de alguma forma ‘dar a volta ao texto’ e deixar uma marca mais pessoal no Horácio que foi seu durante 80 pranchas. Ela surge, de alguma maneira, reconheço, na narrativa secundária que surge entremeada com a história principal, da procura/tentativa de salvamento da mãe de Horácio que, num registo mais duro e realista, adianta uma possível explicação para o pequeno tiranossauro ter nascido ‘de um ovo abandonado ao sol’…

Horácio: Mãe
Graphic MSP
Fabio Coala
Panini
Brasil, Julho de 2018
190 x 275 mm, 96 p., cor, capa dura
R$ 41,90

(imagens disponibilizadas pelo editor; clicar nelas para as aproveitar em toda sua extensão)

1 comentário:

  1. Boa noite, muitas vezes tenho visto algumas pessoas a perguntar onde podem encontrar álbuns Graphic MSP, a minha coleção tem sido abastecida pela loja CASA DA BD, embora o site deles não haja referencia estes álbuns entrei em contacto e consegui vários, tentem entrar em contacto

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