O
Amadora BD revelou no passado sábado os vencedores dos Prémios
Nacionais de BD 2018. Os nomeados tenham sido anunciados a menos de
24 horas da sessão de divulgação e entrega de prémios….
Costumo dizer - já o escrevi várias vezes - que os prémios têm o valor que cada um lhes queira dar, mas, quando é a própria organização que os desvaloriza, algo está (muito) errado.
Costumo dizer - já o escrevi várias vezes - que os prémios têm o valor que cada um lhes queira dar, mas, quando é a própria organização que os desvaloriza, algo está (muito) errado.
Sejamos
claros: a intenção dos Prémios Nacionais de Banda Desenhada, há
mais de duas décadas criados e promovidos pelo Festival
Internacional de Banda Desenhada da Amadora - agora Amadora BD - era
promover e divulgar a banda desenhada, em especial aquela que é
feita e editada em Portugal.
Durante
anos, existia um júri alargado de pré-selecção das obras, as
pessoas - autores, editores, jornalistas, divulgadores… - ligadas à
BD, que constavam da base de dados do festival. Depois, numa segunda
fase, os nomeados assim definidos eram votados por esse mesmo júri
alargado ou, mais recentemente, por um júri definido pelo festival.
Há
alguns anos, a pré-selecção passou a ser feita pelo mesmo júri
que vota os vencedores.
Dentro
do espírito de promoção e divulgação, os nomeados eram
conhecidos e divulgados antes da abertura do festival, de forma a
esses livros estarem devidamente assinalados na feira do livro do
evento e poderem chamar a atenção dos visitantes. Eram também alvo
de uma exposição no ano seguinte, que voltava a destacá-los junto
do público.
O
problema é que, em anos recentes, segundo todas as evidências
disponíveis, o festival subverteu a sua própria lógica: os prémios
deixaram de ser atribuídos pelo mérito das obras em si, recaindo a
escolha naqueles que dava mais jeito expor, nomeadamente os autores
sem exposições recentes no Amadora BD. Ou seja, não se expunham os
premiados, premiava-se para se expor… Por isso, em anos recentes,
obras largamente consensuais em termos de qualidade e relevância,
foram ignoradas em função de outras cujos autores ‘dava jeito’
escolher - o que não implica um julgamento de valor da minha parte
em relação a estes últimos.
Mais,
olhando para os nomeados - mais uma vez sem estar a fazer juízos de
valor - ressalta o absurdo de histórias curtas concorrerem a Melhor
Desenho ou Melhor Argumento, quando deveriam
ter categorias próprias se o Amadora BD julga relevante
distingui-las - e nesta altura ninguém percebe o que é relevante no
e
para o
festival…
Uma
nota ainda para a variação do número de nomeados de categoria para
categoria, dependente da quantidade e da qualidade global de edições,
o que parece significar uma incapacidade do júri seleccionar os que,
aos seus olhos, são realmente melhores, seja qual for o critério de
selecção seguido…
Se
toda esta salgalhada - o termo parece bem indicado neste contexto -
punha em questão a estrutura dos prémios, a divulgação (?) que
(não) teve lugar este ano, limitada e muito tardia, quer dos
nomeados, quer - mais ainda - dos premiados, coloca em causa tudo
aquilo que os Prémios Nacionais de Banda Desenhada deveriam
significar e representar.
Sem
mais considerações, vincando mais uma vez que o atrás escrito não
pretende colocar em causa a qualidade das obras - cujo escrutínio
vai sendo feito regularmente aqui no blog através de textos próprios
- vamos então à lista de nomeados, onde estão assinalados os
vencedores de cada categoria.
PNBD
- Melhor Álbum Português
“Dragomante”,
de Filipe Faria e Manuel Morgado, Comic-Heart + G.Floy
“Nem
Todos os Cactos Têm Picos”, de Mosi, Polvo
“Os
Regressos”, de Pedro Moura e Marta Teives, Polvo
“Santa
Camarão”, de Xavier Almeida, Chili com Carne
“Silêncio”,
AA VV, The Lisbon Studio + G.Floy + Comic Heart
PNBD
- Melhor Argumento para Álbum Português
Filipe
Faria, “Dragomante”, Comic Heart + G.Floy
Filipe
Melo, “Comer e Beber”, Tinta da China
Pedro
Moura, “Os Regressos”, Polvo
Xavier
Almeida, “Santa Camarão”, Chili com Carne
PNBD
- Melhor Desenho para Álbum Português
Fábio Veras, “Jardim dos Espectros”, Escorpião Azul
Mosi,
“Nem Todos os Cactos Têm Picos”, Polvo
Ricardo
Cabral, “Ritual” do álbum “Silêncio”, The Lisbon Studio +
G.Floy + Comic
Tiago
Baptista, “Berlim, Cidade sem Sombras”, Chili com Carne
Xavier
Almeida, “Santa Camarão”, Chili com Carne
PNBD
- Melhor Autor Português
em Álbum Original de Língua Estrangeira
em Álbum Original de Língua Estrangeira
André Lima Araújo, “Black Panther: Long Live the King” ou “Ben Reilly Scarlet Spider”, Marvel
Manuel
Morgado, “Les Arcanes de la Lune Noire:Greldinard”, Lombard
Miguel
Mendonça, “Detective Comics” ou “Justice League of America”,
DC Comics
PNBD
- Melhor Álbum de Autor Estrangeiro
“Afirma Pereira”, de Pierre-Henry Gomont, G. Floy
“Cinco
Mil Quilómetros”, de Manuele Fior, Devir
“Malditos
Amigos”, André Diniz, Polvo
“O
Árabe do Futuro 3. Ser Jovem no Médio-Oriente (1985-87)”, de Riad
Sattouf, Teorema
“O
Diário de Anne Frank”, de Ari Folman e David Polonsky, Porto
Editora
“Os
Trilhos do Acaso”, de Paco Roca, Levoir
“Saga”,
de Bryan K Vaughan, G. Floy
PNBD
- Melhor Álbum de Tiras Humorísticas
“A Entediante Vida de Morte Crens”, de Gustavo Borges, Bicho Carpinteiro
“Bateria
Fraca”, de Rick Kirkman & Jerry Scott, Bizâncio
“Maria
- A Maior das Subversões”, de Henrique Magalhães, Polvo
PNBD
- Prémio BDs Clássicas da 9ª Arte
(edição original há mais de 10 anos)
(edição original há mais de 10 anos)
“Aqui Mesmo”, de Forest e Tardi, Levoir
“Do
Inferno”, de Alan Moore e Eddie Campbell, Devir
“Espião
Acácio”, de Fernando Relvas, Mundo Fantasma + Turbina
“The
Ghost in the Shell”, de Shirow Masamune, JBC Portugal
“Torpedo
1936”, de Enrique Sánchez Abulí e Jori Nernet, Levoir
PNBD
- Melhor Ilustrador Português
André Letria, “A Guerra”, Pato Lógico
António
Jorge Gonçalves, “Estás Tão Crescida”, Pato Lógico
Carolina
Celas, “Horizonte”, Orfeu Negro
João
Fazenda, “A Nuvem”, Pato Lógico
Madalena
Matoso, “Eu Sou Eu Sei”, Planeta Tangerina
Tiago
Galo, “A Revolução” Alfaguara
PNBD
- Destaque do Júri para Clássicos da Ilustração
PNBD
- Melhor Ilustrador Estrangeiro
Annie Bosenberg, “A Meia Perdida”, Bruáa
Barnett
Klassen, “Quadrado”, Orfeu Negro
Benjamin
Lacombe, “Frida”, Kalandraka
Francesca
Sanna, “A Viagem”, 20|20 Fábula
Noemi
Volla, “Fim? Isto Não Acaba Assim”, Planeta Tangerina
Pierre
Pratt, “Boa Noite!”, Orfeu Negro
PNBD
- Melhor Fanzine
“Improvized
Zine 1.5”, editado por Marcos Farrajota, Chili com Carne
“Pentângulo
#1”, Editado por Jorge Nesbitt e Marcos Farrajota, Ar.Co e Chili
com Carne
H-Alt,
editado por Sérgio Santos, H-Alt
Júri:
NELSON
DONA, director do AmadoraBD - Festival Internacional de Banda
Desenhada e em representação da Senhora Presidente da Câmara
Municipal da Amadora.
ÁLVARO
SANTOS, autor de banda desenhada premiado AmadoraBD 2017.
ANTÓNIO
DÂMASO AFONSO, na qualidade de jornalista e desenhador.
JOSÉ
PEDRO CASTELLO BRANCO na qualidade de colecionador de BD.
SÍLVIA
BORGES SILVA, comissária da exposição do ano editorial e
jornalista especializada em literatura e ilustração.
(imagens
fornecidas pela organização; clicar nos textos a cor diferente para
saber mais sobre as obras distinguidas, quando disponível)
O(agora) Amadora BD necessita de uma completa resolução.
ResponderEliminarLuís Campos
geolisrio-po-Berkeley Jason Brandt https://wakelet.com/wake/NnCxqlFk3PJeMVJBDvfnP
ResponderEliminarapexnale