Bem conhecido dos leitores portugueses,
graças às edições da Polvo de Tungsténio ou Talco de Vidro,
Marcelo Quintanilha está de volta ao Amadora BD este fim-de-semana,
para apresentar o seu mais recente livro, Luzes de Nieterói.
Foi o pretexto para a entrevista que se
segue, feita à distância através de correio electrónico.
As
Leituras do Pedro - Quem é Marcello Quintanilha?
Marcello
Quintanilha - Boa pergunta. Alguma ideia?
Marcello
Quintanilha - Comecei a publicar em 1988, através de uma grande
editora na época, chamada Bloch, que pertencia à TV Manchete. Desde
então, passei por várias revistas, como ilustrador de imprensa,
além de dedicar mais de dez anos ao mundo da animação. A partir de
2001, venho publicando periodicamente e desde 2009 me dedico
integralmente à produção autoral.
As
Leituras do Pedro - Quais as suas influências?
Marcello
Quintanilha - Minhas influências vêm de toda parte, de coisas
vividas por mim em primeira pessoa ou por pessoas próximas a mim; da
literatura brasileira; da arte de Jacobs, Buscema, Boucq; do cinema
de Rossellini, De Sica, Welles; enfim…
As
Leituras do Pedro - Apesar de residir há alguns anos em Barcelona,
continua a situar as suas obras no Brasil. Quanto de si, da sua
vivência, das suas memórias há nelas?
Marcello
Quintanilha - Absolutamente
tudo. Não me sinto longe do Brasil sob nenhum aspecto e escrever
sobre o Brasil estando fora é exatamente igual a escrever sobre o
Brasil estando dentro. Não há nenhum tipo de dificuldade nesse
sentido porque não parto do que está diante de mim para construir
meu universo, ou seja, não trabalho como um observador da realidade
tangível, mas sim a partir daquilo que está comigo e que me formou
como ser humano - o que, inevitavelmente, está ligado à vida que
conheci no Brasil.
As
Leituras do Pedro - O que podem os leitores esperar do seu novo livro
“Luzes de Niterói”? De que trata?
Marcello
Quintanilha - Trata-se
de uma história sobre amizade, na qual dois jovens terão suas
relações tensionadas até o ponto de ruptura, depois do qual será
necessário se perdoarem a si mesmos antes de poderem perdoar ao
companheiro. Mas também um relato de aventura, baseado em fatos
reais ocorridos com meu pai na década de 1950, quando era jogador de
futebol profissional em equipas
da nossa cidade natal, Niterói. Ela traz à tona todo um vernáculo
corrente na época, uma série de valores e figuras que ajudaram a
compor
a sociedade brasileira actual
e da qual nos vamos lamentavelmente distanciando.
As
Leituras do Pedro - “Luzes
de Niterói” é publicado em Portugal e na França, antes do que no
próprio Brasil. Foi fácil entrar no mercado europeu? Qual a
importância dele para si?
Marcello
Quintanilha - Não sei quais são os critérios de facilidade
expressos na pergunta nem trato essa questão dentro desse tipo de
parâmetros e nem considero correta a ideia de “mercado europeu”
uma vez que cada um dos países do continente têm suas
especificidades do que se refere à publicação de quadrinhos.
Normalmente associa-se a noção de “mercado europeu” a sua
vertente mais proeminente, ou seja, o mercado franco-belga. Nesse
sentido, diria que sua principal importância para mim está no
contacto que tive ao longo dos anos com a produção de autores como
Boucq, Schuiten, Moebius, Jacobs, Robert Gigi, etc.
As
Leituras do Pedro - Mais uma vez está de volta ao Amadora BD. O que
espera deste reencontro com os seus leitores portugueses?
Marcello
Quintanilha - Difícil dizer o que esperar, mas estou ansioso
para reencontrar o público, o país, os amigos. Amadora sempre é
uma experiência maravilhosa!
(imagens
disponibilizadas pelo editor; clicar nelas para as aproveitar em toda
a sua extensão)
Sou fã do trabalho do Quintanilha. Quamdo li "Sábado dos meus amores" fiquei impressionado com a pessoalidade que encontrei no gibi. E isso foi elevado em escala máxima em "Tungstênio". Não vejo a hora deste gibi chegar as lojas.
ResponderEliminar