Um comentário crítico a um mês aos quadradinhos
A 4 de
Janeiro passaram 100 anos sobre o nascimento de Eduardo Teixeira
Coelho e o Clube Português de Banda Desenhada vai assinalá-lo ao
longo de todo o ano com 15 exposições temáticas baseadas na obra
do grande desenhador português. Se a iniciativa do CPBD é relevante
e de louvar, ETCoelho, como tantas vezes assinou as suas obras,
merece (também) outra visibilidade, como vai ter já em Fevereiro,
com uma exposição na Biblioteca Nacional e, depois, no Festival de
BD de Beja. Fica a faltar uma boa edição, com uma boa biografia,
análises do seu percurso, algumas das suas obras e muitos dos
documentos, alguns inéditos que deixou. Alguém terá coragem de a
fazer?
Uma nota ainda para o empenho e trabalho de José Ruy para tornar
possível estas manifestações.
Amadora BD
A notícia é
recente: Nelson Dona foi substituído na direcção do Amadora BD
(ainda não oficialmente) por Lígia Macedo.
Já
integrante da anterior equipa, a nova directora recebe uma pesada
herança. Pela dimensão que o certame tem - ou teve? - e pelo estado
de descrédito com que chega às suas mãos.
Mais do que o nome - e o trabalho - de quem o encabeça, é
necessário encontrar formas de contornar a burocracia e a inércia
que nos últimos anos emperraram aquele que já foi o mais importante
festival nacional de BD.
As
(quase) unanimidades são sempre de desconfiar, mas quando, num ano
como o de 2018, em que a oferta de BD foi muita e boa, há um livro
que recolhe a quase unanimidade de prémios,
leitores,
editores,
bloggers...
no mínimo merece ser lido!
É o caso de
AfirmaPereira (G. Floy), a adaptação de Pierre-Henri
Goumont da obra homónima de Antonio Tabucchi, cujo interesse vai
muito além da qualidade do original e do facto de a acção decorrer
no nosso país.
Sugestões de compras do mês: 69,90 €
(sugestão de edições portuguesas, ordenadas alfabeticamente,
recentes, preferencialmente editadas no mês corrente)
- Jessica Jones: Sem limites, de Brian M. Bendis e Michael
Gaydos (G. Floy; 14,00 €)
- Ms. Marvel #2: Geração perdida, de G. Willow Wilson e Adrian
Alphona (G. Floy; 14,00 €)
- Starlight: O regresso de Duke McQueen, de Mark Millar e Goran
Parlov (G. Floy; 14,00 €)
- Universo Tex: Maria Pilar, de Mauro Boselli e Alessandro Bocci
(Polvo; 7,90 €)
As entradas mais vistas em Janeiro em As Leituras do Pedro
E ainda
+ Tal
como o Coimbra BD (em Outubro), também o Festival
Internacional de BD de Beja
(que é camarário...) anunciou o seu programa e os alguns dos seus
convidados com 4 meses de antecedência. Ninguém aprende com este
exemplo...?
(...)
- O
Festival de BD de Angoulême
pode
sempre dizer que os responsáveis são os autores, mas quando os três
finalistas ao Grande Prémio são Emmanuel Guibert, Chris Ware e
Rumiko Takahashi, algo vai mal. E quando é esta última a
vencedora...
Parece que o sistema precisa - pelo menos de ajustes - porque, como
apontava há dias o ActuaBD, é estranho que sistematicamente os
finalistas sejam um japonês, um americano e um francófono.
- Faleceu Alex Barbier (1950-2019), cultor da cor directa, que
repartiu a sua actividade artística entre a BD e a pintura.
(clicar nas imagens para as apreciar em toda a sua extensão; clicar
nos textos de cor diferente para saber mais sobre os temas
destacados)
"Revanchismo cultural"? Festival BD de Angouleme?
ResponderEliminarEm termos de paralelismo, relativamente ao AmadoraBD e talvez também o BejaBD, será interessante ler a Casemate deste mês e a entrevista ao diretor do festival de Solliés-Ville.
ResponderEliminarDocumento interessante relativo ao impacto económico (e não só) de "manifestações literárias" que inclui o festival de Angoulême.
ResponderEliminarNa secção 6:
« Pour 1 € de subventions versé par les collectivités du Grand Angoulême, le FIBD génère 2,3 € d’impact économique direct. »
https://www.centrenationaldulivre.fr/fichier/p_ressource/14291/ressource_fichier_fr_etude.manifestations.litta.raires.2017.12.13.ok.pdf
Seria interessante saber o impacto económico que o festival de BD trás (ou não) a Beja. E digo Beja, porque o da Amadora, devido à sua proximidade com Lisboa, não deverá beneficiar (económicamente) grande coisa.
E porque Beja é bem "mais simpático" que o da Amadora.