Chegou
ontem às bancas e quiosques nacionais Os
Maias
em banda desenhada, décimo volume da
colecção Clássicos
da Literatura em BD.
Foi
o pretexto para uma conversa com Sílvia Reig, da editora Levoir,
sobre a obra em questão e também sobre outros aspectos da colecção,
entre os quais a revelação
dos autores portugueses responsáveis pela versão em banda desenhada
de Amor
de Perdição.
As Leituras do Pedro - Como surgiu a ideia de publicar em Portugal a colecção Clássicos da Literatura em BD?
Sílvia Reig - A RTP desafiou-nos para editarmos uma colecção que atraísse as novas gerações para o mundo da leitura. A divulgação dos Clássicos da Literatura sendo sempre interessante tornava-se mais atraente por o projecto ter sido pensado e desenvolvido desde uma perspectiva diferente, mais visual e actual, neste caso em banda desenhada. A existência de um dossier pedagógico sobre o autor, o contexto histórico e da própria obra em cada volume foi também um argumento de peso para a escolha da colecção.
As Leituras do Pedro - Como tem sido a receptividade dos leitores ao projecto?
Sílvia Reig - Os leitores têm aderido muito bem à colecção. A campanha de publicidade efectuada pela RTP foi fundamental para dar a conhecer estes livros ao grande público e o arrojado design das capas desenvolvido em Portugal pelo atelier Silva Designers tem sido um dos elementos diferenciadores e chave no sucesso da colecção. Temos conseguido aproximar a nona arte a outro tipo de leitores que não os habituais, e pensamos que conseguimos tornar os clássicos da literatura mais próximos e acessíveis.
Vários títulos da colecção foram seleccionados recentemente para o Plano Nacional de Leitura (PNL).
As Leituras do Pedro - Partindo de uma colecção pré-existente franco-belga, porquê incluir adaptações de romances portugueses?
Sílvia Reig - Sendo este um lançamento editorial em Portugal quisemos ir mais longe e consideramos que era importante integrar na colecção dois clássicos portugueses.
As Leituras do Pedro - Porque recaiu a escolha em Os Maias e em Amor de Perdição?
Sílvia Reig - São duas obras de referência da literatura portuguesa, fazem parte do Plano Nacional de Leitura e Eça de Queirós e Camilo Castelo Branco são também dois grandes e conceituados autores portugueses.
As Leituras do Pedro - Como foram escolhidos os autores para estas adaptações?
Sílvia Reig - Foi um processo complicado porque é sempre difícil juntar a rapidez da escolha de uma equipa com as disponibilidades, e no caso de Os Maias, na altura tínhamos disponibilidade completa de um autor com quem já trabalhámos no passado, o Canizales, um excelente ilustrador com um estilo muito próprio e distinto, e era urgente comprometer-nos com uma equipa criativa para definir planos com a RTP. A equipa deste livro viu-se reforçada com o José de Freitas, que fez o acompanhamento do livro na sua fase inicial, e tratou da adaptação do texto.
Para o livro seguinte já tivemos tempo de fazer mais contactos com criadores portugueses; posso adiantar aqui em primeira mão que o segundo clássico português, Amor de Perdição, foi criado por uma dupla nacional, João Miguel Lameiras e Miguel Jorge.Gostava de acrescentar uma coisa: criar de raiz um livro, como por exemplo estes Clássicos que encomendámos a estes criadores, é um investimento muito grande, muito maior (incomparavelmente) do que simplesmente traduzir, legendar e pagar os direitos de um título já existente. É difícil que os volumes dedicados a clássicos portugueses que criámos se consigam rentabilizar do mesmo modo que os outros, pelo que na nossa perspectiva, tudo tem de ser equilibrado ao longo de todos os volumes da colecção. Este tipo de considerações de investimento acabam sempre também por pesar nas decisões e escolhas que temos de fazer.
As Leituras do Pedro - Há alguma perspectiva de estas versões serem publicadas no estrangeiro?
Sílvia Reig - Tentaremos publicar estes livros no Brasil ou em Espanha, mas não é fácil conseguir a publicação de obras portuguesas em BD no estrangeiro.
As Leituras do Pedro - A colecção vai ficar pelos 14 volumes originalmente anunciados, ou existe a hipótese de ser expandida?
Sílvia Reig - Em princípio deverá ficar pelos 14 volumes.
(versão integral da entrevista feita por mail que esteve na base do texto publicado no Jornal de Notícias de 22 de Agosto; esboço @canizales_books disponibilizado por Canizales; prancha e capa disponibilizadas pela editora; clicar nas imagens para as apreciar em toda a sua extensão)
O desenhador de "Amor de perdição" é Jorge Miguel (no texto surge Miguel Jorge), o autor de Shanghai Dream? Se sim, é um excelente indicador!
ResponderEliminarNão, é Miguel Jorge mesmo! É o editor (e um dos autores) da antologia regular de BD "Apocryphus". É meio maluco, mas temos de facto um Jorge Miguel e um Miguel Jorge na BD potuguesa!
EliminarExcelente a ideia de "juntar" duas obras importantes da literatura portuguesa! Lamento no entanto a menor qualidade do desenho (na minha opinião), relativamente às outras obras da colecçao.
ResponderEliminarDiogoi55 em relação ao desenho do Amor de Perdição é melhor esperar para ver antes de comentar…
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