29/11/2024

Bedeteca e Mundo Fantasma: Mercado do Contra+Free Comic Book Day+Daniela Duarte+André LIma Araújo

Bedeteca



Da angustia da página em branco…

A angústia da página em branco é sempre indutora da criatividade. Preparamos todo o material, arrumamo-lo bem na nossa mesa e – após um curto período de descrença nas nossas capacidades – temos de avançar.

Muitas páginas em branco foram preenchidas até chegarmos às nossas actividades este sábado 30 de Novembro.

(texto e imagem disponibilizados pela Bedeteca; excepcional mas propositadamente, o texto segue a formatação fornecida; clicar nas imagens para as aproveitar em toda a sua extensão; clicar sobre o texto a cor diferente para saber mais sobre o tema destacado) 

Autógrafos e conversa com André Lima Araújo

O contacto com autores que se admiram é uma actividade que nenhum bom leitor de BD quer deixar em branco. Neste sábado – além dos autores do Mercado do Contra e da Daniela Duarte – vamos ter a oportunidade de ter uma conversa com o André Lima Araújo. Um autor que, a partir do Minho, preenche as suas páginas em branco com vivas cores para a indústria norte americana do comic.

André Lima Araújo

O Autor na Cronologia da BD Portuguesa

Sessão de autógrafos entre as 15h30 e as 17h30. Conversa com o autor a partir das 18h00 na Bedeteca.


O regresso do Mercado do Contra

O Mercado do Contra (espaço de auto edição e do fanzine) traz-nos muitos daqueles que vão dedicando o seu tempo à produção e edição de BD e que encontram no contacto directo com o público uma forma de preencher outra página em branco, a da dificuldade de distribuir e comercializar o trabalho que fazem.

Das 10h00 às 19h00 nos corredores do Shopping Center Brasília


QEQTPQE?? - a colectânea da Goteira BD

O Colectivo Goteira BD tem vindo a desenvolver um intenso trabalho de dinamização e divulgação da Banda Desenhada. São as nossas parceiras no Clube do Livro da BD e editaram recentemente uma coletânea com o interessante tema / título de Quem é que tu pensas que és? (QEQTPQE??). O projecto teve apoio do programa Criatório da Câmara Municipal do Porto e nele treze autores da nova geração – incluindo as três responsáveis do colectivo, a Amargo, a Bia Kosta e a Rita Mota, mas também a nossa convidada Daniela Duarte – publicam as suas páginas que não ficaram em branco.

A apresentação do projecto e do trabalho desenvolvido é às 17h00 na Bedeteca.

Goteira BD no Instagram


A BD de Daniela Duarte - a nova exposição na Galeria Mundo Fantasma

Aprender passa muitas vezes por experimentar. A Daniela Duarte fez a Licenciatura em BD e Ilustração da Escola Superior Artística em Guimarães. A sua versatilidade cruzou-se com muitas páginas em branco e espraiou-se por algumas publicações dedicadas à BD.

A exposição que inauguramos no próximo sábado mostra tudo isso.

Tinha coisas para te dizer, mas desenhei-as - a BD de Daniela Duarte

Daniela Duarte na Cronologia da BD Portuguesa

Inauguração às 16h00 na Galeria Mundo Fantasma


Mais um Free Comic Book Day na Livraria Mundo Fantasma

O Free Comic Book Day é também uma daquelas iniciativas destinadas ao alargamento e conhecimento do mercado da BD. A prática da indústria norte americana teve inicio no ano 2001 e já há alguns anos que é desenvolvida na livraria Mundo Fantasma.

o Free Comic Book Day na página da Mundo Fantasma

A partir das 10h00 na Livraria


Uma peça do acervo

Mas o programa de actividades não pode esquecer que o centro de tudo é a Bedeteca e que esta está disponível com mais de seis mil publicações e um número infindável de páginas que um número superlativo de autores não deixou em branco. E o nosso acervo tem algumas joias, hoje raras.

O acervo da Bedeteca

Hoje destacamos esta peça:

(A Suivre) uma evocação

Fomos criados para a BD assim: liamos com entusiasmo as duas páginas da semana do nosso herói preferido e dávamos com a indicação que nos deixava frustrados, mas também expectantes: “continua”.

As revistas juvenis de BD (e os heróis a que elas davam palco) viviam dessa continuidade e, assim, criavam a apetência do leitor e garantiam a sua fidelidade.

Mas o fim dos anos 60 trouxe mexidas fundamentais e algumas diferenças nos conceitos. Os autores autonomizaram-se e recusaram algumas das regras da indústria (e assim a ampliaram e renovaram também). Primeiro com a Charlie Mensual (1969), depois com L’Echo des Savannes (1972), Fluide Glacial e Metal Hurlant (ambas de 1975), as revistas produziam-se (também) para um público adulto. O que nos convinha, pois estávamos a entrar nessa idade.

A (À Suivre) juntou essa faceta adulta a um retomar de um fôlego narrativo de fundo, menos caótico e mais estruturado, mais literário e romanesco. Os seus fundadores tinham na ideia uma obra fundamental na história de BD – A Balada do Mar Salgado de Hugo Pratt – e queriam dar aos seus autores uma liberdade de criação que lhes permitisse fazer verdadeiros romances em BD (e a colecção que a sua editora lançou para publicar as recolhas tinha mesmo esse nome “Les Romans”).

Não estávamos ainda na época do reinado das Graphic Novels mas autores como Tardi (Aqui Mesmo, Tueur de Cafards); Lob e Rochette (O Expresso do Amanhã); Schuiten e Peeters (As Cidades Obscuras); Auclair (Bran Ruz); Ted Benoit (Berceuse Electrique); Boucq (A Mulher do Mágico, Boca do Diabo, A Catedral Invisível); Blutch (Peplum); François Bourgeon (Os Companheiros do Crepúsculo); Cabanes (Cabra-Cega); Jean Claude Denis (Luc Leroi); Crecy (Leon la Came); Ferrandez (Carnets de l’Orient); Giardino (Jonas Fink); Juillard (Le Chaier Bleu); Manara (Giuseppe Bergman); José Munoz com Carlos Sampayo (Bar do Joe, Alack Sinner “roubado” ao Charlie Mensuel); Rossi (Jim Cutlass com Charlier e Giraud); Rosinski e Van Hamme (O Grande Poder do Chninkel); Servais (Terna Violeta); Sokal (Canardo) e Torres (Triton) entre muitos outros tiveram a oportunidade (ou aí encontraram um abrigo adequado para o que já faziam) de desenvolver obras em total liberdade e com dimensão substantiva.

A publicação marcou claramente o fim do século XX e nos vinte anos que durou (1978/1997) produziu algumas das mais icónicas e significativas bandas desenhadas desse fim de século, tendo também contribuído para revelar novos e interessantes autores para o novo século que aí vinha.

Com o fim da (À Suivre) é também o fim dum determinado conceito de publicação de BD popular (se bem que literária) que se descobre. A aventura “continua”, mas no ecrã mais próximo.

NOTA – no Acervo da BEDETECA existem diversos números da revista (À Suivre). Mas faltam os #0; 1; 6; 7; 8; 12; 13 e o 15. Se alguém quiser oferecer algum: bedeteca@gmail.com. Obrigado!

Para saber mais - A A Suivre na Wikipédia


Horário

A Bedeteca está aberta de Quarta a Sábado, das 15h00 às 19h00.




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