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21/05/2012

Autores portugueses mostram-se ao mundo


O que há de comum entre o Homem-Aranha, Gog Mendonça e Pizza Boy, John Carter de Marte e relatos autobiográficos? A resposta tem tanto de simples quanto de surpreendente: são desenhados por autores portugueses e estão a ser publicados no estrangeiro.
E se a publicação de autores nacionais de banda desenhada fora de portas, nomeadamente nos EUA, já não é novidade, não deixa de surpreender a simultaneidade num espaço de tempo curto de várias publicações numa mão cheia de países.

Uma delas é a nova revista “Marvel Universe: Ultimate Spider-Man”, lançada nos EUA no final de Abril e acabada de chegar às lojas especializadas portuguesas.
Baseada nas aventuras animadas do Homem-Aranha tem como um dos desenhadores o português Nuno Plati que, após diversas colaborações soltas com a Marvel, surge aqui como artista regular da revista “a desenhar uma das histórias todos os meses” tendo já 3 histórias entregues.
Plati confessa-se triplamente satisfeito porque “para além de estar a trabalhar regularmente, estou a trabalhar para um publico mais jovem, o que me agrada, porque não sou fã do chamado grim and gritty, e confesso que estar a trabalhar em algo relacionado de alguma maneira com animação, é algo que me dá bastante gozo”.
E acrescenta: “o facto de poder mostrar à minha filha daqui a um anito ou dois (ela tem 2 anos), os comics que desenho, diz-me muito. Não passam de histórias divertidas, muito light e sem o mínimo de pomposidade, e isso satisfaz me plenamente”.

Também para a Marvel trabalha Filipe Andrade, o desenhador português com maior número de obras publicadas naquela editora, cujo trabalho mais recente foi “John Carter: A Princess of Mars”, cuja edição terminou nos EUA em Março último e que serviu de introdução ao filme da Disney, baseado no universo criado por Edgar Rice Burroughs.
Andrade considera este o seu trabalho “mais importante em termos criativos, artísticos e de impacto público até hoje”, apesar de “a nível de carreira” ainda não ter tirado “grandes dividendos; veremos o que o futuro trará”.
Bem acolhido pela crítica norte-americana, os 5 tomos desta mini-série foram compilados num único volume, recentemente editado nos EUA, França e Espanha, tendo neste último país a Panini disponibilizado uma longa entrevista com o desenhador português .

Trajecto diferente é o de Dog Mendonça e PizzaBoy, personagens criadas por Filipe Melo e desenhadas pelo argentino Juan Cavia. Depois do sucesso em Portugal, onde os dois volumes com as suas aventuras editados pela Tinta-da-China já vão em 2ª edição, a Dark Horse Comics encomendou-lhes histórias curtas inéditas, “porque John Landis, o autor do nosso primeiro prefácio, enviou uma cópia do livro ao Mike Richardson, presidente da editora. Quando recebi um mail com o convite não podia acreditar e pensei sempre que algo correria mal e que não aconteceu”.
As referidas histórias curtas, inseridas nos números 4 a 7 da nova vida da revista “DHP - Dark Horse Presents” no final de 2011, tiveram boa aceitação dos leitores, o que possibilitou que no início de Junho surja nas livrarias especializadas norte-americanas “The Incredible Adventures of DogMendonça and Pizza Boy”, já “com algumas "advance reviews" que, felizmente, têm sido boas. É bom saber que estamos a ser bem recebidos e que querem mais trabalhos nossos, especialmente em tempos difíceis como estes”.
A edição brasileira correspondente, da responsabilidade da Devir Livraria, “está prevista para o fim do Verão”, devendo na mesma altura sair nos EUA "The Untold Tales of Dog Mendonça and Pizzaboy", a compilação “com as histórias escritas para a DHP”, revela Melo que adianta estar já a escrever o argumento do terceiro volume, que deverá estar pronto “para 2014”.

Finalmente, longe deste circuito mais comercial, pelo seu tom autobiográfico e intimista, apresenta-se "O Amor Infinito que tetenho e outras histórias" (da Polvo, já em 2º edição), distinguido como Melhor Álbum de 2011 pelos Troféus Central Comics e pelo Amadora BD.
Da autoria de Paulo Monteiro, que admite estar “muito feliz” e a viver “uma fase muito mágica da vida enquanto autor”, será em breve “publicado no Brasil pela Balão Editorial” e “em Fevereiro do ano que vem, no Reino Unido e na Irlanda, pela Blank Slate Books” onde Paulo Monteiro já tem “página e tudo! , caraças!!!!”
Isto, não impede que o autor, também director do Festival de BD de Beja, já esteja a “trabalhar num novo livro, que ainda não tem nome, mas será uma história com cerca de 120/130 pranchas” que pensa concluir “para o final de 2014”.

No entanto, as propostas de autores portugueses de BD para fora de portas não se esgotam nos livros apresentados.
Filipe Andrade, depois de “John Carter” e de uma paragem forçada de três meses devido a um braço partido, vai voltar “aos contactos estabelecidos em Angoulême, em Janeiro” havendo “algumas hipóteses de edição tanto em França como nos EUA”.
Jorge Coelho, que há dois anos participou em “Forgetless”, uma mini-série da Image, trabalha neste momento “para a italiana Passenger Press, em “Odisea Nera", uma BD escrita por Valentino Sergi, que será publicada em Novembro, no Festival de Lucca” e, em paralelo, desenha “a série "Suckers", a partir de um argumento de Eric Skillman”, que surgirá “primeiro em versão webcomic no site Trip City”, adiantando que “depois se verá quanto a uma versão impressa. Começará a ser publicada em Agosto e terá episódios mensais de 6/8 pranchas”.
Quanto a Ricardo Tércio, já com trabalhos publicados nos EUA e em França, dedica-se de momento “a um livro da colecção Dofus Monster, escrito por Olivier Dobbs, para a editora francesa Ankama, que deverá sair em 2013”.

(Versão revista do texto publicado no Jornal de Notícias de 21 de Maio de 2012)

15/03/2012

John Carter






John Carter (2012)
Realização: Andrew Stanton
Intérpretes: Taylor Kitsch, Lynn Collins, Samantha Morton, Willem Dafoe, Thomas Hadden Church, Mark Strong, Bryan Cranston, David Schwimmer, Jon Favroeau
Duração: 132 minutos
Distribuição: ZON Lusomundo









John Carter: A Princess of Mars #1 a #5
Roger Langridge (argumento)
Filipe Andrade (desenho)
Marvel Comics (EUA, Novembro de 2011 a Matrço de 2012)
170 x 260 mm, 32 p., cor, comic-book
$ 2,99 US




Estreia hoje nos cinemas portuguesas o filme John Carter, inspirado no romance Under the Moons of Mars, da autoria de Edgar Rice Burroughs, publicado em 1912.

Esta estreia, acontece em simultâneo com a publicação do último dos 5 números da mini-série “John Carter: A Princess of Mars”, que o português Filipe Andrade desenhou para a Marvel a partir de um argumento de Roger Langridge, que de alguma forma serviu para recordar o universo fantástico que Burroughs, igualmente criador de Tarzan, desenvolveu ao longo de 10 romances.



Na base da história, que se inicia após o fim da Guerra da Secessão norte-americana, está o capitão John Carter que, perseguido por índios tem que se refugiar numa caverna de onde – de forma díspar na BD e no filme – acaba por ser transportado para o planeta Marte (cujos habitantes chamam Barsoom).

Aí, começa por descobrir que as suas capacidades físicas foram extraordinariamente aumentadas devido à diferença de gravidade, ao mesmo tempo que vai conhecendo as diversas civilizações marcianas que caminham em passo acelerado para a extinção, num planeta árido e quase deserto onde as raras cidades ainda existentes pouco mais são do que sombras de um passado glorioso.

Capturado primeiro pelos Tharks, gigantes verdes com cerca de 3 metros de altura e dois pares de braços, Carter acaba por conhecer a bela Dejah Thoris, princesa de Hellium, por quem se apaixona e a quem vai ajudar na sua luta pela libertação e preservação do planeta.

Se é a primeira vez que o cinema se ocupa desta obra de Burroughs – depois de uma tentativa em 1966, frustrada pelos custos envolvidos – este herói já vive aventuras nos quadradinhos desde 1939, primeiro no formato comic-book, depois nos jornais, onde chegou a ser desenhado por John Coleman Burroughs, filho do romancista.

Na banda desenhada, ao longo dos anos sucederam-se as adaptações e aventuras originais, umas mais conseguidas do que outras – incluindo uma estranha derivação que juntava três criações de Burroughs: John Carter, Tarzan e os heróis de Pellucidar (um mundo interior terrestre ainda habitado por dinossauros) – onde se podem encontrar as assinaturas de Gray Morrow, Jesse Marsh, Al Williamson ou Murphy Anderson, enre outros. A versão desenhada por último foi publicada em Portugal no Mundo de Aventuras, em 1974/1975 e, posteriormente, em álbum pela Agência Portuguesa de Revistas.

Se o ponto de partida – e o de chegada também - é o mesmo para as duas versões hoje em análise, a forma como desenvolvem as respectivas histórias, os locais em que a acção decorre e as personagens que exploram apresentam diferenças significativas - o que só abona a favor da imaginação de Burroughs - devendo, por isso, ser visto/lido mais como criações complementares do que como a mesma versão em suportes diferentes.
 
À BD, assente em tons bastante sombrios e onde eventualmente poderia haver cenas com cores mais fortes, apesar de menos pormenorizada, há que reconhecer um ritmo mais elevado, graças também ao facto de entrar directamente na trama, utilizando depois sucessivos flashbacks para contar o passado terrestre de Carter. A narrativa é bem explanada pelo traço esguio e anguloso de Andrade, como habitualmente muito dinâmico embora não muito detalhado, e assenta especialmente nos diálogos entre as personagens e nos combates individuais individuais, em detrimento de cenas de conjunto mais espectaculares ou de grandes combates aéreos.

No filme, que actualiza (e bem) alguns dos conceitos originais, criados há já 100 anos – como é o caso da questão das deslocações entre a Terra e Marte - depois de uma introdução algo longa e com pouco ritmo, que narra os antecedentes terrestres do protagonista, com a chegada a Marte, o filme ganha ritmo e consegue então prender o espectador, apesar das duas horas e pouco que dura.

Comum ao traço de Andrade e ao grafismo do filme são os corpos longos e esguios dos Tharks e os seus longos dentes (presas?), muito bem utilizados numa cena em que um rival afronta Tars Tarkas, que combinam bem com a decadência que reina em Barsoom.

O mesmo já não se pode dizer das naves espaciais que os diversos povos índigenas utilizam pois, apesar de visual e aerodinamicamente interessantes - claramente inspiradas em insectos voadores – se apresentam demasiado frágeis e pouco credíveis no contexto de decadência já citado, mesmo enquanto herança de tempos passados.

Mas isto – bem como o comportamento caricatural e demasiado canino de Woola, o monstro de estimação de John Carter – são questões menores numa película que cumpre bem o papel de diversão assumido, no qual as imagens computorizadas e o 3D, sem deslumbrar, estão bem conseguidos e são funcionais, quer nas cenas mais povoadas, quer para definir a profundidade das cenas em grandes espaços abertos, contribuindo decisivamente para recriar na tela o imaginativo universo que Burroughs criou.

Sem brilhar intensamente mas também sem comprometer, os intérpretes sustentam bem os seus papeis, sejam eles os seres humanos ou aqueles gerados em computador, com destaque para os tharks cujos dois pares de braços funcionam muito bem no filme, ao contrário do que tantas vezes tem sucedido nos quadradinhos, onde frequentemente parecem um empecilho e um quebra-cabeças para os desenhadores.

Curiosamente, se a Marvel já anunciou uma sequela em BD, a mini-série “John Carter: The Gods of Mars”, por Sam Humphries (argumento) e Ramón Pérez (desenho) já para este mês, a Disney, que foi comedida na promoção do filme, tem-se mostrado mais discreta quanto a uma continuação, apesar do elevado investimento feito (cerca de 250 milhões de dólares), o que não deixa de ser algo surpreendente. Ou talvez não, porque os primeiros resultados não foram animadores, tendo o filme arrecado apenas 30 milhões nos EYA, embora de alguma forma compensados com os 70 milhões no exterior daquele mercado.

Indiscutível é que no universo criado por Edgar Rice Burroughs há muito mais para explorar.





04/07/2011

Portugueses na Marvel

Em tempos recentes – leia-se nos últimos 2, 3 anos – o facto de alguns desenhadores portugueses estarem a trabalhar – (embora) de forma (ir)regular – para a Marvel tem sido (de forma relativa) recorrentemente mediatizado entre nós (e eu me penalizo, se for caso disso, pela minha contribuição, consciente, para esse facto), podendo empolar ou dar dessa realidade uma dimensão que na verdade ela (ainda?) não tem.Mas, para início de conversa, por assim escrever, vamos esclarecer de que se fala quando falamos de Portugueses na Marvel. Ou melhor, vamos um pouco mais atrás, à pré-História dessa relação.
Até há pouco tempo, era necessário recorrer ao luso-americano Joe Madureira – filho de pais portugueses – para conseguir uma assinatura lusa (ou perto disso…) na Marvel, apesar dos sobrenomes familiares de alguns dos autores, que geralmente se descobria serem brasileiros, espanhóis, latinos ou mesmo filipinos…
Madureira, responsável pelo título Uncanny X-Men entre 1994 e 1997, dedicou-se depois a Battle Chasers (Wildstorm), uma criação pessoal que se arrastou no tempo e ficou incompleta. Trocando a BD pelos jogos, Madureira teve algumas passagens pontuais pelos quadradinhos já no final da década de 2000, tendo recentemente anunciado o regresso à editora norte-americana, num projecto para já mantido em segredo.
Depois dele, surgiu Miguel Montenegro que, entre vários trabalhos para outras editoras norte-americanas, em 2004 se tornou o primeiro português a desenhar uma capa para a Marvel, mais concretamente para a edição 51 da revista Espantosos X-Men, da Devir nacional.
Seguiu-se nova travessia do deserto (dos super-heróis com problemas) até que, em 2007, Ricardo Tércio desenhava o primeiro número de Spider-Man Fairy Tales, participando igualmente na mini-série Marvel Fairy Tales, no ano seguinte. Ambos os projectos revisitavam fábulas infantis, agora protagonizadas pelos super-heróis da Marvel, sendo que, nesta última, três dos quatro números eram assinados por autores nacionais: o já citado Ricardo Tércio e ainda João Lemos e Nuno Plati Alves.
Curiosamente, esta oportunidade surgiu – quase por acaso, daqueles que se pensa que só existem nos quadradinhos - durante uma passagem de Lemos por Angoulême, onde encontrou casualmente Joe Quesada a quem entregou o seu portefólio, o que lhe valeu receber mais tarde o convite para o projecto.
Depois disso, estes três nomes, a que se juntou, em 2010, Filipe Andrade (no seguimento de uma análise de portefólios por C.B. Cebulski), têm surgido com alguma regularidade nas fichas técnicas de diversos títulos Marvel, como pode ser verificado na relação abaixo apresentada.
Dirão alguns que foi uma questão de sorte, por estarem no lugar certo, no momento exacto – o que é inegável – mas, a esse factor aleatório, juntaram, posteriormente, a capacidade de trabalho – e o talento - que lhes permitiu responder à primeira solicitação e responder a novos desafios.
E se é verdade que os primeiros projectos eram muito específicos e até marginais na produção normal da Marvel, a verdade é que aos poucos Ricardo Tércio, João Lemos, Nuno Plati e Filipe Andrade, foram subindo e trabalhando com alguns dos principais super-heróis: Capitão América, Wolverine, Spider-M.an, Iron Man… Tem sido um percurso progressivo, em crescendo, iniciado com histórias curtas – algumas estreadas em formato digital – passando depois a projectos de outro fôlego como as one-shots X-23, Marvel Girl e a que Plati desenha actualmente com Spider-Man ou a mini-série Onslaught Unleashed, de Andrade e Tércio, ainda em curso. A par disso, há que acrescentar ainda um argumento escrito por João Lemos para Wolverine e a capa que Plati desenhou para Amazing Spider-Man Family.
Projectos ainda discretos, é verdade, mas cada vez menos.
E se a sua entrada no universo Marvel de alguma forma implica (pelo menos) uma cedência do factor artístico (durante muitos anos defendido pelos autores portugueses que tentaram publicar fora de portas) à vertente mais comercial dos heróis Marvel, a verdade é que Lemos, Plati, Tércio e Andrade não abdicaram de um traço pessoal e personalizado que, se é cedo para afirmar como uma mais-valia, é, no entanto, já, um factor distintivo.
Se o seu trabalho para a Marvel não faz ou não progredir os quadradinhos nacionais, poderá ser outra questão. No actual contexto lateral e secundária. Mas a verdade é que a sua participação na Marvel serviu para mediatizar a BD nacional. Levando-a – mais exactamente levando os seus autores – a suportes (jornais, TV, rádio…) que geralmente não lhes prestam atenção. Caberá a eles, às editoras, aos festivais – no presente (acredito que Beja vai beneficiar com esta mostra) e no futuro – tirar partido deste facto. Promovendo-os com base neles, promovendo-se à custa deles. Haja capacidade, haja visão.
Agora, o que está em destaque é este quarteto, com percursos, opções e ambições diferentes, que chegaram onde os autores nacionais nunca tinham chegado. E o sucesso (mesmo que relativo, possivelmente à medida da nossa realidade) de cada um, pelo menos para eles é positivo. Principalmente porque – cumprindo, talvez, sonhos de infância ou adolescência – já viram o seu talento e trabalho dar frutos.

Nuno Plati Alves
• Avengers Fairy Tales #2 – Created equal, 2008, desenho, arte-final e cor; argumento de C. B. Cebulski
• Amazing Spider-Man Family #8, 2009, capa
• Women of Marvel #2 – Shanna the She Devil, 2010, desenho, arte-final e cor; argumento de Mary HK Choi
• Iron Man Titanium #1 – Killer Commute, 2010, desenho, arte-final e cor; argumento de Mark Haven Britt
• X-23, 2010, desenho, arte-final e cor; argumento de Marjorie Liu
• Marvel Girl #1, 2011, desenho, arte-final e cor; argumento de Josh Fialkov
• Amazing Spider-Man #657 – Torch Song, 2011, desenho, arte-final e cor; argumento de Dan Slott

Filipe Andrade
• I am an Avenger #5 - Ant-Man: Growing, 2010, desenho e arte-final; argumento de B. Clay Moore
• Iron Man Titanium #1 - Hack, 2010, desenho e arte-final; argumento de Tim Fish
• X-23, 2010, desenho e arte-final; argumento de Marjorie Liu
• Captain America #608 a #614 - Nomad, 2010, arte-final; argumento de Ed Brubaker, desenho de Butch Guice
• Onslaught Unleashed #1 a #4, 2011, desenho e arte-final; argumento de Sean McKeever
• Avengers (American Troops), desenho e arte-final;
• Iron Man (Tony Stark), desenho e arte-final;

João Lemos
• Avengers Fairy Tales #1 – Once upon a Time…, 2008, desenho e arte-final; argumento de C. B. Cebulski
• Wolverine #1 - The Dust From Above, 2010, argumento; desenho de Francesca Ciregia
• Wolvernie #1000 – The Adamantium Diaries, 2011, desenho e arte-final; argumento de Sarah Cross

Ricardo Tércio
• Spider-Man Fairy Tales #1 – Off the beaten path, 2007, desenho, arte-final e cor; argumento de C. B. Cebulski
• Avengers Fairy Tales #4, 2008, desenho, arte-final e cor; argumento de C. B. Cebulski
• Onslaught Unleashed #1 a #4, 2011, cor; argumento de Sean McKeever
• Marvel Adventures Super Heroes #11, 2011, capa

(Texto inicialmente publicado no Splaft – Caderno da Bedeteca de Beja #08, que serviu de catálogo ao VII Festival Internacional de BD de Beja)

14/06/2011

John Carter: A Princess of Mars

A nova mini-série de Filipe Andrade para a Marvel
O português Filipe Andrade assinou contrato com a Marvel, para desenhar uma nova mini-série, desta vez uma adaptação das aventuras de John Carter de Marte, um herói criado há um século por Edgar Rice Burroughs (1875-1950), também criador de Tarzan.
Intitulada “John Carter: A Princesse of Mars” terá cinco números, o primeiro dos quais está previsto para o próximo mês de Setembro. A adaptação do romance de Burroughs está a cargo de Roger Langridge, sendo as capas da autoria de Skottie Young. Filipe Andrade, para além do desenho fará também capas variantes.
Recorde-se que depois de alguns trabalhos soltos, Andrade foi o primeiro português a desenhar uma mini-série para a Marvel, no caso “Onslaught Unleashed”, protagonizado, entre outros, pelo Capitão América, e cujo quarto e último número acaba de chegar às livrarias especializadas nacionais.
Um trabalho cujo número de vendas parece ser bom uma vez que até vai sair compilado em capa dura já em Julho” revelou o autor ao Jornal de Notícias. E acrescenta “Quando estive em Miami (na Wizard Comiccon) e em Londres (Kapow) o feedback foi muito bom, houve muito boas reacções”. No entanto, leu “também que havia muita gente a não gostar do meu estilo mais angular e até tive uma critica em formato video no Youtube. As reacções negativas sinceramente não me surpreenderam porque o meu desenho não se enquadrava nas formas dos anteriores Onslaughts. De qualquer forma fiquei espantado com o numero de vendas e criticas positivas”.
Relativamente a esta nova mini-série, implica a saída do género de super-heróis, algo que Andrade não procurou mas que reconhece que “veio em boa hora. Fazer o Onslaught foi um processo muito desgastante a todos os níveis. Eu e o Ricardo Tércio, o colorista, andávamos sempre a mil e o facto de não ser o meu género de ambientes mais cansativo se tornou. Esta história tem um universo completamente diferente e ainda mais desafiante, onde acho que posso evoluir muito como artista”.
John Carter de Marte nasceu em 1911 no romance “A Princess of Mars” e protagonizaria onze aventuras, sendo uma personagem que Andrade desconhecia: “Do E. R. Burroughs só conhecia o Tarzan, mas assim que fiz uma pesquisa rápida percebi no que me estava a meter. Facto comprovado também em conversa com os meus amigos. A história ainda não está finalizada e só li o primeiro rascunho, portanto ainda não posso adiantar mais nada”. Graficamente, o desenhador teve que fazer “designs que tiveram de ser aprovados. O ambiente extraterrestre é algo que nunca explorei ainda para mais tendo em conta que foi criado no inicio do século XX onde estes eram super exagerados. Mas acho que saiu bem pois foi tudo aprovado, pela Disney, pela ERB Foundation e pela Marvel”.
Ex-soldado da Guerra Civil norte-americana, John Carter, ao fugir de um grupo de índios, entra numa caverna onde desmaia, acordando mais tarde no planeta Marte, onde descobre que a baixa gravidade lhe proporciona uma enorme agilidade e força. Aí encontra estranhos habitantes, como os tharks, gigantes verdes com dois pares de braços, ou a bela princesa Dejah Thoris com quem acabará por casar.
As aventuras de John Carter foram por diversas vezes adaptadas em BD desde 1939, sendo que uma versão de 1972, da autoria de Murphy Anderson, foi publicada em português, primeiro no “Mundo de Aventuras” e, mais tarde, em álbum, pela Agência Portuguesa de Revistas.
Esta nova versão, de alguma forma vem preparar caminho para o filme realizado por Andrew Stanton que a Disney/Pixar tem anunciado para 2012, protagonizado por Taylor Kitsch, Bryan Cranston, Williem Dafoe e Lynn Collins. Apesar disso, Filipe Andrade afirma ter “total liberdade criativa em termos de visual e isso é um bónus a juntar a todo este projecto já de si maravilhoso”.





(Versão revista e aumentada do texto publicado no Jornal de Notícias de 13 de Junho de 2011)

19/04/2011

Onslaught Unleashed #1 e #2

Mini-série em 4 edições
Sean McKeever (argumento)
Filipe Andrade (desenho)
Ricardo Tércio (cores)
Dave Lanphear (legendas)
Humberto Ramos, Morry Hollowell, Rob Liefeld (capas)
Marvel Comics (EUA, Fevereiro e Março de 2011)
170 x 210 mm, 32 p., cor, comic-book, mensal, $3,99 US

Resumo
O rapto de Toro, um dos Young Allies, leva este grupo de super-heróis (de que também fazem parte Nomad, Spider-Girl, Gravity e Firestar) e também os Secret Avengers (Steve Rogers/Captain America, Black Widow, Moon Knight, Beast, Ant-man e Sharon Carter) até à Colômbia, onde terão de enfrentar o renascido vilão Onslaught.


Desenvolvimento
Se os comics de super-heróis não são a minha BD de eleição, são-no ainda menos quando envolvem um grande número de protagonistas, como é o caso, e argumentos com múltiplas referências cruzadas que me deixam (e a muitos mais, acredito) completamente perdido. Foi o que aconteceu com esta mini-série, sendo que terminei a leitura do primeiro número volume com a sensação de que praticamente nada se passara…
Sensação que se atenuou no segundo número, com o enredo a ganhar contornos mais nítidos, estando na sua base o regresso de Onslaught, um obscuro vilão da vasta galeria Marvel, que é a encarnação do lado negro do Professor Xavier, e que, como não podia deixar de ser, pretende vingança.
Por isso, a minha atenção – ao contrário do que é habitual – prendeu-se mais nos aspectos gráficos, entregues a dois portugueses: Filipe Andrade e Ricardo Tércio.
E, por este lado, confesso, valeu a pena. Andrade tem um traço dinâmico, com personagens com corpos longilíneos e capazes de estranhas contorções que parecem por vezes desprovidos de esqueleto interno, o que, se soa estranho lido, permite uma mobilidade extrema que faz toda a diferença neste tipo de narrativa. É verdade que os rostos são menos precisos nos detalhes, por vezes mesmo inexpressivos, mas a verdade é que o conjunto funciona bem.
Mais a mais, porque está enquadrado por uma planificação diversificada, muitas vezes com vinhetas sobrepostas ou inseridas dentro doutras, capaz de, em simultâneo, detalhar pormenores e mostrar o conjunto, o que dota a narrativa com o ritmo vivo desejado.
Quanto à cor de Ricardo Tércio, adapta-se bem ao traço de Andrade e às inflexões do argumento de McKeever, utilizando tons (geralmente escuros) diferentes para identificar a actuação das diversas personagens e contribuindo para uma maior legibilidade da história. Pessoalmente, acredito que vale a pena perder (ganhar…) algum tempo a apreciar como ele consegue destacar (quase) em cada vinheta os pontos fulcrais da acção ou os protagonistas apenas com a variação dos tons.


A reter
- O trabalho gráfico de Filipe Andrade, que assina nesta mini-série o primeiro trabalho de algum fôlego de um autor português para a Marvel.
- A cor de Ricardo Tércio.
- O bom trabalho editorial da Marvel que incluiu, no primeiro comic, oito páginas com um resumo da saga de Onslaught e, no segundo, uma entrevista com Sean McKeever.


Menos conseguido
- O argumento, algo confuso.
- As capas de Ramos e Liefeld. Sei que devem ser um contributo importante para aumentar as vendas da mini-série, mas confesso que gostaria de ver como Filipe Andrade responderia se tivesse tido a oportunidade de as fazer.

07/03/2011

Portugueses na Marvel

Lançados em meados de Fevereiro nos Estados Unidos, chegam no início desta semana, às lojas nacionais especializadas em banda desenhada importada, dois comics de super-heróis com participação portuguesa na sua autoria.
Um deles é o primeiro dos quatro números previstos de “Onslaught Unleashed”, que fica como a primeira mini-série desenhada por um artista português, no caso Filipe Andrade. Esta narrativa de Sean McKeever, um argumentista de primeira linha, que reúne o Capitão América, a Mulher-Aranha e alguns dos X-Men em novo confronto com o vilão Onslaught, conta com outro português na sua ficha técnica, Ricardo Tércio, como responsável pelas cores da publicação. Como é normal em projectos de alguma relevância da Marvel, foram feitas tiragens com capas alternativas, desenhadas por dois grandes autores da Casa das Ideias, Humberto Ramos e Rob Liefeld.
Ao mesmo tempo, chegará também “Marvel Girl #1”, uma história completa de Josh Fialkov, desenhada e colorida por Nuno Plati Alves, que narra como os poderes psíquicos da mutante Jean Grey se manifestaram após o seu namorado falecer num acidente automóvel, sendo necessária a intervenção do professor Xavier, dos X-Men, para a ajudar a controlá-los.
Entretanto, Nuno Plati Alves que, tal como Filipe Andrade, tem multiplicado as suas colaborações com a Marvel, terminou recentemente uma história curta do Homem-Aranha, estando agora a trabalhar num one-shot com o mesmo herói. A BD, de 8 páginas, será incluída na revista “Amazing Spider-Man” #657, em que, na sequência do recente desaparecimento do Tocha Humana e a sua substituição pelo Homem-Aranha, várias personagens evocam episódios que partilharam com aquele membro fundador do Quarteto Fantástico.
A participação de autores portugueses em revistas Marvel, que tem vindo a crescer nos últimos anos, geralmente leva a uma maior procura desses títulos nas lojas portuguesas, como aconteceu na Mundo Fantasma, no Porto, com “Onslaught Unleashed” e Marvel Girl #1, revelou ao JN Vasco Carmo.

(Versão revista do texto publicado no Jornal de Notícias de 27 de Fevereiro de 2011)

12/01/2011

Under Siege - Primeiro encontro

Filipe Pina (argumento)
Filipe Andrade (desenho, baseado nas personagens criadas por Bruno Ribeiro e na arte original de André Mealha)
Seed Studios (Portugal, Dezembro 2010)
115 x 185 mm, 24 p., cor, brochado

1. Ligado à banda desenhada – de forma activa – há quase 30 anos – tenho tido muitas gratas surpresas, entre contactos, disponibilidades, encontros, ofertas, convites, reconhecimentos…
2. A BD na base deste post, é mais um desses casos, nascido de um mail do Filipe Pina a dizer que tinha um exemplar de Under Siege para mim.
3. (Fosse outro o país - e a sua realidade aos quadradinhos – e os curtos 150 exemplares existentes deste livrinho, começariam já a ser disputados a preço de ouro, antecipando um potencial sucesso de Filipe Andrade na Marvel… e mais além)
4. Sabia da existência desta BD – o próprio Pina já me tinha mostrado reproduções de algumas das suas pranchas – mas desconhecia a edição.
5. Uma edição limitada, disponível em português e em inglês, de carácter promocional.
6. Porque Under Siege, a banda desenhada, é apenas – “apenas” – a apresentação, uma porta de entrada, para um projecto de maior dimensão, o jogo homónimo para PlayStation 3, de que falo mais abaixo.
7. Mas, se à partida, é só - “só” - isso, Under Siege, a banda desenhada, tem vida própria, respira só por si, chama e cativa o leitor, apesar das suas curtas 22 pranchas.
8. (Para as quais não está excluída nova vida – em versão digital ou comercial ou até uma sequela; tudo depende do sucesso do jogo.)
9. 22 Pranchas de extrema qualidade – algumas delas foram redesenhadas e pintadas várias vezes, até ficarem “perfeitas”- que deslumbram, do desenho à cor, da planificação ao dinamismo.
10. Também por isso – e porque a redução feita aos A3 originais para esta edição é muito penalizadora – aguarda com redobrado interesse a possibilidade de ver as pranchas originais – juntamente com a arte que serviu de base ao jogo – no Amadora BD 2011, depois de passarem pelo Miedzynarodowy - Festival Internacional de BD e de Jogos de Lodz, em Outubro.
11. Pelo que atrás fica escrito, olhando para estas 22 parcas pranchas, percebo perfeitamente a razão porque uma editora francófona, ao vê-las – e lê-las - propôs de imediato aos autores um contrato para três álbuns. Recusado…
12. Porque sendo um simples prelúdio de um jogo, Under Siege, a BD, é também um belo prelúdio de uma aventura (que devia ser) maior, com imenso potencial – gráfico e narrativo - em que as personagens surgem já com apreciável definição, num mundo fantástico a descobrir, onde – não custa imaginar – acção, mistério, magia e maravilhoso se vão combinar.
13. Porque o que é narrado nestas 22 pranchas, é já forte e impactante, deixa muitas pistas soltas – a começar pelo destino dos heróis que a protagonizam – e, em aberto, uma história com muito para dar.
14. E que possivelmente nunca passará disto, é verdade, deixando a perder todos aqueles que são leitores de banda desenhada. O que transforma uma das principais qualidades desta banda desenhada, também no seu maior problema.

O jogo
1. Quanto a Under Siege, o jogo, estará disponível já em Fevereiro em exclusivo através da PlayStation Network, a loja online da PlayStation 3, única consola onde poderá ser jogado.
2. A grande novidade é que se trata de um jogo totalmente criado em Portugal, pelo Seed Studios – o primeiro feito no nosso país para a PS3 - desde a fase da concepção do jogo, criação das personagens e dos cenários, animação, etc., até à sua comercialização final.
3. Outra novidade é o facto de ser o primeiro jogo de estratégia em tempo real desenvolvido de raiz para a PS 3.
4. Com nome e logótipo registados a nível mundial, pode ser jogado a solo ou online com outros jogadores e tem como principal atractivo, a par da arte cuidada e atraente e de ser fácil de aprender e de jogar, o facto de ter um editor que permite criar novos níveis e personagens que ficam de imediato disponíveis para todos os compradores do jogo.
5. O facto de ter apenas existência online tem como grande vantagem a eliminação de uma série de intermediários e custos (impressão de caixas, manufactura dos CDs, transporte desde a China, etc.), logo não existe uma tiragem finita nem necessidade de reimpressões, o que permitiu um maior controle do produto e a sua disponibilização junto do cliente final a um preço muito mais acessível: 14,99 €.
6. Embora o Seed Studios, fundado em 2006, tivesse já alguma experiência na área dos videojogos – nomeadamente a criação do “Sudoku for kids” e do Toyshop para a Nintendo DS – nunca encetara um projecto desta envergadura, iniciado em 2008, que implicou um investimento total de cerca de 1,2 milhões de euros, repartidos em partes iguais pelos sócios, financiamento bancário e por um subsídio do IAPMEI.
7. Foi um longo processo, em que no pico traba-lharam cerca de 20 pessoas, que obrigou a responder a um questionário inicial da Sony com 80 páginas, a diversas sub-contratações (música, traduções, vídeo, autores de BD), e, na fase final a quase três meses de testes por uma empresa especializada britânica para ajuste de pormenores.
8. Um processo longo, árduo e trabalhoso, que nunca antes tivera lugar em Portugal e que deu à empresa um know-how inexistente no nosso país.
9. E que, apesar de ainda não estar co-mercia-lizado, está já nomeado para duas das categorias dos prémios Prémio ZON Criatividade em Multimédia 2010.
9. Agora, à espera que o jogo fique finalmente disponível, as previsões de vendas são de 100 mil exemplares (apenas 0,15 % da população actual da PS3). O futuro de Under Siege está dependente da resposta dos jogadores e do sucesso que atinja, não sendo de excluir sequelas ou expansões.



(Versão revista, aumentada e remontada do texto publicado no Jornal de Notícias de 11 de Janeiro de 2011)
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