23/06/2010

BD nacional cresce à margem das grandes editoras – Inquérito João Tércio*


- Publicar em pequenas editoras é uma opção pessoal ou a única alternativa face ao desinteresse por parte das “grandes” editoras?
João Tércio -
É as duas coisas. No meu caso foi com grande satisfação que vi o meu primeiro álbum editado por um amigo, colega e pessoa ligada à BD portuguesa há mais de 20 anos, Pepedelrey. Alguém que sempre acreditou no meu trabalho. Aliás, estou a trabalhar num novo livro com ele mas de momento não posso adiantar pormenores; top secret!
Por outro lado, não sei se tem a ver com o efeito crise, as grandes editoras não mostram grande interesse em apostar em novos autores e preferem por enquanto dedicarem-se a reedições de clássicos e a continuar a trabalhar com os talentos já confirmados. Este ano em Angoulême não vi grandes novidades.

- Até onde conseguem chegar/que visibilidade têm estas edições?
João Tércio -
Tudo depende da capacidade de distribuição... se conseguirmos entrar no mercado brasileiro penso que a BD em língua portuguesa pode crescer muito nos próximos anos. Nos outros mercados temos de pensar em edições bilingues ou trilingues para angariar o máximo número de leitores. Mas mesmo lá fora e em países onde se consome BD como França, Itália, Espanha, o mercado varia muito. E se retirarmos a percentagem maior, que são os comics americanos e a manga japonesa, a fatia que sobra é muito pequena mas muito variável. Hoje quer-se uma BD politicamente correcta, amanhã uma viajem introspectiva de autor, e depois quer-se é erotismo kafkiano, etc...

- Nestes moldes, que futuro antevês para a BD nacional?
João Tércio -
O habitual futuro negro de autor de banda desenhada...
Penso que em Portugal é muito devido à determinação e talento dos autores se tenta revolucionar a 9ª arte, que ao longo dos anos tem sido de alguma maneira menosprezada como uma arte menor. Se esta revolução de vários estilos, cores e feitios chegará a bom porto, só a médio prazo o saberemos. Continuo a sublinhar a importância que o mercado brasileiro pode vir a ter para a BD portuguesa, porque vejo aí uma grande vontade de ler projectos novos em português.

* Autor de Março Anormal

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