Criação de Chris Carter, que conquistou mais de duas dezenas
de prémios Emmy, os “Ficheiros Secretos” tinham como protagonistas dois agentes
do FBI: Fox Mulder (interpretado por David Duchovny) e Dana Scully (Gillian
Anderson). O primeiro tinha como objectivo encontrar a irmã, Samantha, que
acreditava ter sido raptada por extraterrestres em criança, o que justificava
as suas crenças em vida fora da Terra e em fenómenos paranormais, e provocava a
sua marginalização por chefias e colegas.
Quanto à ruiva Scully, foi destacada para sua parceira para
o tentar trazer para a razão. A série vivia muito da oposição entre a crença do
primeiro e o cepticismo da segunda, que servia de base às investigações e às
interpretações dos casos que ambos tinham de investigar, pondo em causa
frequentemente as versões oficiais. Aliás, raramente – antes ou depois – a
teoria da conspiração foi levada tão longe com Mulder – e depois também Scully
– a terem de desconfiar de tudo e de todos, dos seus colegas do FBI às altas
esferas governativas.
Apesar das suas diferenças, Scully rapidamente tornou-se a
única pessoa em quem Mulder confiava e entre os dois acabou mesmo por se gerar
uma inegável atracção física que resultaria numa relação próxima e num filho.
Ao longo de nove temporadas e 201 episódios, inicialmente filmados
no clima húmido e sombrio de Vancouver, no Canadá, e depois em Los Angeles,
devido ao excesso de precipitação do local original, os dois agentes
investigaram casos estranhos, para lá dos limites do conhecimento humano, da
ciência e mesmo da razão, tornando célebres citações como “I want to believe”
(eu quero acreditar), “The true is out there” (a verdade anda por aí”) ou
“Trust no one” (não confies em ninguém).
Ao lado dos protagonistas estiveram, de forma recorrente, o
director do FBI Walter Skinner (Mitch Pileggi), dividido entre o apoio aos seus
agentes e o questionamento dos seus métodos e resultados, e o “homem do
cigarro” (William B. Davis), na dúbia posição de informador que permitia a
Mulder e Scully pequenas vitórias que os impediam de ver derrotas mais amplas.
O cansaço da série, outros projectos e uma gravidez de
Scully levaram a que um e outro, em momentos diferentes, estivessem ausentes
dos Ficheiros Secretos, “oficialmente” por ambos terem sido abduzidos. Nessa
altura Mulder foi substituído pelo agente John Doggett (Robert Patrick), que
assumiu o papel de descrente, passando Scully a ser a que acreditava.
O sucesso transpôs os X-Files para o grande ecrã, em duas
películas com os actores originais, que prolongaram a exploração dos temas bases
da série: “Fight the Future” (1998, dirigido por Rob Bowman) e “I want to
believe” (2008, Chris Carter). Recentemente, a propósito dos 20 anos da série,
surgiram rumores sobre um terceiro filme, que Duchovny, agora com 52 anos, e
Anderson, com 44, não inviabilizaram durante a recente Comic Con de San Diego.
A actriz, entre diversos projectos, maioritariamente de
produção britânica, protagonizou igualmente “Playing by heart” (1998), com Sean
Connery e Angelina Jolie, “The House of Mirth” (2000) ou “Bleak House” (2005),
estando actualmente a trabalhar em “The Fall” um drama policial produzido pela
BBC.
Quanto a David Duchovny, tem no seu currículo a participação
em mais de três dezenas de filmes menores, antes, durante e depois da sua vida
como Fox Mulder, incluindo “House of D”, que ele próprio escreveu e realizou.
Participou igualmente num episódio de “The Sex and the City” e realizou outro
de “Bones”. A partir de 2007 voltou à ribalta como Hank Moody, o escritor
maldito viciado em álcool e sexo que protagoniza “Californication”.
No final da nona e última temporada dos Ficheiro Secretos, em
2002, um dos segredos tão perseguidos era finalmente desvendado: o fim do mundo
– dando razão às antigas profecias maias – deveria ocorrer a 20 de Dezembro de
2012. Previsão que – sabemos desde há alguns meses – estava errada. Ou, então, foi
mais uma das mistificações que Fox Mulder sofreu…
A verdade (ainda) continua por aí.
A 10.ª temporada… aos quadradinhos
Em Junho último, a IDW distribuía nas lojas de BD
norte-americanas “The X-Files – Season Ten”. Era o regresso de Mulder e Scully,
20 anos depois da sua estreia, numa trama escrita por Chris Cartes e Joe Harris
e desenhada por Michael Walsh. Assumindo-se como a décima temporada da série
televisiva, tinha como ponto de partida o final do segundo filme.
No entanto, a estreia aos quadradinhos deu-se muitos anos
antes, logo em 1995, quando a Topps Comics lançou a revista “The X-Files”, em
pequeno formato e com a curiosidade – hoje – de descobrirmos na história
inaugural – “Big Foot, warm heart” – e até ao volume 16, a assinatura nos
desenhos de Charles Adlard, actual responsável da arte de “The Walking Dead”.
Ao fim de 41 números a revista terminaria, já depois de a Topps ter publicado
também a adaptação dos episódios televisivos, escrita pelo veterano Roy Thomas,
que não passaria da segunda temporada.
Para além de algumas mini-séries esparsas ao longo dos anos,
em 2010 a IDW e a Wildstorm fizeram regressar Mulder e Scully num improvável confronto
com os vampiros de 30 Days of Night, com argumento de Steve Niles.
Grande série de TV! Uma das minhas favoritas de todos os tempos. Tem episódios lendários que ainda hoje são tema de conversa com amigos que viam a série na mesma altura... como é óbvio, revendo a série em DVD passado todos estes anos, talvez nem todos os episódios tenham envelhecido muito bem. Mas há um que ainda me atormenta...quando Mulder e Scully enfrentam uma família (de mutantes?) que existe à várias gerações e se reproduzem entre si! Agora imaginem a mãe, que é guardada debaixo da cama, sem braços e pernas, a dar à luz!?!? Sim, porque ela apenas servia para isso...
ResponderEliminarRelativamente aos comics da Topps, também os coleccionei. O formato pequeno que mencionas é a edição digest que saiu também em 1995 (Dezembro), mas os comics começaram mais cedo (Janeiro), também pelo Stefan Petrucha e pelo Charlie Adlard. E a grande curiosidade, pelo menos para nós portugueses, é que o nº 1 é sobre o segredo de Fátima (Not to be Opened Until X-Mas)! Na altura até foi notícia em alguns jornais nacionais e na indústria até teve boas críticas. Penso que não será difícil de encontrar o trade que reúne os primeiros números. Também o tenho :-)
Mais curioso ainda, um dos escritores da série de TV, Vince Gilligan, tornou-se no criador de uma das melhores séries de TV dos últimos anos: Breaking Bad! Uma série fabulosa e altamente recomendável, mas nada tem a haver com o género X Files.
Olá Dinis,
EliminarAinda bem que despertei tantas lembranças boas, de alguém que conhece os X-Files bem melhor do que eu!
Também acho que alguns episódios hoje são algo datados, mas penso que no conjunto a série continua a ver-se bem, de passarmos ao lado a "pré-histórica" tecnologia nela utilizada...
Boas leituras!