Mike Grell (argumento)
Neal Adams (desenho)
Levoir/Público
Portugal, 26 de Setembro de 2013
170 x 260 mm, 160 p., cor, cartonada
8,90 €
Curiosamente, regresso à colecção Super-Heróis DC Comics que o jornal Público e a Levoir estão a disponibilizar semanalmente, com novo
volume protagonizado pelo Arqueiro Verde, depois do incontornável “LanternaVerde/Arqueiro Verde: Inocência Perdida”,
algo que não foi premeditado, mas que aconteceu naturalmente, pela qualidade
dos dois relatos e, em especial, pela surpresa agradável que este, nas bancas
até à próxima quinta-feira, constituiu para mim.
Antes da leitura do texto que se segue aconselho a introdução (bem) escrita pelo JoãoMiguel Lameiras,
que me vou abster de repetir, querendo apenas frisar dois aspectos: a
mini-série aqui compilada, datada de 1987, marca um recomeço para o Arqueiro Verde
e fica marcada pela ausência da faceta super-heróica, aproximando mais o
encapuzado esmeralda do conceito de detective/justiceiro, tal como acontece na
série televisiva “Arrow”, actualmente em exibição – aos domingos – na RTP 1.
Dito isto, entremos então nesta obra de Mike Grell - que os
leitores do Mundo de Aventuras recordarão como autor de “Warlord” - marcada por
por um grafismo que, se surge algo datado, se destaca pelo equilíbrio
contrastante combinação entre o desenho mais tradicional e vinhetas com aplicação
de cor directa, geralmente muito bem conseguidas e que marcam momentos
fundamentais da narrativa. No traço de Grell é justo destacar também o seu (quase
sempre) bom desempenho ao nível dos rostos, extremamente realistas e
expressivos.
Numa história de tom negro e pessimista, em que o Arqueiro Verde
e a Canário Negro, recém-chegados a Seatle, têm que lidar, cada um por seu
lado, com um serial killer que escolhe prostitutas como alvo, uma série de
assassinatos cometidos com flechas e com traficantes de droga, não surpreende
que o nível de violência dispare, embora seja surpreendente, isso sim, a forma
crua como ele é mostrada (bem como algumas cenas menos despudoradas), se tomarmos
em conta que estamos a falar de um comic de super-heróis norte-americano.
A tudo isto há que acrescentar uma história de uma vingança
antiga, num conjunto que se vai desenrolando a um ritmo premeditadamente lento,
que permite aos leitores percepcionarem as emoções e sentimentos que vão
perpassando pelos protagonistas, descobrindo ao mesmo tempo que eles os
contornos mais abrangentes da situação que estão a enfrentar.
Grell, enquanto narrador, desenvolve assi um relato forte,
consistente, cativante e centrado em questões (que continuam) actuais, combinando
cenas de maior dinamismo – com alguns pontos altos bem conseguidos – com as
cenas em que aprofunda o lado humano dos seus heróis, o que contribui para um grande
equilíbrio narrativo e para a credibilização de um relato que francamente
aconselho.
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