Não sendo – nem nunca tendo sido - os super-heróis a minha
leitura prioritária, a verdade é que tenho algumas preferências dentro do
género, com Homem-Aranha, Batman e Demolidor à cabeça. E também –
surpreendentemente (?,) porque o que me atrai nos outros é a sua forte
componente humana – Lanterna Verde.
A explicação, parece-me simples: li grande parte do arco escrito por Denny O’Neil e desenhado por Neal Adams na minha adolescência, no Mundo de Aventuras, e retive sempre o
tom bastante realista dessa abordagem. Abordagem pouco usual, reconheço, o que
me fez rejeitar a maior parte das histórias do herói que li posteriormente,
demasiado fantásticas e místicas para o meu gosto.
Por tudo isto, se na verdade hesitei na compra deste volume,
acabei por dar o dinheiro e tempo por bem empregues.
As razões, vêm já a seguir.
A primeira, foi a forma como Geoff Johns (re)contou a origem
do primeiro Lanterna Verde terrestre, Hal Jordan, centrando a história na sua
personalidade e nos seus relacionamentos familiares e sentimentais, tornando de
alguma forma acessória a faceta super-heróica e, consequentemente, o carácter
mais místico de que o herói geralmente se reveste.
Esta opção na construção da história, em termos pessoais, fez-me
relembrar alguns dos aspectos que a minha memória guardou do Hal Jordan
terreno, o que contribuiu para uma ligação afectiva (deixem-me escrever assim)
com o relato. E Johns foi mais longe (do que a minha memória) aprofundando a
infância de Jordan, os problemas familiares que sempre o afectaram e os
diversos encontros e afastamentos dele com Carol Ferris, reflectindo tudo isso
na acção presente como forma de justificar atitudes e opções.
Em termos estruturais, a forma com Johns gere a componente
humana – já referida - e o tom super-heróico – o recrutamento de Jordan, a
descoberta por parte dele da legião dos Lanternas Verdes e o primeiro encontro
com Sinestro - alternando entre ambos os registos, conseguindo assim fazer
avançar os dois ao mesmo tempo, enquanto mantém o leitor em suspenso sobre a
forma como as diversas situações se vão resolver, contribuiu também para uma
leitura agradável.
Finalmente – pelo menos em termos do que agora me levou a
escrever este texto - admiro o traço de Ivan Reis, realista e/ou espectacular,
consoante as necessidades da narrativa, bem servido por um colorido de encher o
olho, num conjunto que, desculpem a franqueza, surge mais próximo de um estilo
europeu do que daquele que é habitual nos comics de super-heróis.
Lanterna Verde: Origem secreta
Geoff Johns (argumento)
Ivan Reis (desenho)
Oclair Albert (arte-final)
Ramov Mayor (cor)
Levoir/Público
Portugal, 31 de Outubro de 2013
170 x 260 mm, 176 p., cor,
cartonada
8,90 €
Nota final
Com o novo (re)arranjo
do blog (ainda em actualização), as fichas técnicas dos livros que aqui vou
‘lendo’ passam para o final, para diminuir a dimensão da entrada de cada texto
e possibilitar uma navegação mais simples e abrangente. Pelo menos aos meus
olhos, funciona assim.
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