Astérix: O Domínio dos
deuses, que estreia hoje nas salas portuguesas, é a nona adaptação em
desenhos animados das aventuras do pequeno guerreiro gaulês.
A estreia no grande ecrã, embalada pelo sucesso crescente da
banda desenhada em cujas páginas René Goscinny (1926-1977) e Albert Uderzo
(1927-) o criaram em 1959, aconteceu no já distante ano de 1967, numa produção
dos estúdios Belvision, co-produtores do filme actual. No total, são já 13 as
longa-metragens do gaulês: quatro com actores reais (entre 1999 e 2012) e nove
de animação, incluindo uma história original: “Os Doze Trabalhos de Astérix”
(1976).
Neste regresso ao grande ecrã, Astérix surge pela primeira
vez em todo o esplendor das modernas técnicas 3D mas, para isso, foram
necessários meses de testes de modelagem informática e de animação até o ‘papá’
Uderzo se dar por convencido com o trabalho do Studio M6 e, em particular, dos
realizadores Louis Clichy – que trabalhou como animador para a Pixar em filmes
como Wall-E e Up! - e Alexandre Astier – realizador da série Kaamelott - e do animador Patrick Delage.
Com 3 milhões de espectadores só em França, onde estreou em
Novembro do ano passado, “O Domínio dos Deuses” demorou quatro anos a realizar.
Roger Carel, hoje com 87 anos, faz o pleno das dobragens de Astérix
na animação, secundado por Guillaume Briat (como Obélix), Lorànt Deutsch (o
arquitecto Anglaigus responsável pelo projecto), Philiippe Morier-Genoud (Júlio
César) ou Alain Chabat (que volta a Astérix depois de realizar Missão Cleópatra (2002) como voz do
senador Prospectus). Ao contrário do que é habitual, as vozes foram gravadas
antes da animação para os actores transmitirem a sua personalidade, dinamismo e
humor às personagens sem serem influenciados pelo seu aspecto. Na versão
portuguesa Manuel Marques e Eduardo Madeira, dão voz, respectivamente, a
Astérix e Obélix.
Alexandre Astier, tomou como ponto de partida para o seu
argumento o álbum O Domínio dos Deuses
(1971), no qual Júlio César tenta vencer os gauleses pela astúcia, criando uma
área urbana romana nas imediações da aldeia irredutível, esperando assim vencê-los
através dos ‘benefícios’ da civilização. Mas, se muitos dos habitantes se
deixam seduzir rapidamente abrindo peixarias e casas de antiguidades por toda a
aldeia, como habitualmente Astérix, Obélix e Panoramix não estão pelos ajustes
numa história que, para além do conseguido divertimento de tom familiar, é
pretexto para uma reflexão sobre a ecologia, o capitalismo, a sociedade de
consumo e a inexorável passagem do tempo.
(Versão revista e aumentada do texto publicado no Jornal de Notícias de 21 de Maio de 2015)
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