Termina hoje – com dose dupla, pois Mort Cinder afinal também só é distribuído neste dia – a colecção Novela Gráfica, que a
Levoir e o jornal Público disponibilizaram ao longo das últimas 11 semanas.
Termina em brasileiro, com Bando de Dois,
de Danilo Beyruth que alguns já conhecerão como autor de Astronauta: Magnetar.
A nota de imprensa e algumas pranchas
fornecidas pela editora vêm já a seguir, mas em termos de Novela Gráfica,
fiquem atentos aqui ao blog durante os próximos dias…
Dois cangaceiros, últimos sobreviventes
do seu bando, partem em busca de vingança e das cabeças decepadas dos seus
companheiros, que se encontram na posse da força militar que os derrotou, numa
aventura que os levará a enfrentar um verdadeiro exército. Bando de Dois é o
livro que relançou a aventura na banda desenhada no Brasil, num registo entre o
romance do sertão e o western spaghetti.
Em Portugal, a banda desenhada brasileira
- ou HQ, histórias em quadrinhos, como ela é chamada no Brasil - não é muito
conhecida, talvez com excepção de Mauricio de Sousa e da sua Turma da Mónica. E
por isso, vamos começar por aí: quando há uns anos atrás a Mauricio de Sousa
Produções anunciou a sua intenção de lançar uma linha de novelas gráficas com
as suas personagens, ninguém estava à espera da qualidade do material que foi
editado, e ninguém estava à espera que o primeiro volume desta colecção
ganhasse um dos mais prestigiados prémios da BD no Brasil, o Troféu HQ Mix.
Ninguém em Portugal, isto é, já que o autor desse volume, Danilo Beyruth, ainda
é desconhecido no nosso país. Astronauta: Magnetar, esse livro da colecção Graphic MSP, valeu-lhe em 2013 o seu
segundo troféu como Melhor Desenhador, mas Bando de Dois, o livro que têm em
mãos, tinha já anteriormente ganho os Prémios de Melhor Desenhador, Melhor
Roteirista e Melhor Edição Especial em 2010.
Nascido em 1973, Danilo Beyruth é uma das
revelações da banda desenhada brasileira recente, e vem de uma formação em
desenho industrial e de uma carreira na publicidade. Mas a sua paixão pela BD
levou a que cada vez mais se interessasse pelo meio, e a cursar várias
formações: uma ministrada por Octávio Cariello (um desenhador brasileiro com
muito trabalho feito também nos EUA, para a DC e Marvel, entre outros), na
escola de artes Quanta Academia; e outra na escola Joe Kubert. Em 2007 lança a
sua personagem O Necronauta, inicialmente auto-editado em pequenos fanzines,
mas que cedo começou a granjear popularidade entre os leitores e passou a ser editado
em revistas e na net. Danilo vai tornar-se rapidamente num dos grandes nomes
dos "quadrinhos". Depois de obter um apoio da Secretaria de Estado da
Cultura de São Paulo (o programa ProAC), produziu o seu primeiro romance
gráfico, este Bando de Dois, lançado em 2010, e que viria a ganhar os Troféus
HQ Mix desse ano e a firmar o seu nome como um dos mais importantes autores de
BD brasileiros da actualidade.
Bando de Dois é a história de Tinhoso e
de Caveira de Boi, os últimos dois sobreviventes de um bando de cangaceiros que
foi massacrado pelos polícias da volante (como eram designadas as unidades de
combate aos cangaceiros) do Major Honório, que corta as cabeças dos cangaceiros
mortos e leva-as com ele como troféus. Depois de uma visão sobrenatural, Tinhoso
decide partir em busca das cabeças dos seus companheiros, e começa aqui a
grande aventura, no mais puro estilo western spaghetti, adaptado ao ambiente do
sertão brasileiro.
Os cangaceiros ocupam um lugar especial
na história e no imaginário do Brasil. Misto de salteadores e guerrilheiros
revolucionários, o "cangaço" começou como uma luta contra a
precariedade da vida no sertão, contra a injustiça, a falta de trabalho e a
falta de terras. Bandos de camponeses pobres erravam pelos sertões do nordeste brasileiro,
roubando e assaltando as grandes fazendas dos proprietários ricos, e
enfrentando as suas forças mercenárias, os célebres "jagunços",
sempre com algum apoio e popularidade junto das populações mais pobres dessas
áreas. O cangaço tornou-se num dos grandes temas da literatura de cordel no
Brasil, e os cangaceiros muitas vezes eram mostrados como verdadeiros heróis.
No final dos anos 1930, o presidente do Brasil, Getúlio Vargas, decidiu
erradicar finalmente o cangaço, e empenhou as forças federais nessa luta. É
este ambiente duro e violento, que Danilo Beyruth vai retratar com grande
dinamismo e eficácia, e com alguma ponta de humor e espírito poético, em Bando
de Dois.
O presente volume segue a edição
brasileira da Zarabatana Books, sem modificar o texto ou adaptar para português
de Portugal (apenas apresentando algumas notas explicativas referentes a alguns
termos de gíria menos conhecidos no nosso país). Inclui um prefácio de Sidney
Gusman, um dos nomes históricos dos quadrinhos, jornalista, sete vezes vencedor
de Troféus HQ Mix e editor-chefe do site Universo HQ, o principal site de
divulgação de banda desenhada do Brasil.
Bando de Dois venceu os seguintes prémios
de banda desenhada no Brasil:
Prémio Angelo Agostini Melhor Lançamento
2010
Melhor Desenho, Melhor Argumento e Melhor
Edição Nacional, Troféus HQMix 2011
Melhor BD Nacional 2010, Prémio
UniversoHQ
Bando
de Dois
Danilo
Beyruth
21o
x 280 mm, capa dura, 96 p. a preto e branco
9,90
€
Boa tarde!
ResponderEliminarNão percebi.
Hoje saem dois livros?
Boa tarde Daniel,
ResponderEliminarNão é hoje, é amanhã, quinta-feira, 7 de Maio, que saem dois livros: Mort Cinder (que desde o início estava agendado para hoje, dia 6) e Bando de Dois.
A razão é que a nova colecção de BD do Público estava prevista para começar na próxima semana. Entretanto, houve um atraso e vai ser necessário esperar mais algum tempo.
Boas leituras!
Olá boa tarde,
ResponderEliminarPode-se saber qual é a nova colecção de BD do Público?
Será Ric Hochet?
Conto dar notícias sobre a próxima colecção na próxima semana.
EliminarBoas leituras!
Bom dia Pedro,
ResponderEliminarMas ontem, por acaso, quando fui à loja onde sempre comprei os livros, e a sra. não tinha nenhum, ainda verificámos que, na capa do jornal, estava lá a publicitar que saía naquele dia o livro Mort Cinder.
Aparentemente, segundo percebi agora, adiaram para hoje a entrega dos dois livros e não se lembraram de corrigir a capa ou já não foi a tempo.
Pronto, o que interessa é que, provavelmente, hoje (Quinta-Feira), tenho os dois livros finais à minha espera, certo?
Boa noite, será que vamos ter mais Novela Gráfica. Cumprimentos
ResponderEliminarCaro Paulo Pereira,
EliminarA forma como a colecção foi acolhida - ou seja, as vendas que teve apesar de alguns profetas da desgraça - parece indicar claramente que existirá uma "Novela Gráfica II". Não será é tão rapidamente como muitos de nós desejaríamos, pois há leitores de outros géneros que é necessário satisfazer...
Boas leituras... até lá!
Boas Pedro
ResponderEliminarAcho que seria interessante, agora que a colecção acabou, saber se afinal foi um sucesso, um fracasso ou se se ficou a meio. Será que as ''aves de mau agoiro'' do post inicial do Pedro em que anunciava a colecção, estavam certas ou erradas? Será que os ''profetas da desgraça'' que duvidavam do sucesso de uma colecção deste género, que lamentavam não terem mais uma serie de livros de super-herois para comprar, que não viam sequer grande qualidade nas escolhas, não acertaram nas previsões? Seria interessante saber afinal se esses ''velhos do restelo'' que apelidaram este lançamento de muito fraco tinham toda a razão ou se afinal banda desenhada de grande qualidade e variedade tem espaço no nosso país...
Cumprimentos
Caro Anónimo,
EliminarO texto que vou publicar daqui a pouco - escrevo às 11h de 11 de Maio - aqui no blog de alguma forma responde às suas questões e por isso remeto-o para a sua leitura.
Resumidamente, segundo as informações que pude recolher e que dizem respeito apenas a sensivelmente à primeira metade da colecção, as vendas estiveram acima das expectativas moderadas da editora.
Boas leituras!