12/11/2015

Esquadrão da Luz















Este é o relato de como uma obra na qual depositava grandes esperanças, se revelou uma desilusão que acabou por se transformar numa boa surpresa.

As nossas preferência e inclinações estão relacionadas – acredito eu – com a nossa educação, a época e o meio onde crescemos, os livros, filmes, (hoje em dia) jogos que nos marcaram ou com os quais nos iniciámos. Sem que saiba ao certo como este ‘mecanismo’ funciona, tenho maior inclinação para o western, a aventura, o policial e a temática bélica associada à II Guerra Mundial do que para outros registos.
A edição desta obra, cuja acção decorre em 1944, em território belga, foi uma boa notícia, até pelas poucas oportunidades de leituras que tenho tido, pois o tema – tal como o western - é, nos nossos dias, naturalmente, pouco abordado.
O início da sua leitura, com os restos de uma companhia norte-americana perdida num cenário gelado e coberto de neve parecia confirmar as minhas expectativas, com o tom bélico de braço dado com o humano, pois Chris Stavros, um dos protagonistas, acaba de receber a notícia da morte da mulher e do internamento do filho num orfanato e só pensa em desertar para o ir buscar.
No entanto, essas expectativas rapidamente pareceram gorar-se quando o destacamento norte-americano é atacado por uma companhia de zombies nazis e o enredo pareceu ‘descambar’ para um tom místico e sobrenatural que, como a ficção científica, está longe das minhas prioridades.
Na verdade, o que eu esperava como um relato de guerra – puro e duro – assumia contornos mais gerais, num confronto – literalmente eterno – entre bem e mal, com demónios, anjos caídos e arcanjos, um centurião romano a penar pela eternidade por ter trespassado Cristo e um grupo de monges guardiões d(e todos) os artefactos e relíquias da cristandade.
Mas, a verdade é que, com o passar das páginas, a história me prendeu, o seu tom épico sobrepôs-se ao (meu) desalento, aconchegando a temática bélica e, apesar de alguma previsibilidade o desfecho (uma vez lá chegado) consegue surpreender e a forma como tudo decorre até chegarmos a ele, encheu-me (suficientemente) as medidas pare recomendar a  sua leitura. E que serve de prova de como uma boa obra, se impõe para lá de gostos, preferências ou géneros.
A tudo isto não é de todo imune o bom grafismo do dinamarquês Peter Snejbjerg, senhor de ‘uma linha clara suja’ que brilha nos cenários cobertos de neve que predominam em Esquadrão de Luz e que revela um dinamismo e uma capacidade de composição das pranchas que fazem com que as cenas épicas das batalhas se destaquem e nos entusiasmem.

Nota final
Apenas para relembrar que o desenhador deste livro, Peter Snejbjerg, vai estar presente na Comic Com, em Dezembro, na Exponor, a convite da G. Floy.

Esquadrão da Luz
Peter Tomasi (argumento)
Peter Snejbjerg (desenho)
G. Floy Studio
175 x 265 mm, 216 p., cor, capa dura.
ISBN 978-84-16510-03-0
PVP: 14,99€

2 comentários:

  1. Comprei-o hoje, aproveitando o desconto de aderente na FNAC, e devo dizer: Há muito tempo que não lia uma HQ tão boa, e que entusiasmasse tanto.
    Bem escrita, bem desenhada, li-a de uma assentada, e tenho a certeza de que a vou reler bastantes vezes. Gosto bastante de histórias sobre a II Guerra Mundial,ainda para mais com esta forte componente sobrenatural: o "The Keep" do Michael Mann é um dos meus filmes favoritos, e a leitura deste livro trouxe-me esse filme à memória.
    Aconselho fortemente esta leitura, ainda para mais tendo em atenção a grande qualidade da encadernação,do papel,da impressão,da tradução,tudo a um preço bem razoável... Enfim, uma grande edição, e a GFloy está de parabéns, não só por este livro, mas também por tudo o que tem publicado no nosso país. Espero que o seu projecto continue a ter pernas para andar.

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    Respostas
    1. Tudo parece indicar que sim, Digital Desesperado.
      E reitero que Esquadrão da Luz é uma bela edição e uma bela obra.
      Boas leituras!

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