26/04/2016

Jonathan


Jonathan é o protagonista da nova colecção de banda desenhada ASA/Público, que começa amanhã a ser distribuída com o jornal.
No total serão 10 álbuns, de capa mole com badanas, ao preço habitual de 5,50 €.
Breve apresentação da série, com informação bibliográfica, original e portuguesa, já a seguir.

Jonathan, criação do suíço Cosey (Bernard Cosendai, 1950-), estreou-se nas páginas da Tintin belga a 4 de Fevereiro de 1975.
Distinguiu-se de imediato da maioria das outras séries em publicação, maioritariamente centradas na aventura de características juvenis ou no humor, pelo seu tom introspectivo e humanista e por constituir antes de tudo um hino à amizade.
Com os Himalaias gelados como cenário das primeiras histórias, estas revelaram-se viagens iniciáticas e místicas, com Jonathan em busca de si mesmo do seu papel.
Para o complementar, Cosey rodeou-o de personagens fortes e marcantes, como a pequena tibetana Drolma, Neal e o seu amigo invisível Sylvster ou a bela Kate, por quem se apaixonará, tendo cada um deles participações palpáveis mas também simbólicas.
A mudança temporária para os Estados Unidos (em dois álbuns, esquecidos pela presente colecção), permitiu a Cosey, sem se afastar dos grandes espaços que parecem tornar Jonathan ainda mais pequeno, continuar a explorar enquadramentos originais, diversificados e audaciosos.
Na primeira fase da série, os primeiros nove episódios tiveram pré-publicação na revista Tintin até 1983, seguindo-se ainda mais dois títulos lançados directamente em álbum, em 1985 e 1986.
Jonathan regressaria, numa segunda vida, a partir de 1997, mas com as suas preocupações – e também as de Cosey, de quem a personagem foi sempre, de alguma forma, um reflexo – mais centradas nas questões políticas que opunham o Tibete e a China, e com a repressão violenta que este último país exerceu sobre o território dos monges que o (anti-)herói percorreu várias vezes.
Jonathan tinha sido publicado em Portugal na revista Tintin e num dos volumes da colecção Clássicos da Revista Tintin.
Agora, com a presente colecção, como começa a ser um (mau) hábito, volta a perder-se a oportunidade de completar a série em português, ficando por traduzir apenas quatro episódios - #8, #10 a #12 -  o que se lamenta. No  mínimo, deveria ter sido feita a opção de editar os primeiros 11 tomos da série original, pois, segundo quem a conhece integralmente, a omissão dos ‘episódios americanos’ - Oncle Howard est de retour e Greyshore Island - é lamentável, pois estão directamente relacionados com os anteriores e o primeiro marca até o regresso de Kate à vida de Jonathan.

A bibliografia e a colecção

27 de Abril
#1 Lembra-te, Jonathan…
#1 Souviens-toi, Jonathan
46 p., 1975
Publicado em Portugal na revista Tintin
Lembra-te Jonathan…
#20 a #42, 9.º ano, 1976

4 de Maio
#2 E a Montanha Cantará para Ti
#2 Et la montagne chantera pour toi
46 p., 1976
Inédito em Portugal

11 de Maio
#3 Descalça sob os Rododendros
#3 Pieds nus sous les rhododendrons
46 p., 1977
Publicado em Portugal na revista Tintin
Pés descalços sob os rododendros
#32 a #45, 10.º ano, 1977

18 de Maio
#4 O Berço do Bodisatva
#4 Le Berceau du Bodhisattva
46p., 1977
Publicado em Portugal na revista Tintin
O berço de Bodhisattva
#17 a #38, 11.º ano, 1978

25 de Maio
#5 O Espaço Azul entre as Nuvens
#5 L'Espace bleu entre les nuages
46 p., 1978
Publicado em Portugal na revista Tintin
O espaço azul entre as nuvens
#39, 11.º ano a #9, 12.º ano, 1979

1 de Junho
#6 Douniacha, há quanto tempo…
#6 Douniacha, il y a longtemps…
46 p, 1979
Publicado em Portugal na revista Tintin
Douniacha, há muito tempo atrás
#24 a 44, 12.º ano, 1979

8 de Junho
#7 Kate
#7 Kate
46 p., 1980
Alfred para o Melhor Álbum no Festival de Angoulême, 1982
Publicado em Portugal na revista Tintin
#39 a 48, 13.º ano, 1981

#8 Le Privilège du serpent
46p., 1981
Não incluído na presente colecção
Publicado em Portugal na revista Tintin
O privilégio da serpente
#44, 14.º ano a #12, 15.º ano, 1982

15 de Junho
#8 Neal e Sylvester
#9 Neal et Sylvester
46 p., 1982
Inédito em Portugal

#10 Oncle Howard est de retour
46 p., 1985
Não incluído na presente colecção
Inédito em Portugal








#11 Greyshore Island
46 p., 1986
Não incluído na presente colecção
Inédito em Portugal

#12 Celui qui mène les fleuves à la mer
56 p., 1997
Inédito em Portugal
#13 La Saveur du Songrong
62 p., 2001
Publicado em Portugal na colecção Clássicos da Revista Tintin (ASA/Público)
O Sabor do Songrong
Volume #3 - Jonathan, 2009
#14 Elle ou dix mille lucioles
48 p., 2008
Selecção Oficial do Festival de Angoulême, 2009
Publicado em Portugal na colecção Clássicos da Revista Tintin (ASA/Público)
Ela ou Dez Mil Pirilampos
Volume #3 - Jonathan, 2009

22 de Junho
#9 Atsuko
#15 Atsuko
54 p., 2011
Inédito em Portugal

29 de Junho
#10 Aquela que foi
#16 Celle qui fut
54 p., 2013
Inédito em Portugal








(capas da colecção fornecidas pela editora; capas francesas recolhidas no site das Éditions du Lombard)
(Fontes: Larousse de la BD (2004), de Patrick Gaumer; Inventário da Revista Tintin, de José Vítor Silva; site BDPortugal)

9 comentários:

  1. Pena que se perde a oportunidade de ter a coleção completa, com os 3 albuns que ficam por publicar em português.

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  2. Viva, Pedro Cleto

    Eis um texto informativo de excepcional qualidade.

    Um abraço.

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  3. Entendo que para quem se dedica e entrega totalmente na edição destas colecções, não será muito simpático e é desmotivador receber criticas. Mas todos nós somos clientes de algo! Logo todos nós já criticámos, reclamámos, etc. Sempre fui apologista no meu dia a dia, que após pensar em algo e passar ao desenvolvimento de um projecto, já recolhi opiniões dos meus clientes finais, sejam eles colegas, empresas, etc, caso contrario o projecto morre por não ter receptividade r com ele a minha vontade em fazer mais. Dito isto , porra pah (!!), esta obra será mesmo algo que nós, os clientes, um nicho, mais desejariamos?? E assim sendo, não seria interessante torná-la mais apelativa editando-a integralmente e evitando as capas moles que me irritam. Sim, provavelmente vou comprar, no entanto, pela primeira vez, hesito. A banda desenhada franco belga está defunta no nosso país. Abraço

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    Respostas
    1. Olá Diogo,
      Todos temos direito à nossa opinião assim como todos temos o dever de respeitar a opinião dos outros. Tu, eu, muita gente, preferíamos livros duplos, de capa dura, com extras... A ASA prefere, livros simples com capa mole...
      Não sei se essa será a razão, mas parece que o Thorgal não correu muito bem.
      Jonathan é uma série muito bem referenciada. Estas colecções podem - devem? - também passar por aí: propor coisas novas aos leitores. Mas, no final, o que conta é a resposta deles. A nossa resposta.
      Boas leituras!

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    2. Thorgal foi para mim a melhor série, a par de XIII, editada pela Asa! Nao sabia que não tinha corrido bem...no entanto, se a Asa entende que tem capacidade para "inovar" e contrariar as tendencias e preferencias dos seus clientes, entao nao percebo nada disto!!! Abraço!!

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  4. Eu não conhecia o autor ou a «série». Ontem comprei e li o primeiro álbum, e gostei. Por isso irei optar pela lista mais recheada de títulos de maior qualidade entre o rol da colecção: 1-5, 7 e 8. (ao tempo em que vi o lançamento anunciado pedi a fonte segura que me desse lista com os melhores títulos, e recebi duas: uma com mais e outra com menos itens)
    Gostei particularmente da arte, que soube transmitir de modo não verbal todo um mundo de contemplação naquele regresso incerto do protagonista.

    Desconhecia a incompletude da publicação relativamente ao efectivo número de títulos existentes. Mas é também por este tipo de informações (e abordagem de tais temas) que frequento este blog.

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    Respostas
    1. Rita,
      Obrigado pela partilha e pela 'frequência'!
      Se gostou do Jonathan, do Cosey sugiro-lhe três outras obras editadas em português: Em busca de Peter Pan (http://asleiturasdopedro.blogspot.pt/2015/04/em-busca-de-peter-pan_20.html), um dos títulos da colecção Novela Gráfica, Viagem a Itália (Meribérica, 2 volumes) e Orchidea (edição Witloof, que ainda há poucos dias estava a 3 € nas lojas Jumbo!).
      Boas leituras!

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    2. Este comentário foi removido pelo autor.

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