Oferta mais recente da revista Visão, na sua colecção Clássicos da Banda Desenhada, esta
reprodução do Cavaleiro Andante #510
é, possivelmente, a mais interessante de todas que a integraram.
Os problemas desta colecção foram já por demais debatidos e
comentados, neste e noutros espaços, e podem ser resumidos facilmente: é uma
edição que não pagou direitos de autor, definida sem critério, nexo nem textos
de apresentação.
Nesse panorama, este exemplar do Cavaleiro Andante acaba por destoar, desde logo porque data de
1961, entre 10 a 17 anos antes das restantes revistas incluídas na colecção (porquê?)
e revela algumas curiosidades sobre a forma de editar de então, começando por
uma das mais salientes, hoje impensável: a alternância entre páginas e pb e a
cores, para diminuição de custos, o que leva a que a mesma história possa ser
reproduzida das duas formas!
Para além disso – a par do Mundo de Aventuras (em fase de mudança no exemplar disponibilizado)
e do Jornal de Cuto (em menor
dimensão) – o Cavaleiro Andante foi um
dos títulos mais importantes do jornalismo infanto-juvenil português. E, apesar
de aqui, dirigido por Adolfo Simões Müller, estar próximo do seu final –
terminaria no #556 – atravessava uma fase bem interessante, maioritariamente
alimentada no mercado franco-belga, com a publicação neste número – de
transição entre séries, com algumas a terminar e outras a começar - de séries
como Jean Valhardi (uma das criações do grande Jijé, aqui rebaptizado… João
Valente), Astérix e Blake e Mortimer, que dispensam comentários.
Os dois primeiros, aliás, estreavam-se na revista neste
número – a meio da história… -, ‘importados’ do recém-extinto Foguetão, embora isso nunca seja referido,
embora duas páginas completas (!) fossem utilizadas para introduzir os dois
heróis e resumir as pranchas (15 e 14, respectivamente) já mostradas na
anterior publicação.
Fica o registo, em jeito de curiosidade…
Cavaleiro Andante #510
(reprodução, com dimensão diferente da revista original, publicada a 7 de Outubro de 1961)
Visão
Portugal, 14 de Abril de 2016
190 x 260 mm, 20 p., pb e cor, capa mole
Grátis com a revista #1206 (3,00 €)
Mais uma vez parabéns pelo blog Pedro!
ResponderEliminarÉ o blog que mais vezes visito, pelo menos uma vez por dia e aquele que mais gosto a par do "acrisalves". As análises que fazes aliadas às novidades deste mundo da banda desenhada em Portugal faz com que venha cá sempre deitar um olho.
Agora aquilo que pode ser considerado uma dica, estava aqui a ler coisas mais antigas no blog e dei uma vista de olhos na rubrica "Estantes" na qual a última publicação data de 2014. Acho que com tantas boas edições de banda desenhada desde essa data podias fazer um novo post com uma bela atualização :D de qualquer forma obrigado pelo conteúdo produzido neste maravilhoso blog.
Obrigado Leitor de BD, este tipo de comentários dão força para continuar a fazer este trabalho.
EliminarQuanto às Estantes, é verdade que foram rearrumadas desde essa data e talvez voltem qualquer dia...
Boas leituras
Creio que juntamente com o Tintin, o Cavaleiro Andante foi e ainda é uma das mais importantes edições do género em Portugal. À parte de um contexto histórico/politico, a BD em Portugal ainda não fez a devida homenagem a um grande visionário e editor, Adolfo Simões Muller. O Diabrete, O Foguetão ( aquela dimensão incrível e arrojada para a época) o Cavaleiro Andante e muitas outras edições criaram em muitos de nós o gosto pela 9ª arte. Se ainda hoje se vende por esses leilões e alfarrabistas todas estas colecções é sinal da sua importância cultural e social.
ResponderEliminarSem dúvida Paulo Pereira, embora a essa lista acrescentasse o Papagaio e o Mundo de Aventuras.
EliminarBoas leituras!
Claro que sim. O Mundo de Aventuras entrava na minha casa pela mão do meu pai. Um pouco escondido pois essas leituras, segundo a minha mãe, tiravam horas ao estudo. Era o malandro do Mandrake, do Fantasma, o Cisco Kid. Noites longas de leitura. Se hoje tenho um gosto imenso por BD deve-se a eles. Culpados? Sem duvida. E ainda bem. Abraço e continuação...
ResponderEliminarPaulo,
EliminarCresci com o Mundo de Aventuras, comprado semanalmente pelo meu pai, que também o lia e com quem ainda partilho as leituras aos quadradinhos.
Mundo de Aventuras lido e relido abertamente, em conjunto com tudo - BD ou não - que me vinha às mãos, fosse noite, manhã ou tarde!
Boas leituras!