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18/08/2022

Os Quadradinhos de Müller, 52-82

Enciclopédia...


Adolfo Simões Müller foi, possivelmente o mais importante director de publicações infanto-juvenis que este país teve e a comprová-lo estão títulos como o Papagaio, Diabrete, Cavaleiro Andante, Foguetão ou Zorro que, durante décadas, proporcionaram o melhor da banda desenhada (com predominância da franco-belga) aos leitores portugueses.

Depois das obras monográficas dedicadas às duas primeiras revistas referidas, José Azevedo e Menezes reuniu neste volume reúne as outras a que Müller se dedicou.

19/04/2016

Cavaleiro Andante #510









Oferta mais recente da revista Visão, na sua colecção Clássicos da Banda Desenhada, esta reprodução do Cavaleiro Andante #510 é, possivelmente, a mais interessante de todas que a integraram.

05/01/2012

Cavaleiro Andante nasceu há 60 anos


A 5 de Janeiro de 1952, um sábado, surgia pelas primeiras vez nas bancas portuguesas o “Cavaleiro Andante”, um dos mais importantes títulos do jornalismo infanto-juvenil português.
A nova publicação vinha retomar o “combate” com o Mundo de Aventuras, ocupando o lugar deixado vago pelo Diabrete uma semana antes, por isso, ao contrário do habitual, havia quase uma sucessão pacífica, com títulos e colaboradores a passarem de uma para a outra.
Era o caso de Fernando Bento (1910-2010) que trazia para a nova revista o seu estilo elegante e personalizado, assinando logo no número inaugural as primeiras páginas de Beau Geste, baseado no clássico de Percival C. Wren, uma das suas mais conseguidas criações, e também a capa, com um cavaleiro de armadura montado num fogoso corcel.
Essa mesma capa, que anunciava 20 páginas e 12 aventuras ilustradas pelo preço de 1$80, referia já dois dos aspectos que seriam recorrentes ao longo dos seus 10 anos de existência: separatas para construir (no caso, um jogo de “Oquei em patins” – sic!) e concursos, sendo oferecido aos leitores um rádio Philips por semana!
A revista distinguiu-se também pelas construções de armar e pelos suplementos que acolheu: “Pajem”, para os mais novos, “Andorinha”, para as meninas, “Desportos e “Bip-Bip”. Em paralelo, até 1963, lançou a colecção “Álbum do Cavaleiro Andante”, que teve 107 números publicados com histórias completas, antecipando uma moda que se viria a impor, bem como alguns números especiais e de Natal.
No número inaugural do Cavaleiro Andante, para além de Bento, o destaque ia para dois autores que marcariam a publicação: o italiano Franco Caprioli, autor de algumas das mais belas adaptações de clássicos da literatura, e Hergé com “Tim-Tim no templo do Sol”.
Ao longo dos anos, surgiriam outros nomes grandes das histórias aos quadradinhos europeias e norte-americanas: Macherot (Chlorophille), Jijé (Jerry Spring), Cuvelier (Corentin), Goscinny e Uderzo (Astérix, recuperado do entretanto extinto Foguetão) ou Tufts (Lance, rebaptizado “Flecha”, actualmente reeditado em álbum em Portugal), as estreias de Edgar P. Jacobs (Blake e Mortimer), Morris (Lucky Luke), François Craenhals, Bob de Moor, Jean Graton (com Michel Vaillant, aliás Miguel Gusmão!) ou Tibet, bem acompanhados pelos portugueses José Garcês, Artur Correia ou José Ruy.
Fruto da época que então se vivia e da pressão crescente da censura (e da auto-censura), a maior parte deste material vinha das melhore revistas católicas franco-belgas e italianas, obedecendo “a uma probidade e sensatez absolutas”, como escreve A. Dias de Deus em “Os Comics em Portugal”.
A sua selecção esteva a cargo de Adolfo Simões Müller (1909-1989), anteriormente responsável pelo Papagaio, Diabrete ou Foguetão que, ainda segundo Dias de Deus, soube conciliar “as preferências da juventude” com “os condicionamentos impostos pelas normas de educação dita formativa”.
O Cavaleiro Andante, que também se destacou pelo bom papel e impressão, terminaria no nº 556, a 25 de Agosto de 1962, registando uma mudança de formato no nº 327 e a crescente preferência por histórias completas na fase que corresponde ao seu declínio e fim.


Hoje em dia, uma colecção completa deste título, segundo alguns especialistas, poderá valer entre três e quatro mil euros, dependendo do seu estado e da pressa do comprador. Isto porque, quem tiver tempo e paciência poderá encontrar muitos dos números da revista em leilões online ou em feiras de usados. Como é habitual nestes casos, os números mais raros são os primeiros, mais antigos, os últimos, quando a tiragem era mais baixa, e os que correspondem à mudança de formato, pois nesses a tendência para se deteriorarem era maior. Por isso, não se surpreenda se lhe pedirem até 100 euros pelo Cavaleiro Andante nº 1 ou o dobro daquele valor pelo nº 556.

19/04/2010

Quadradinhos que valem milhares

Se em Portugal não há edições que atinjam o milhão e meio de dólares pagos há dias pela Action Comics #1 onde nasceu o Super-Homem, colecções de títulos marcantes como o Papagaio, o Mosquito, ou o Cavaleiro Andante podem render alguns milhares de euros.
Para fazer uma estimativa desses valores, o Jornal de Notícias contactou alguns dos principais livreiros do sector, que desde logo salvaguardam as devidas (e enormes) distâncias existentes entre o meio nacional e o norte-americano, a todos os níveis. O que não quer dizer que alguns títulos não façam alguns perder a cabeça em negócios que podem chegar às dezenas de milhares de euros. Por isso um coleccionador, para além de ter sempre disponíveis “uns trocos no bolso”, o que é complicado em tempos de crise, tem de ser dotado de grande paciência num negócio em que não há cotações fixas, pois estão dependentes do estado de conservação das peças, da oferta e da procura.
Assim, por exemplo, uma colecção completa do Papagaio (722 números), bastante difícil de se encontrar, pode valer uns 5 mil euros, revelou José Manuel Vilela, da Livraria do Duque, em Lisboa. No entanto, como esta revista, dirigida por Adolfo Simões Müller, foi a primeira a publicar em todo o mundo as aventuras de Tintin a cores, os números em que o repórter aparece na capa, muitas vezes desenhado por autores nacionais, ou com o colorido criado em Portugal e nunca mais utilizado, têm grande procura por parte de belgas e franceses de Hergé (uma procura potenciada por uma referência feita à revista por Durão Barroso numa entrevista a uma estação de televisão belga), podendo ser transaccionados por 20 ou 30 euros cada um, acrescenta Alberto Gonçalves da Timtimportimtim, no Porto. Nos últimos anos, são também bastante valorizados, por pessoas que vêm de fora da BD, de áreas como o design ou a pintura, as revistas que incluem histórias aos quadradinhos criadas por artistas agora conceituados como Júlio Resende, Stuart Carvalhais ou Júlio Gil. Aliás, geralmente, vendem-se mais números soltos para completar colecções ou substituir edições em pior estado, do que colecções completas, cada vez mais difíceis de aparecer, como refere a livraria Chaminé da Mota, no Porto, tornando mais difícil satisfazer as listas de pedidos em espera dos seus clientes. Por isso um coleccionador, para alem de ter “uns trocos no bolso”, o que é mais complicado em tempos de crise, tem de ser dotado de grande paciência. E, claro está, neste tipo de negócio não há cotações fixas, pois estão dependentes do estado de conservação das peças, da oferta e da procura.
Outras revistas das décadas de 30, 40 e 50 do século passado, a Época de Ouro das publicações infanto-juvenis em Portugal, atingem também valores considerados interessantes: é o caso do Diabrete (887 números) e do Cavaleiro Andante (556), transaccionados por cerca de 3000 €, ou do Camarada (194) por metade daquele valor. O Mundo de Aventuras, espalhado por quase quatro décadas, cinco séries e mais de 2 mil números é, por isso, difícil de cotar. Mais valorizada, é a mítica revista Mosquito (1412 edições), que fez as delícias dos miúdos nas décadas de 30 e 40, cujas cerca de 50 colecções existentes no país, na estimativa de José Vilela, podem valer até 7500 euros. Mas, segundo José Oliveira, do site BDPortugal, que tem listados cerca de metade dos 60 mil títulos de BD editados desde sempre no nosso país, estas colecções têm vindo a perder valor. Isto acontece porque grande parte dos coleccionadores procura os títulos que leu na sua infância e juventude e a geração do Mosquito, por exemplo, tem hoje para cima de 70 anos…
Por isso, compreende-se quando a livraria Paraíso dos Livros revela que as colecções mais procuradas actualmente são as do Tintin (728 números, cujo valor pode chegar aos 1500 €) e do Jornal do Cuto (174 números, 500 €), datadas dos anos 70; ou seja, correspondentes à geração que conta hoje 40 anos.
Claro que, quando se fala de colecções que por vezes duraram mais de uma dezena de anos e atingiram centenas de números, há exemplares mais raros do que outros, normalmente, os primeiros números, mais antigos, e os últimos, correspondentes à fase de declínio, de tiragem menor.
Mas há excepções como, por exemplo, o número de Natal de 1938 do Papagaio, devido à separata com uma BD completa de Júlio Resende, os Mundos de Aventuras #1 a #44, da 1ª série, devido ao seu formato tablóide de difícil conservação, ou o quinto volume da Colecção Audácia que, por razões desconhecidas, triplica os 500 € dos quatro tomos iniciais.
Mas para além destes, há dois casos paradigmáticos citados por todos. O mais antigo corresponde às edições #73 e #74 do Gafanhoto, dos anos 40, que foram impressos mas não distribuídos, por terem sido alvos de um auto de apreensão (cujas causas são desconhecidas) executado pela Polícia Judiciária e de que se conhecem pouquíssimos exemplares que, por esse motivo, não têm cotação. Outro exemplo é o da Fagulha #391, que deveria ter seguido para os quiosques logo após o dia 25 de Abril de 1974. Como era uma publicação da Mocidade Portuguesa, foi destruída juntamente com muitas outras edições, existindo apenas os exemplares que já tinham seguido por correio para os assinantes. Desta forma, se os números #1 a 390# são cotados em cerca de 1000 €, a colecção completa já foi vendida por 1500 euros. Valores semelhantes a estes podem ser encontrados na Internet, quer em sites especializados, quer nos de leilões, onde com alguma regularidade surgem números soltos destas e de outras revistas.
Numa época em que as revistas praticamente desapareceram, os valores atingidos pelos álbuns hoje tão em voga estão longe de ser tão atractivos. Mesmo assim, há alguns da Meribérica (Blueberry, Valérian), dos anos 80, que já ultrapassam os 100 euros, e as poucas edições do Camarada (anos 60) estão cotadas próximas dos 300 euros, pertencendo a uma desses álbuns – Clorofila e os Quebra Ossos – o recorde de venda de um livro de BD em Portugal: 575 euros.

(Versão revista e alargada do texto publicado no Jornal de Notícias de 14 de Abril de 2010)
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