Recém-chegada às livrarias nacionais, “Anne Frank: Biografia
Gráfica”, uma edição da Devir, é uma obra que exemplifica um género a que a
banda desenhada regressa recorrentemente: a biografia.
Se a história de Anne Frank, a pequena judia que narrou num
diário a sua experiência como refugiada judia na Holanda, durante a segunda Guerra
Mundial, é razoavelmente conhecida, recontá-la aos quadradinhos pode ser uma
forma de a fazer chegar a leitores menos familiarizados com as atrocidades
sofridas pelos judeus durante a Segunda Guerra Mundial.
Os seus autores, Sid Jacobson e Ernie Colón, para além do
diário de Anne, basearam-se também em testemunhos de pessoas que a conheceram, para
fazerem um enquadramento histórico e narrarem a história da sua família antes e
depois do holocausto nazi.
Da mesma editora é também “O Zen de Steve Jobs”, que num
registo mais ficcional, ilustra diversos episódios da vida do fundador da Apple
entre 1970 e 2011, que mostram a sua relação com Kobun Chino Otogawa, um monge
zen dissidente do budismo, e como se inspiraram mutuamente.
Acreditando nas potencialidades desta forma de expressão e
na facilidade com que chega a leitores mais novos, a Fundação Nelson Mandela compilou
diversos episódios da vida do antigo presidente sul-africano em “Nelson
Mandela: The Authorized Comic Book”, um projecto que teve supervisão do próprio.

Já “Pessoa & Cia” (ASA), da catalã Laura Pérez Vernetti,
apresenta o poeta português através de uma biografia desenhada e da
reinterpretação de alguns dos seus poemas aos quadradinhos.

No campo do desporto, a vida de um dos maiores ciclistas de
todos os tempos foi lembrada aos quadradinhos nos anos 1970 pelo jornal “A
Capital”, numa BD recuperada pelo GICAV em “Um campeão chamado Joaquim
Agostinho”, a propósito do centenário do seu criador, Fernando Bento
(1910-2010).

Entretanto, nalgumas bancas e quiosques portugueses está
neste momento disponível o segundo tomo de “La Vie de Mahomet”, uma biografia do
profeta do islão.

Apesar disso, não escapou a tornar-se alvo de alguns
extremistas e recentemente, em França, donos de quiosques foram ameaçados e
mesmo agredidos por a exporem e o Facebook chegou a suspender a página da “Charlie
Hebdo” por “publicação de conteúdos que violavam” as suas regras…

(Versão revista do texto publicado no Jornal de Notícias de
6 de Agosto de 2013)