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06/08/2013

Biografias aos quadradinhos











Recém-chegada às livrarias nacionais, “Anne Frank: Biografia Gráfica”, uma edição da Devir, é uma obra que exemplifica um género a que a banda desenhada regressa recorrentemente: a biografia.

Se a história de Anne Frank, a pequena judia que narrou num diário a sua experiência como refugiada judia na Holanda, durante a segunda Guerra Mundial, é razoavelmente conhecida, recontá-la aos quadradinhos pode ser uma forma de a fazer chegar a leitores menos familiarizados com as atrocidades sofridas pelos judeus durante a Segunda Guerra Mundial.
Os seus autores, Sid Jacobson e Ernie Colón, para além do diário de Anne, basearam-se também em testemunhos de pessoas que a conheceram, para fazerem um enquadramento histórico e narrarem a história da sua família antes e depois do holocausto nazi.
Da mesma editora é também “O Zen de Steve Jobs”, que num registo mais ficcional, ilustra diversos episódios da vida do fundador da Apple entre 1970 e 2011, que mostram a sua relação com Kobun Chino Otogawa, um monge zen dissidente do budismo, e como se inspiraram mutuamente.
Acreditando nas potencialidades desta forma de expressão e na facilidade com que chega a leitores mais novos, a Fundação Nelson Mandela compilou diversos episódios da vida do antigo presidente sul-africano em “Nelson Mandela: The Authorized Comic Book”, um projecto que teve supervisão do próprio.
Temática usada em Portugal e noutros países ocidentais durante décadas para contornar as limitações que a censura impunha, a biografia aos quadradinhos continua a ter cultores como o veterano José Ruy, autor de “Leonardo Coimbra e os Livros Infinitos” (Âncora), na qual provoca o encontro entre duas “versões” do biografado, o homem maduro e o jovem de 14 anos, que vão conversando e percorrendo os diversos locais onde viveu uma das figuras mais proeminentes do movimento da Renascença Portuguesa.
Já “Pessoa & Cia” (ASA), da catalã Laura Pérez Vernetti, apresenta o poeta português através de uma biografia desenhada e da reinterpretação de alguns dos seus poemas aos quadradinhos.
Menos conhecido é o fotógrafo brasileiro Maurício Hora, natural da favela do Morro da Providência, no Rio de Janeiro, onde ainda hoje habita por opção, cujas dificuldades de vida inerentes ao meio são traçadas em “Morro da Favela” (Polvo) do também brasileiro André Diniz.
No campo do desporto, a vida de um dos maiores ciclistas de todos os tempos foi lembrada aos quadradinhos nos anos 1970 pelo jornal “A Capital”, numa BD recuperada pelo GICAV em “Um campeão chamado Joaquim Agostinho”, a propósito do centenário do seu criador, Fernando Bento (1910-2010).
Nos Estados Unidos, os quadradinhos biográficos dedicados a personalidades e celebridades das mais diversas áreas encontraram um nicho de mercado que a Bluewater Productions tem explorado a fundo. O actor Lou Ferrigno, o escritor George R.R. Martin, o basebolista Jackie Robinson ou os One Direction são alguns dos nomes que recentemente integraram um já vasto catálogo onde também se encontram biografias  de Barack Obama, dos príncipes William e Kate, de Michael Jackson ou de Angelina Jolie, esta última desenhada pelo português Nuno Nobre.
Entretanto, nalgumas bancas e quiosques portugueses está neste momento disponível o segundo tomo de “La Vie de Mahomet”, uma biografia do profeta do islão.
Editada pela revista satírica “Charlie Hebdo”, conhecida pelas muitas polémicas que tem provocado e cuja sede chegou a ser alvo de um atentado bombista, desencadeou uma tempestade mediática quando foi editado o primeiro volume, mas a obra revelou-se fiel à versão histórica, fruto de um profundo trabalho de pesquisa por parte de Zineb e Charb, que entre outras bases utilizaram os textos sagrados do Corão “para ilustrar o percurso de um homem, Maomé, tal e qual é descrito nas próprias fontes islâmicas”.
Apesar disso, não escapou a tornar-se alvo de alguns extremistas e recentemente, em França, donos de quiosques foram ameaçados e mesmo agredidos por a exporem e o Facebook chegou a suspender a página da “Charlie Hebdo” por “publicação de conteúdos que violavam” as suas regras…
A finalizar, a título de curiosidade fica uma referência a três biografias intimamente ligadas ao género narrativo que as suporta: “Maurício de Sousa: biografia em quadrinhos”, assinada pelo respectivo estúdio, mas que assume alguns contornos autobiográficos, “Osamu Tezuka – Biographie”, obra póstuma sobre o criador de Astroboy, e “A Saga do Tio Patinhas”, editada em Portugal pela Edimpresa, na qual Don Rosa recriou cronologicamente o percurso do pato mais rico do mundo a partir dos muitos episódios escritos e desenhados por Carl Barks, o seu criador. 

(Versão revista do texto publicado no Jornal de Notícias de 6 de Agosto de 2013)

05/05/2013

A arte de... Filipe Teixeira





Sindbad, Rogue of Mars #2
Scott Philips (argumento)
Filipe Teixeira (desenho)
Pedro Poitier (capa)
Blue Water Productions
USA

13/01/2011

Nuno Nobre: “Mais cedo ou mais tarde, a Angelina vai telefonar-me!”

- Quem é o Nuno Nobre?
Nuno Nobre
- Nuno Nobre é um Animador / Ilustrador, que após desenvolver a profissão como arquitecto em Madrid, decidiu enveredar pela área de animação e ilustração, conciliando o trabalho com os estudos nesta última área. Actualmente trabalho num estúdio de animação em Lisboa e trabalho como ilustrador freelancer.

- Que experiência tinha em BD antes deste trabalho?
NN
- A nível de banda desenhada fiz uns trabalhos para dois comics de uma editora britânica independente - Orangutan Comics - e já desde há um ano que faço ilustrações para a editora Mongoose e também ilustrações de shootigboards para umas poucas produtoras de publicidade em Lisboa.

- Como surgiu a oportunidade de desenhar a biografia da Angelina Jolie?
NN
- Enquanto estive a fazer um workshop de animação em Nova Iorque, pus-me em contacto com algumas editoras, enviei portefólios e chamaram-me da BlueWater Productions para participar em dois projectos, nomeadamente o Female Force: Angelina Jolie.

- Teve oportunidade de a conhecer? Com que impressão ficou dela?
NN
- Com muita pena minha não tive essa oportunidade lol!

- Teve algum reacção da parte da Angelina Jolie ao seu trabalho?
NN
- Infelizmente não, mas tenho a certeza que mais cedo, ou mais tarde, ela não irá resistir a telefonar-me... e eu sei ser bastante paciente :D

- Ela fez alguma correcção ou alteração ao que tinha desenhado?
NN
- A Angelina Jolie não esteve de alguma forma envolvida no projecto

- Como foi o seu processo de trabalho com o argumentista, Brent Sprecher?
NN
- O contacto com o argumentista veio a posteriori, após terminar os desenhos. O Brent comentou que ficou bastante contente com o trabalho realizado e futuramente, quiçá trabalhemos juntos novamente. O contacto principal foi sempre com o editor, o Darren, a nível da aprovação dos desenhos e do envio dos guiões.

- Fez apenas o desenho ou também a planificação?
NN
- Simplesmente trabalhei nos desenhos a lápis e tinta, definindo os layouts e as personagens.

- Quanto tempo levou a execução deste livro?
NN
- Levou cerca de 4 - 5 meses, já que o Editor deu bastante liberdade a nível do processo criativo, como também do timming da entrega das pranchas de desenho, pois na altura também estava ocupado com outros projectos.

- Quais as maiores dificuldades que teve ao executar este trabalho?
NN
- A única dificuldade foi a nível de tempo, pois tinhas outras responsabilidades e trabalhos a atender na altura. Face a isto, tive necessidade de terminar as pranchas bastane rápido, ficando por fazer mil alterações que eu desejaria ter modificado, mas para as quais não tive tempo. Outra dificuldade foi tentar retratar a Angelina Jolie, através de imagens e de fotos, e passar isso a tinta...algumas vezes funcionou, outras nem tanto.

- Qual é a sensação, agora que o trabalho está prestes a chegar às livrarias?
NN
- Estou entusiasmado, mas também não quero criar grandes expectativas para dizer a verdade. Uma coisa é o nosso trabalho, outra é o resultado final, que inclui o trabalho do colorista, a paginação e o design gráfico .Pode acabar por ser decepcionante, ou por sua vez, uma surpresa bastante agradável.

- Profissionalmente que perspectivas é que este trabalho abriu para si?
NN
- A nível profissional ainda é muito cedo para criar expectativas, mas tenho um feeling que uma ou outra port, se abrirá para novas oportunidades, sem dúvida.

- O que gostava de fazer a seguir?
NN
- Gostaria imenso de poder realizar projectos de ilustração, ou mesmo BDs, sobre temáticas de mitos e lendas da história portuguesa, sobretudo nos momentos históricos e marcantes do País - principalmente época dos descobrimentos, no qual existe a mistura com a fantasia e mitologia pagãs.

- Já tem mais algum projecto em vista? O quê?
NN
- Tenho um projecto pessoal de uma BD, mas ainda estou no concept design dos personagens e a terminar de definir o guião.
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