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O que afinal não sabemos…

Temos tendência para apor rótulos, classificar a montante, alimentar estereótipos.

Perdemos, quase sempre, quando nos deixamos dominar por eles.

Num momento em que a oferta de BD em Portugal é tão vasta e diversificada, ficarmos presos ao franco-belga, aos super-heróis, aos romances gráficos, ao manga ou a qualquer outro sub-género, é tão mau como renegar qualquer deles em nome de preconceitos ou ideias-feitas.

Druuna – Tomo 1

Contém as histórias Morbus Gravis e Delta

Paolo E. Serpieri

Druuna é uma série erótica, por vezes a roçar o pornográfico - e, como sempre, quem estabelece a fronteira? Sim, é verdade. Mas, por baixo desse rótulo, para além disso - não em complemento mas principalmente? - é uma série muito bem desenhada e com uma história base de sobrevivência num futuro - quão distante? - num local que irá surpreender muitos, em que a tecnologia, os hábitos e o conforto que hoje damos por adquiridos desapareceram e o mais selvagem do ser humano veio ao de cima.

Arte de Autor

Portugal, Abril de 2017

Edição: Cartonada

210 x 285 mm, 160 p., cor, capa dura

21,00€

OUTCAST volume 2: Uma Ruína sem Fim

Reúne os #7-12 da série original de Outcast

Robert Kirkman /argumento)

Paul Azaceta (desenho)

Outcast é uma série de terror, assente na possessão de pessoas por demónios e no seu exorcismo? É, sim, é impossível negar. Mas, é também uma história de auto-redenção, com um traço aparentemente impreciso, mas que mostra - e, mais ainda, sugere - o necessário para entrarmos no pequeno mundo da insignificante cidade de Rome que nos é proposto.

E que, neste segundo volume - notei-o na sua leitura, não estou a excluir o primeiro - ostenta diálogos de imensa qualidade. Não pelo recorte literário que Kirkman imponha, mas essencialmente pela sua contenção e pela sua credibilidade enquanto ‘conversas banais e normais’, fazendo - mesmo assim! Ou por isso? - avançar a história ao ritmo pretendido, dizendo em poucas palavras tudo o que precisamos de saber e, mais uma vez, deixando subentendido tudo o mais que formos capazes de intuir - ou inventar.

G. Floy

Portugal, Junho de 2017

170 x 260 mm, 128 p., cor, capa dura

11,99€

Jessica Jones: ALIAS #3

Reúne os #16-#21 da série original de ALIAS

Brian Michael Bendis (argumento)

Michael Gaydos (desenho)E que dizer de Alias, aliás, Jessica Jones: Alias?

“Mais super-heróis? Já enjoam” - estarão já alguns a dizer… E é verdade que os super-heróis andam por lá. O Demolidor  - ou Matt Murdock… - e a Mulher-Aranha - ou Mattie Franklin e/ou Jessica Drew… - neste terceiro - e recomendável - volume, mas o foco da história passa-lhes tangencialmente ao lado, pois trata-se, antes do mais, de um policial que tem por protagonista Jessica Jones, ex-super-heroína, agora detective privada. Um policial negro e duro, conduzido por uma mulher em fuga do passado - super-heróico - e à procura de si própria e de outros com quem possa reconstruir(-se e à su) a vida.

Tal como Outcast, muito bem escrito, assente em diálogos - aqui mais longos - íntimos, que espelham o estado de alma de Jessica, Alias tem tudo para agradar aos apreciadores de policial, mais até do que aos que seguem os super-heróis. Embora faça - e muito bem - a ponte entre os dois géneros.

G. Floy

Portugal, Julho de 2017

170 x 260 mm, 144 p., cor, capa dura

12,99€

Druuna, Outcast, Alias.

Três exemplos de séries que o leitor preconceituoso poderá ter tendência a evitar, mas cuja leitura poderá revelar-se estimulante e revelar novos universos, mesmo a quem tem dificuldade - ou não quer mesmo sair - daqueles a que se acomodou.

(imagens disponibilizadas pela editora; clicar nelas para as aproveitar em toda a sua extensão)