1932.
Zaroff, um exilado russo, fugido da pátria após a revolução de
1917, reina sob uma pequena ilha ao largo do Brasil.
Naquele
local, preparado à medida da sua paixão - a caça - dá largas ao
supremo prazer daqueles que fazem da perseguição a outros seres
vivos o seu modo de vida, com
uma variante:
persegue
seres humanos sobreviventes dos barcos que faz naufragar e,
após a caçada consumada, exibe as suas cabeças como troféus nas
paredes do seu pequeno castelo.
Até
ao dia em uma
das suas presas consegue fugir e contar o que vi(ve)u. Uma das poucas
que acreditam nele é uma
jovem herdeira de um clã irlandês dos Estados Unidos, cujo pai
desaparecera naquela zona.
Disposta
a vingar-se, faz chegar a Zaroff um
desafio, sob a forma de um curto filme: ela
raptou a irmã e os três sobrinhos do
caçador
e libertou-os na sua ilha. A proposta é que ele os proteja enquanto
ela os persegue mas tudo só acabará com a morte de um ou de
outro.
Livremente
baseado no conto The
Most Dangerous Game,
de Richard Connell, publicado originalmente em 1924 e que esteve na
origem de um filme que
ficou famoso,
oito anos mais tarde, esta banda desenhada apresenta-nos os seus
protagonistas como seres humanos a raiar a loucura, uns e outros -
não só o conde russo e a jovem irlandesa, mas também a irmã
daquele e os seus filhos. Um
dos seus principais trunfos é, aliás,
a forma inesperada como uns e outros vão agindo ao longo do relato,
adoptando posições extremas e fazendo assim
com
que o leitor - ao contrário do que é habitual neste tipo de relato
- se
sinta incapaz de sentir
simpatia ou de se identificar com uns
e
outros,
assistindo incomodado
a
um longo e perigoso jogo do gato e do rato, com os protagonistas a
trocarem de
papéis
mais do que uma vez, movidos
por
dois mais fortes sentimentos que o ser humano pode sentir: o desejo
de vingança e
a
luta pela sobrevivência. O
que contribui também para a aceitação de um desfecho inesperado a
princípio, mas perfeitamente convincente no contexto da narrativa.
Apesar
de uma certa aura de improbabilidade e de faltar
credibilidade a algumas
cenas, graças ao traço realista, seguro e eficiente de François
Miville-Deschênes e ao ritmo acelerado imposto por Sylvain Runberg,
ao correr da caçada humana, com sangue a rodos e alguns momentos de
suspense,
este
thriller,
misto de acção e psicológico, sem
mais ambições do que permitir ao leitor desfrutar de um relato de
aventuras intenso, consegue cumprir satisfatoriamente o seu
propósito.
Zaroff
Collection
Signé
Sylvain
Runberg
François
Miville-Deschênes
Le
Lombard
França,
Maio de 2019
EAN
9782803672288
241
x 318 mm,
88 p., cor, capa dura
16,45
€
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