Os
casos multiplicam-se, mas considero que continua a ser necessário
chamar a atenção
para eles: Tokyo
Ghoul,
do japonês Sui Ishida, é mais uma série publicada integralmente no
nosso país, no caso pela Devir portuguesa. Na prática, foram 14
volumes em pouco menos de três anos, o que é assinalável e
significa praticamente um novo tomo a cada dois meses e meio.
Na
sua origem, escrevi na altura, estava a transformação de seres
humanos em ghouls
-seres que se alimentam de carne humana para sobreviver e cuja
mordidela origina novos ghouls,
com surpreendentes capacidades físicas.
O
protagonista era Kaneki, um jovem cuja transformação ficou a
‘meio’, por ter sido causada por um transplante de órgãos. Isso
introduzia um conceito novo neste
tipo de narrativa,
pois
assentava na
sua capacidade de lutar contra a transformação completa e manter a
sua humanidade.
É
verdade que aos poucos este aspecto da trama passou a secundário e
ela
passou a centrar-se mais nos confontos entre bandos de ghouls pelo
controlo de territórios e pela perseguição que lhes era movida por
forças da ordem especiais, cujos interesses nem sempre eram
exclusivamente
a
protecção e a segurança dos humanos…
Com
a acção a sobrepujar a emoção e o racionalismo - o que acredito
contribuiu para o sucesso da série junto dos leitores - o 14.º - e
último - volume encerrou uma
longa
saga cujo desenlace deixo
aos leitores descobrir.
Mas,
aproveitando a aceitação dos leitores, Sui Ishida, decidiu avançar
com uma continuação, relativamente
autónoma
da primeira, intitulada Tokyo
Ghoul re:.
Ambientada dois anos depois dos acontecimentos narrados no último
capítulo da série mãe, introduz novas personagens que, no entanto,
vão dar algum
seguimento
aos acontecimentos já conhecidos.
A
Devir, oportunamente, acaba de estrear esta série em português, com
certeza correspondendo aos desejos dos leitores que permitiram lançar
integralmente a série original, ao comprarem regularmente cada
volume. Porque, por muitos que alguns esperneiem ou queiram colocar o
peso das decisões do lado das editoras, é dos leitores que depende
a continuação - ou não - de cada série de BD, mediante a compra
do número de exemplares necessários de cada novo volume que
justifiquem a edição do
seguinte.
E,
felizmente
- ao contrário do que durante anos, demasiados, foi norma em
Portugal - actualmente, de uma forma generalizada - mas não
absoluta, nunca o será, os editores enganar-se-ão sempre uma ou
outra vez - a maioria das séries em curso de publicação em
português avançam de forma regular, em
muitos casos, possivelmente,
à
velocidade ditada pela resposta mais ou menos rápida
dos… leitores!
Tokyo
Ghoul re: #1
Sui
Ishida
Devir
Portugal,
Março/Maio de 2019
126
x 190 mm, 228/196 p., pb, capa mole
9,99
€
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