Apesar
de ter um percurso editorial com mais de sete décadas, a maioria das
histórias de Tex restringe-se a um período muito curto da sua vida.
Naturalmente,
reconheço, porque foi nessa idade que o ranger se afirmou junto dos
leitores e granjeou a enorme popularidade de que ainda desfruta.
No
entanto, as diversas mudanças que os anos recentes trouxeram à
série na procura por novos leitores - cor, número de páginas,
formatos, avanço para as livrarias… - tornou apetecível o seu
passado, nomeadamente a sua juventude, com uma série de relatos que
culminaram na série Tex
Willer
actualmente em curso em Itália e no Brasil.
Abordar
a juventude de um herói alicerçado no imaginário colectivo, é
sempre um risco. Tem que haver um grande equilíbrio entre as
novidades que vão ser introduzidas e o estatuto alcançado. Com as
devidas diferenças a considerar, é importante garantir que -
entrando já no caso presente de Tex - as acções do passado estão
em linha com as acções (que reconhecemos) no presente e que o
espírito do protagonista é o mesmo.
Mais
ainda, para o passado ser interessante, tem que trazer algo de novo e
não ser apenas uma transposição do ranger (ponderado) da idade
adulta para uma mais (impulsiva) juventude, sem mais acrescentos que
valorizem as novas obras.
Ora,
em minha opinião, é exactamente isto que sucede em O
Magnífico fora da lei,
que com um toque gráfico - e a óbvia eliminação dos momentos em
que o Tex actual conta as suas aventuras juvenis aos seus parceiros
habituais - poderia ser facilmente protagonizado pela versão adulta,
infiltrado num bando de criminosos, como já aconteceu várias vezes.
Esta sensação, que me acompanhou ao longo de toda a leitura, acabou
por a tornar algo incómoda e não me permitiu desfrutar - como
possivelmente merecia - de um relato que não destoa da linha
narrativa tradicional da série.
Isto,
apesar de a história arrancar com o jovem Tex - ainda fora-da-lei na
época - perseguido por um xerife à cabeça de um grupo de
voluntários pelo seu (aparente) envolvimento num assalto com vítimas
mortais. A fuga aos perseguidores e a infiltração num bando de
criminosos para limpar o seu nome - relativamente a este caso
concreto - são as duas linhas condutoras de uma narrativa em que Tex
terá o auxílio de parceiros pontuais.
Diferente,
é o caso de O
Vingador,
que nos apresenta o jovem Tex - já após ter vingado a morte do seu
pai, mas tendo ainda vivo o seu irmão Sam - mais uma vez em fuga,
desta vez devido à recompensa que foi oferecida pela sua cabeça. O
encadeamento da acção no período seguinte à morte do pai, a
relação com o irmão e o facto de parte dela se situar no local de
nascimento de Tex, dá credibilidade a este salto ao passado do
ranger e torna mais interessante um relato que, apesar de contar
apenas 48 páginas - no formato franco-belga que a Sergio Bonelli
Editore (também) tem a vindo a explorar - revela uma consistência e
uma extensão que surpreende o leitor, muito por força de uma
planificação mais condensada, como atestam as quatro tiras por
página.
Como
os autores dos dois livros são os mesmos. Mauro Boselli e Stefano
Andreucci, não deixa de ser curioso como são díspares os
resultados obtidos exactamente com os mesmos pressupostos, o que
mostra mais uma vez que não há fórmulas milagrosas nem ideias
infalíveis...
Tex
Gigante #32: O magnífico fora da lei
Tex
Graphic Novel #5: O vingador
Mauro
Boselli (argumentos)
Stefano
Andreucci (desenhos)
Mythos
Editora
Brasil,
2017/2018
185
x 275 mm, 242 p., pb, capa mole
205
x 275 mm, 48 p., cor, capa mole
R$
24,90 / R$ 29,90
(imagens
disponibilizadas pela editora; clicar nelas para as aproveitar em
toda a sua extensão; texto publicado originalmente no Tex Willer Blog)
Boas, algum destes livros é comercializado em Portugal? So tenho conhecimento dos editados pela Polvo. Cumprimentos
ResponderEliminarNão, estes são edições brasileiras.
EliminarEm edição portuguesa, só mesmo os da Polvo...
Boas leituras!