“La Nápoles de los años
treinta es la protagonista principal de las novelas de Ricciardi.”
Maurizio de Giovanni na
introdução de El Lugar de Cada Uno
E
com a chegada do Verão, Nápoles torna-se (ainda) mais opressiva e
extenuante.
Apesar
das temperaturas elevadas - ou também por causa delas - a vida
continua, arrasta-se qual calvário interminável e o comissário
Ricciardi tem de descobrir porque foi (mais) uma bela mulher
assassinada. Assassinada três vezes…
Trata-se
da duquesa de Camparino, segunda mulher d(a velhice d)o duque e os
suspeitos multiplicam-se: o marido, idoso, inválido e traído com
todos os homens que (a) deseja(m); a governanta que o idolatra e a
despreza; o enteado que a odeia; o amante recém-rejeitado...
Foi
encontrada morta, nos seus aposentos particulares, fechados por
dentro, e Ricciardi é encarregado de investigar quem a assassinou.
Uma, duas, três vezes, como a autópsia e as evidências
demonstrarão e os leitores poderão deduzir da veracidade do
aparente contra-senso…
Indiferentes
ao crime - embora ele seja comentado nas suas ruas e praças - a vida
prossegue nelas e na (falsa) segurança das casas particulares, com
os pequenos dramas de cada um a sucederem-se em paralelo à
investigação: o excesso de peso do cabo Maione, o silêncio
crescente do jornalista em tempos audaz, as aventuras sexuais do
médico legista, os amores proibidos, os desejos (mal) contidos, as
fachadas que não espelham o interior, a luta quotidiana para pôr
(alguma) comida na mesa…
Porque
Nápoles, mais do que os edifícios de época, mais do que as ruas
estreitas, as praças amplas, os jardins, as igrejas - tudo bem
retratado por Nespolino, natural de lá… - é o conjunto de
pessoas que vive e confere alma à cidade, cidadãos mais ou menos
anónimos que vivem, sobrevivem, sofrem e às vezes se divertem.
(Menos)
indiferente a tudo isto (do que parece), Ricciardi vai juntando as
pontas, ordenando as pistas, descartando suspeitas, arrisca a pele e
a carreira ao afrontar o poder, os poderes vigentes e, continuamente
atormentado pelas vítimas de crimes violentos que (literalmente) vê
desde criança e cujas indicações se mostram sempre decisivas para
obter respostas, valoriza mais estes mortos do que os vivos com quem
partilha o quotidiano - ou com quem aspira a partilhá-lo.
A
edição da Panini espanhola, mais uma vez encerra com um dossier de
12 páginas, com a reprodução de fotos que serviram de base ao desenhador,
esboços das personagens, esquissos das cenas e uma entrevista em que Alessandro Nespolino detalha o seu processo de trabalho.
Marcello
de Giovanni (argumento)
Paolo
Terracciano (guião)
Alessandro
Nespolino (desenho)
Panini
Comics
Espanha,
Maio
de 2019
ISBN:
9788491678939
195
x 259 mm, 176 p., cor, capa dura
18,00
€
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