Predadores e presas
É
uma das imutáveis leis da natureza: haverá sempre predadores e
presas, mesmo que uns e/ou outros mudem de territórios.
Moonshine
espelha isso, mesmo que a natureza seja pouco para aqui chamada.
Deixando para trás a América rural profunda, Lou Pirlo e Tempest
Holt estão agora na citadina Cleveland, mas nos bairros de lata ou
nos bairros chiques, a sua natureza animal vem sempre ao de cima: a de
predadores impiedosos e incontroláveis em busca das suas presas.
Tempest, sempre bela e sensual, insinua-se junto do chefe do antigo bando de gangsters de Lou para tentar encontrar o pai. Ao mesmo tempo, este último tenta afogar a essência do ser que nele co-habita em álcool, mas falhada essa opção, transforma-se no primeiro (?) assassino em série dos Estados Unidos.
A acumulação de cadáveres - ou dos restos que restam deles... - chama a atenção da estrela em ascensão nas forças da lei norte-americanas, naquela conturbada década de 1930: o famoso Eliot Ness, que após deter Al Capone quer brilhar de novo, sem imaginar sequer no que se está a meter.
A combinação de terror e policial, com inusitados toques de realismo e sobrenatural, que é como quem escreve, de gangsters, detectives, lobisomens e belas mulheres, condimentada com acção, mistério, surpresas, tiros, tráficos diversos e vinganças sucessivas, tudo regado com o proibido álcool e muito, muito sangue, continua a fazer de Moonshine uma série a devorar (...!) sofregamente volume após volume, numa pulsão quase animalesca.
Para mais, porque o desenho de Eduardo Risso - ao contrário do argumento negro e sinistro de Brian Azzarello - é límpido e limpo de pormenores acessórios e para mais servido por cores lisas que, apesar dos tons maioritariamente soturnos, conseguem fazer o relato pulsar com uma inebriante sensação de vida.
A este nível, veja-se a capa - e as cores que a servem e puxam por ela - a um tempo, primeiro, belíssima e sensual, depois aterradora na sua estranha combinação de ser humano e animal...
Moonshine
#3
Querer
a Lua
Brian
Azzarello (argumento)
Eduardo
Risso (desenho)
Eduardo
Risso e Cristian Rossi (cor)
G.
Floy
Portugal,
Março
de
2021
180
x 275
mm, 128
p., cor, capa dura
17,00
€
(imagens disponibilizadas pela editora; clicar nesta ligação para ver mais pranchas ou nas aqui reproduzidas para as apreciar em toda a sua extensão)
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