Ter
memória(s) é importante. Preservar a(s) memória(s) ainda mais.
Divulgá-las contribui para formar melhores pessoas.
Concentrando-me
no tema específico deste blog - a banda desenhada - acrescentaria
que divulgar
a(s) memória(s) contribui para formar melhores leitores.
Porque serão mais informados, mais conhecedores do passado, mais
capazes de desfrutar d(as leituras d)o presente.
A
Colecção Clássica Marvel, que está a ser distribuída aos sábados
com os jornais Correio da Manhã e Record, é a memória que
espoletou estas linhas.
Apesar de já ter lido anteriormente as primeiras edições de alguns dos super-heróis presentes nesta colecção - Homem-Aranha, Quarteto Fantástico, X-Men - as leituras semanais que tenho vindo a fazer têm sido um misto de descoberta e confirmação.
De confirmação de uma forma de narrar muito diferente da que conhecemos hoje. Mas também de descoberta de histórias que, em muitos casos, mantêm uma surpreendente legibilidade, mesmo sendo verdade que o tempo passou por elas e não foi muito simpático com algumas delas - pessoalmente considero o volume dos X-Men insuportável.
Por isso, em nome da tal memória fundamental, é um belo exercício perceber o quão profundas e sólidas foram as bases que Lee, Kirby, Ditko e outros lançaram há seis décadas e como elas se têm mantido - com as necessárias actualizações - continuando a caracterizar e a definir os super-heróis da Casa das Ideias e a temática das suas aventuras - e a este quesito específico voltarei um destes dias...
Os heróis por eles criados/desenvolvidos, tinham muitas vezes menos de super do que de humanos apesar dos seus extraordinários poderes. Com problemas similares aos dos seus leitores - insegurança, contas para pagar, divididos entre usar os seus poderes para si ou para o bem, em choque constante uns com os outros (e até com aqueles que deveriam ajudar), em famílias disfuncionais... - trouxeram, por isso, para o universo real (Nova Iorque...) - uma invulgar dose de realismo, por muito estranho que isto soe quando falámos de super-heróis.
Graficamente, se é verdade que muito ou quase tudo mudou na forma de narrar em banda desenhada, mais ainda (?) nos relatos de super-heróis, é incrível, é fantástico - e estes adjectivos não estão aqui impunemente - ver a capacidade de Kirby de dotar de vida e movimento as personagens, a forma como compunha as páginas, o modo como a cada passo inova, renova, experimenta, transforma, abre caminhos para o género que se viria a tornar-se tão preponderante nos Estados Unidos (e não só) em termos de banda desenhada e, em anos mais recentes, realmente em todo o mundo, através do cinema e da TV.
É verdade que por vezes há desequilíbrios gritantes entre páginas - e entre séries - mas se pensarmos nas dezenas (!) de pranchas que Kirby executava mensalmente, na gigantesca dose de trabalho que levava a cabo, eles são compreensíveis. Mas, mesmo assim, há um aspecto em que ele se supera vez após vez: as capas. Dediquem um pouco do vosso tempo a folhear estes volumes, saltando de capa em capa - que muito bem estão incluídas como entrada em cada nova história - e apreciem o dinamismo, a composição, o foco no mais importante, o destaque dado aos protagonistas, a força das cenas mostradas...
São memórias - 'histórias velhas' dirão alguns - mas têm muito para nos ensinar e boas leituras para nos surpreender.
Colecção
Clássica Marvel
Correio
da Manhã/Record
Aos
sábados, desde 5
de Março de 2022
60
volumes, 183
x 277 mm, 128
a 144
páginas, cor, capa cartão
8,95€
(imagens disponibilizadas pela editora; clicar nelas para as aproveitar em toda a sua extensão)
X-men só vale a pena a partir da 2a gênese,e Qf só a partir de BYren,e Vingadores de Roger Stern as histórias velhas que cresci a ler
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