Desbravar territórios
Admirador confesso de western, tenho ainda assim algumas lacunas nas minhas leituras do género, uma delas agora (parcialmente) suprida: Durango uma criação de Yves Wolf, também autor completo da (aconselhável) série Lonesome, que a Gradiva tem no seu catálogo.
Aliás, em abono da verdade, devo dizer que, desta série, pouco mais sabia do que o género e os nomes do seu criador e do protagonista.
Protagonista que, sei-o agora, (inevitavelmente) é um solitário e tem uma das profissões mais odiadas no velho Oeste, por aqueles que estavam de um e outro lado da lei: é um caçador de recompensas, ou seja, persegue aqueles que têm a cabeça a prémio, sendo temido pelos bandidos que tenta levar à justiça, mas também é mal visto pelos que fazem cumprir a lei. No caso de Durango - fruto dos anos 1980 em que foi criado? - tenta pelo menos levar as suas presas vivas até a cadeia.
Sei que leio - li - este arranque da série hoje, 40 anos depois da sua estreia em 1981, portanto com a bagagem e o olhar de um leitor de uma época nova e diferente. Penso que, apesar disso, a avaliação global que faço de Durango não sai afectada. Digo-o, porque nas três primeiras histórias, não vi mais do que aquilo que basicamente esperava dele: um western spaghetti tradicional, com o protagonista a surgir casual e providencialmente num meio em que alguém oprime os que ali vivem, seja o dono da cidade apostado em alargar o seu poder, um latifundiário em busca de mais território ou um bando que programa um grande assalto, com o herói, sozinho ou quase, a conseguir repor a ordem e salvar o dia.
Argumentos simples e directos, algo estereotipados, sim, mas que cumprem o básico, com o benefício, não displicente, de um traço realista competente, à vontade em todos os aspectos de uma história do Oeste, sejam os cavalos, as zonas montanhosas, as planícies a perder de vista , as cidades com casas em madeira ou movimentadas e credíveis cenas de acção, reforçadas pela quebra recorrente da planificação mais tradicional. A isto, acrescente-se também um bom trabalho na representação da figura humana, trate-se de belas mulheres ou homens de rostos curtidos pelo tempo… embora a Durango faltem traços mais agrestes e duros, condizentes com a sua violenta profissão.
Como nota distintiva e complemento que ajuda a dar uma carga mais dramática, logo num dos confrontos iniciais, é o facto de ele ser ferido de forma permanente na mão direita que utilizava com mestria para disparar, passando a partir daí a ter de se servir exclusivamente da mão esquerda.
Reiterando que estas três primeiras histórias me satisfizeram mas não me deslumbraram, já a quarta, “Amos”, revela um autor mais inspirado, num argumento com mais substância - e não só pela reutilização de personagens anteriores - com algumas surpresas e acasos entre perseguições e tiroteios, que acabaram por me convencer a partir para o segundo integral.
Durango
- Intégrale #1
Inclui
os álbuns Les chiens meurent em hiver, Les forces de la colère,
Piège pour un tueur e Amos
Yves
Swolfs
Soleil
França,
Abril de 2012
209
x 287
mm, 200
p., cor, capa dura com
sobrecapa
29,95€
(imagens disponibilizadas pela Soleil; clicar nelas para as aproveitar em toda a sua extensão; clicar no texto a cor diferente para saber mais sobre os temas destacados)
Com o preco que custou o integral aqui na gradiva, $aia 1 bd e meia.
ResponderEliminarComprei há muitos anos, um ou dois albuns desta série magnifica criada por Yves Swolfs. Este par de albuns foram os publicados em Portugal. Depois disso e incompreensivelmente, nada mais se soube de Durango cá pelo burgo. Em Espanha consegue-se encontrar toda a coleção, em conjuntos de 4 ou 5 albuns. É uma pena que em Portugal não se publique esta magnífica coleção, que vai já no 11.º ou 12º album, e é uma excelente homenagem ao wester spaguetti. Curiosa a forma como algumas personagens aparecem com os traços de alguns atores que marcaram o género, como Klaus Kinski.
ResponderEliminarDurango nunca foi publicado em Portugal. Há uns anos foram distribuídos os três primeiros álbuns, em edição brasileira da VHS Difusion, suponho que é a eles que se está a referir.
EliminarEra uma boa série para os leitores portugueses que apreciam o western, mas não havendo Durango, felizmente a Gradiva está a publicar Lonesome (1https://outrasleiturasdopedro.blogspot.com/search/label/Lonesome), do mesmo autor.
Boas leituras!