09/01/2025

E agora, a quem vou emprestar os meus livros...?

Fernando Pina (1935-2025)


"Já és grande para ler o Mickey; trouxe esta revista para experimentares."

O meu pai - foi ele quem disse aquela frase, num dia de Verão (27 de Agosto de 1974?) - estava com certeza longe de imaginar o quanto eu ia gostar daquela publicação - o Mundo de Aventuras #47 da chamada quinta série - e, atrás dela, de outras revistas, de outros livros, e quanto aquele gesto, normal na forma como sempre me incentivou à leitura, iria ser fundamental e moldar a minha vida.

Se sou leitor inveterado, se fiz a minha formação em banda desenhada no Mundo de Aventuras, se há 40 anos escrevo sobre banda desenhada, se tenho este blog e alguns milhares de livros de BD, devo-o primeiramente a ele.

Devo-lhe muito mais. Muito mais do que sou capaz neste momento de pensar e escrever.

Devo-lhe muito do que sou, do que vivi, do que experimentei, do que penso. Devo-lhe valores que também fiz meus, importantes e que não passam de época - menos talvez (talvez não, de certeza) do que ele desejaria...


Agora, a quem vou emprestar os meus livros?

Quem me irá telefonar a dizer: "Hoje saiu um texto teu"...?

Quem me vai guardar cuidadosamente esses recortes do Jornal de Notícias que desde sempre leu e onde acabei por escrever...?

A quem vou picar quando o "seu' Boavista não ganhar...?


Talvez de lá, de onde está - de onde sempre acreditou que estaria - consiga continuar a ler os meus livros, a ler os meus textos... Gostava muito que sim.

Eu, aqui, só consigo dizer: "Obrigado, pai".

20 comentários:

  1. Pedro, os meus sentidos pêsames.

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  2. Anónimo9/1/25 12:04

    Os nossos sentidos pêsames e um forte abraço dos editores da Escorpião Azul.

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  3. João Ramalho9/1/25 16:24

    Grande Abraço Pedro

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  4. Os meus sentimentos. Muita Força. Abraço.

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  5. Os meus francos sentimentos.

    Custa sempre.

    Um abraço

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  6. Anónimo9/1/25 16:50

    As minhas condolências.
    GP

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  7. Como escreveu Pessoa, a morte é deixar de ser visto, é fazer a curva no fim da estrada. Por certo um dia voltarás a encontrá-lo, noutro caminho, desejoso de te falar da imensidão de textos que ainda irás escrever, maravilhosos como este que acabaste de publicar

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  8. Os meus sentimentos pela sua perda! Um grande abraço!

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  9. As minhas sinceras condolências.

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  10. Homem do leme10/1/25 22:21

    Os meus sentimentos, não existem grandes palavras para este momento que nunca estamos preparados.

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  11. Bonito texto. Os meus sinceros sentimentos!

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  12. De quem também ouviu essa frase, mais ou menos dez anos mais tarde, com as revistas marvel da Abril que foi responsável por toda a paixão pela BD (embora com coleção muito mais modesta), e que também já perdeu físicamente a voz que a proferiu (há cerca de dez anos), os meus mais sentidos pêsames. O desaparecimento físico vai ser sempre uma perda definitiva, mas todas as memórias, todos os conselhos e valores (que, pelo que percebo do acompanhamento diário dos seus textos, são semelhantes) vão ser também definitivos no dia-a-dia e na forma de viver dos que sobrevivem e vão ajudar e acompanhar o caminho que resta. Muita força!

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