Adaptações de BD para lá dos super-heróis
Se para muitos "adaptação de uma banda desenhada..." significa um filme - ou uma série - de super-heróis, a verdade é que a relação entre a 7.ª e a 9ª artes vai muito para lá da Marvel e da DC Comics. Chegado recentemente à Netflix, Dampyr é um dos muitos exemplos possíveis, embora quase único no seu género.
Este aparente paradoxo tem uma explicação simples: esta película de Riccardo Chemello adapta uma banda desenhada do catálogo da Sergio Bonelli, editor por excelência de Tex, Dylan Dog e outros heróis populares - parte deles, aliás, evocados no breve mas conseguido genérico da co-produtora Bonelli Entertainment que antecipa o filme - mas são poucos os que têm passado aos ecrãs.
"Dampyr", a designação do folclore eslavo para o filho de uma humana e de um vampiro, o que torna o seu sangue um veneno mortal para estes últimos, foi criado no ano 2000 por Mauro Boselli e Maurizio Colombo, explorando a temática do terror nas páginas desenhadas por Majo. Como atractivo extra, a acção decorria nos Balcãs, então palco recente de uma guerra fratricida que a BD e a película também evocam.
Esta última, com Wade Briggs no papel do protagonista, de seu nome Harlan Draka, segue de perto os quadradinhos, revelando o seu nascimento e o percurso iniciático que o vai levar de charlatão alcoólico a um autêntico e mortal caçador de vampiros, contando com o apoio de Kurjak (Stuart Martin), um militar local, e Tesla (Frida Gustavsson), uma vampira que renega os seus, para combater o senhor da noite Gorka (David Morrissey).
Obra de terror puro, a película funciona como um bom atractivo para quem já conhece a BD, mas devido a algumas especificidades originais da sua base é também aconselhável aos apreciadores do género que poderão depois, procurar os livros de Dampyr com ediçºao nacional, ambientados em cenários portugueses: Aventuras em Portugal (Levoir, 2018), em que a acção decorre em Trás-os-Montes e Gaia, O suicídio de Aleister Crowley (A Seita, 2019) onde que os caminhos de Draka e Fernando Pessoa de alguma forma se cruzam, e o inusitado encontro Dampyr & Dylan Dog (A Seita, 2021).
Dampyr
Argumento
e realização: Riccardo
Chemello
Com
Wade Briggs, Stuart Martin e Frida Gustavsson
Netflix,
2022,
2h
(versão revista do texto publicado na edição online do Jornal de Notícias a 11 de Janeiro de 2025 e na edição em papel do dia seguinte; imagens recolhidas online; clicar nelas para as aproveitar em toda a sua extensão; clicar nos textos a cor diferente para saber mais sobre os temas destacados)
Interessante, não sabia que existia.
ResponderEliminarDe adaptações da Bonelli apenas conheço as do Dylan Dog: Dylan Dog: Dead of Night (2010) com o Superman Brandon Routh como Dylan Dog e Dellamorte Dellamore/Cemetery Man (1994), Francesco Dellamore, interpretado por Ruppert Everett é um "alter ego" de Dylan Dog, das duas, a de 1994 está melhor conseguida e é já um filme de culto, tem argumento de Tiziano Sclavi e Gianni Romoli.
Os do Dylan Dog não vi. Mas sei que existe também uma adaptação de Tex - Tex e Il Signori del abissi - velhinho de 1985, protagonizado por Giuliano Gemma, que também desconheço.
EliminarBoas leituras... e filmes!
Eu conheço esse, é uma salganhada de western spaghetti com elementos sobrenaturais, acho que vi em VHS há muito tempo, nem sou grande apreciador do Tex mas este merecia melhor.
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