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25/06/2012

Black Hole - L'Intégrale












Charles Burns
Delcourt (França, 8 de Novembro de 2006)
175 x 260 mm, 368 p., pb, cartonado com sobrecapa
29,90 €



Resumo
Numa pequena vila norte-americana, surge uma estranha doença, sem explicação (vírus? maldição? ataque extraterrestre?) aparente nem causas confirmadas, que provoca horríveis mutações exclusivamente na população adolescente/juvenil. Membranas entre os dedos, cornos, uma segunda boca, estranhos orifícios em diferentes partes do corpo, são algumas das suas manifestações.

Desenvolvimento
Se a base da narrativa deixa antever um tom fantástico – que obviamente existe – não é esse o caminho (principal) trilhado por Charles Burns que optou por um registo de terror psicológico, que perpassa toda esta longa e densa narrativa, de tom incómodo e inquietante, com mais perguntas do que respostas.
A par dele, de forma algo surpreendente - pelo que atrás fica escrito – Burns traça um retrato forte e impactante sobre os relacionamentos e os valores de uma (nova) geração que busca na alienação proporcionada pelas drogas e pelo sexo (recém-descobertos ou em fase exploratória) as respostas que não consegue encontrar ou aquelas que já descobriu e quer esquecer.
Desta forma, “Black Hole” revela-se uma enorme metáfora, um retrato distorcido – mas não tanto quanto uma leitura apressada poderá sugerir – de uma determinada época e de uma geração (perdida?), à deriva, com o peso das (novas) responsabilidades que o crescimento traz agravado pelo estranho mal que os afecta e os leva, ao auto-isolamento e/ou a uma revolta – mais ou menos violenta – contra uma sociedade que não sendo (?) culpada, também pouco ou nada faz para os ajudar (recuperar, integrar, guiar, direccionar…).
Burns, acentua a sensação de estranheza e incómodo pelo forte contraste entra o seu traço limpo, bastante realista, pormenorizado e até agradável, e o tom escuro das pranchas fruto do predomínio do tom negro, que – numa boa utilização de técnica fotográfica - muitas vezes assumem o aspecto de negativos e não de imagem já revelada.
O relato, feito a várias vozes – as dos principais intervenientes – e várias interpretações – consoante os pontos de vista de cada um - é feito de avanços e recuos, exibindo muitas vezes o que aconteceu e só depois as causas que levaram ao efeito já desvendado, numa narrativa elíptica, que obriga o leitor a atenção redobrada e, por vezes, a sucessivas reinterpretações do que vê, enquanto se sente a mergulhar, inexoravelmente, sem escapatória, num infinito “buraco negro”.



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