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16/10/2019

Chevalier Ardent Intégrale #4

Semana dos integrais (3)



Cada vez mais, as edições integrais são o melhor caminho para quem quer conhecer obras do passado - mesmo que relativamente recente - ou recordar aquelas que marcaram a sua infância ou juventude - com todos os riscos que isso acarreta!
Por isso, esta será uma semana (quase?) toda dedicada a edições integrais, aqui em As Leituras do Pedro.
Depois de Natacha e Matt Marriott, hoje vamos ao encontro de Chevalier Ardent.

26/08/2011

Chevalier Ardent #20

Les Murs qui saignent
François Craenhals (argumento e desenho)
Casterman (França, Setembro de 2001)
48 p., cor, cartonado
8,54 €

Durante muitos anos foram uma instituição dentro da banda desenhada francófona e era impensável fazer uma história sem eles. Falo dos heróis clássicos, os invencíveis, defensores do bem, inimigos do mal, capazes de saírem incólumes das situações mais complicadas, de vencerem os vilões mais retorcidamente maquiavélicos.
Em Portugal, pelo menos duas gerações deram os seus primeiros passos nos quadradinhos na revista Tintin (1968-1982). Nomes como Ric Hochet, Bernard Prince, Tounga, Luc Orient, Bruno Brazil ou Comanche, evocam boas memórias, sustos enormes, alívios imensos, recordações da infância, incontornáveis, inesquecíveis.
Um desses heróis, o Cavaleiro Ardente, atinge agora os 20 álbuns, com "Les Murs qui saignent", no qual François Craenhals, da forma que já conhecemos, desenvolve na Idade Média uma narrativa que combina acção e mistério, na qual conduz Ardent e Gwendoline na descoberta do segredo que envolve a morte da rainha Marmande.
Mas se os heróis e as técnicas narrativas são as mesmas, hoje olhamo-los com outros olhos. Mais críticos, mais realistas, menos capazes de se maravilharem, de se deslumbrarem. Por isso, às vezes os reencontros são penosos. Porque reparámos em personagens desproporcionados, em incongruências temporais, em respostas que ficam por dar, em soluções que deixam a desejar.
Mas quando ultrapassamos isso, quando pomos de lado o olhar crítico da maturidade, da responsabilidade (de alguma idade?) são como velhos amigos que revemos ao fim de anos de separação. Sabemos que não vão trazer nada de novo, que estão exactamente na mesma, que (quase) não mudaram, (quase) não envelheceram, que mantêm os mesmos ideais.
Olhamos para eles com nostalgia, perdoamos (todas?) as fraquezas, as coisas que só podem acontecer numa banda desenhada (e elas também existem para isso), só pela alegria do reencontro. E, por isso, continuam a alimentar os nossos sonhos. Nem que sejam os sonhos mais antigos, do tempo em que eles ainda eram mais fortes do que a realidade que nos envolvia.

(Texto publicado originalmente no Jornal de Notícias de 23 de Outubro de 2001)

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