Coleción 100 % Max
Robert Kirkman e John Arcudi (argumento)
Cory Walker e Steve Ellis (desenho)
Panini Comics
Espanha, Junho de 2013
170 x 260 mm, 144 p., cor, brochada com badanas
13,00 €
Introdução
Destructor foi um super-herói que surgiu em 1941, nas
páginas da revista “Mystic Comics”, criado para combater os exércitos de Hitler.
Jornalista americano em acção na Alemanha para investigar os
horrores cometidos pelos nazis, acabaria preso num campo de concentração, onde
conheceu um cientista que lhe forneceu um soro semelhante ao que transformou
Steve Rogers no Capitão América. Recebeu, assim, força, agilidade, velocidade e
resistências fora do comum, que, após fugir de onde estava preso, usou para
combater os seus antigos captores.
Passe o paradoxo, num “mundo real” (quase) todos os
confrontos entre super-heróis e os seus inimigos deveriam ser como os de
Destructor, com os vilões (literalmente…) desfeitos.
Mas, como tal raramente acontece – menos ainda na dimensão mostrada
neste livro – quando surge uma história como esta, em que a violência não tem
limites e o sangue jorra em todas as direcções e cobre – literalmente, outra
vez… – o (suposto) herói, a reacção do leitor pode ser de surpresa – é-o quase
sempre – de nojo ou de divertimento. Ou uma combinação das três, em doses
proporcionais ao estômago de cada um.
Aquele último registo, foi o adoptado por Robert Kirkman –
sim, é o criador de “The Walking Dead”, aqui num dos seus últimos trabalhos com
super-heróis para a Marvel , antes de se dedicar á criação que o tronou famoso.
Ao recuperar Destructor, num tom apropriado para leitores
adultos (nos EUA…), optou por o mostrar já com alguma idade, com problemas
cardíacos, numa luta contra o tempo (de vida que lhe resta) decidido a
assassinar – literalmente, de novo… – uma série de vilões que não quer deixar
para trás (de si).
Os confrontos – breves, mas de inusitada violência – são
autênticos banhos de sangue, com o protagonista a arrancar braços para enfiar pela
boca abaixo do adversário, perfurar inimigos a murro, esmagar corpos ou
explodir cabeças na direcção do leitor (como na vinheta que abre o livro), ou
seja, a provocar imensos danos (não colaterais) bem visíveis e incontornáveis.
A par deste fechar de ciclo, Kirkman (já aqui…) trabalha bem
as questões dos relacionamentos do Destructor – com a mulher, a filha, o
cunhado – enquanto prepara a sua passagem de testemunho, num último contraste
entre o tom violento e as limitações que a idade impõe.
Curiosamente, o registo gráfico de Cory Walker, despojado de
pormenores, com problemas evidentes ao nível dos rostos, mas tornado agradável
pelas cores vivas e planas de Val Staples, se atenua o lado (hiper-)violento do
relato, contribui também para fazer sobressair o seu inegável tom paródico.
O livro conclui com uma história curta, de John Arcudi e
Steve Ellis, protagonizada pelo Destructor original, em luta contra os nazis, e
fecha com um mini-dossier com esboços e capas da série.