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18/02/2011

True grit

Christian Wildgoose (argumento - baseado no romance homónimo de Charles Portis e no argumento cinematográfico dos irmãos Cohen - e desenho)
Paramount (Fevereiro de 2011)

27 p., pb, digital

Apesar de True Grit já ter estreado nos EUA no final de 2010, só há dias é que a Paramount disponibilizou esta banda desenhada inspirada numa das cenas-chave da película dirigida pelos irmãos Cohen, ou seja, a tempo de o promover na maior parte dos países europeus, asiáticos e sul-americanos onde só agora estreia (como aconteceu ontem em Portugal, onde recbeu o título "Indomável").
Embora seja óbvio (e assumido) o intuito promocional da BD, a verdade é que ela funciona bem autonomamente, introduzindo os leitores no universo do filme, em particular dando a conhecer o Marshall Rooster Cogburn (interpretado por Jeff Bridges).
O seu autor é o britânico Christian Wildgoose, que conta que tudo começou quando editou no seu site um sketch da personagem de Bridges, feito após o visionamento do trailler do filme. De alguma forma a imagem chegou às mãos de um responsável da Paramount que o convidou para fazer desenvolver uma BD, partindo do filme.
Agora, estão disponíveis gratuitamente online duas dúzias de pranchas, apenas a preto e branco (e cinzento para realçar os volumes), nas quais Cogburn narra num tribunal como encontrou duas vítimas dos irmãos Wharton e partiu em sua perseguição. O traço de Wildgoose, duro e agreste, revela-se ideal para o tom duro e violento da trama, não se coibindo de mostrar algumas cenas mais fortes, e para retratar o cenário em que ela decorre, deixando sem dúvida o leitor desejoso de conhecer o resto da história…
Para isso, terá que ir ao cinema… ou esperar que Wildgoose seja convidado a desenhar o restante deste western.
O que não impede que este comic, também disponível em versão francesa, esteja nomeado para os Eagle Awards, nas categorias de “Best British Black and White Comic” e “Bets Letterer” (Jim Campbell).



(Versão revista e aumentada do texto publicado no Jornal de Notícias de 17 de Fevereiro de 2011)

11/02/2011

Score the Goals

Droit aux Buts / Anota los Goles
United Nations Office on Sport for Development and Peace
(Janeiro de 2011)


Wilfried Lemke , o Conselheiro Especial do Secretário Geral das Nações Unidas (ONU) para o desporto ao serviço do desenvolvimento e da paz, apresentou no final de Janeiro uma banda desenhada que pretende sensibilizar para os Objectivos do Milénio para o Desenvolvimento (OMD), especialmente vocacionada para as crianças e adolescentes entre os 8 e os 12 anos.
A história de “Score the goals” começa com o naufrágio de um veleiro, a bordo do qual seguiam 10 futebolistas famosos, todos eles embaixadores das Nações Unidas, que iam participar num jogo amigável a favor da ONU. Trata-se de Luís Figo, Emmanuel Adebayor, Roberto Baggio, Michael Ballack, Iker Casillas, Didier Drogba, Raúl, Ronaldo, Patrick Vieira e Zinédine Zidane que, chegados a uma ilha deserta, terão que fazer face a uma série de situações novas e desconhecidas, auxiliando os restantes náufragos.
Dessa forma, ao longo do relato, vão sendo introduzidos e explicados de forma simples e directa os oito Objectivos do Milénio para o Desenvolvimento até 2015: erradicar a pobreza extrema e a fome, alcançar o ensino primário universal, promover a igualdade de género e autonomização da mulher, reduzir a mortalidade infantil, melhorar a saúde materna, combater o VIH/SIDA, a malária e outras doenças, garantir a sustentabilidade ambiental e criar uma parceria global para o desenvolvimento.
Iker Casillas, guarda-redes do Real Madrid, durante a apresentação declarou-se “muito honrado por participar nesta banda desenhada, pois é um meio ao mesmo tempo lúdico e pedagógico que permite sensibilizar as crianças do mundo inteiro para os OMD, ensinando valores como a tolerância, o respeito e o espírito de equipa. Como diz a BD: juntos podemos conseguir!”.
Lemke realçou que “ainda há poucas pessoas no mundo que conhecem os OMD, por isso é primordial chamar a atenção para eles, em especial junto dos mais jovens”.
Embora vá ter uma primeira edição impressa com uma tiragem de 10 mil exemplares que vão ser distribuídos pela ONU junto dos seus parceiros, a banda desenhada pode ser descarregada no formato pdf em inglês, francês e espanhol. Traduções noutras línguas, entre as quais o árabe, o chinês e o russo, serão disponibilizadas em breve.


(Texto publicado no Jornal de Notícias de 4 de Fevereiro de 2011)

06/09/2010

Futuro dos quadradinhos passa pelo digital?

Nascida há pouco mais de um século, com o advento da imprensa, a banda desenhada dá agora os primeiros passos nos novos suportes digitais, que alguns anunciam como o seu futuro.
“Oficiosamente”, a banda desenhada nasceu a 25 de Outubro de 1896. A data assinalava o primeiro balão de texto do The Yellow Kid, de Richard F. Outcault, e também a sua massificação pela imprensa. Para a escolha dessa data, por um grupo de especialistas, entre os quais Vasco Granja, reunidos em Lucca, em 1989, pesou também a proximidade dos seus primeiros 100 anos. E, pode dizer-se, nasceu para ser lida em papel, primeiro nos jornais, depois em revistas, mais recentemente em álbuns e livros.
Mas, com o advento das novas tecnologias, a BD também as tem experimentado, a diversos níveis. Através da leitura directa em ecrãs (área em que se têm multiplicado os scanners piratas que as editoras combatem cada vez mais ferozmente) ou tendo a internet já como suporte original, como forma de combater as dificuldades relacionadas com a edição, o lançamento de novos autores e a distribuição dos livros. O que, por exemplo, popularizou o formato geralmente designado como “italiano” (horizontal), mais próximo das medidas dos ecrãs tradicionais.
Isto, segundo alguns (saudosistas?), retira aos quadradinhos características fundamentais: a textura do papel, o cheiro da tinta, o peso físico do objecto livro, a facilidade de avançar e recuar voltando as páginas, a possibilidade de apreciar uma página inteira ou mesmo páginas duplas… Ou, indo mais longe, tornando impossível as edições de luxo e as tiragens limitadas, tão ao gosto dos coleccionadores. Do outro lado da barricada, apontam-se como vantagens a diminuição radical do espaço de arrumação dos livros impressos, a diminuição do papel gasto e a consequente preservação das florestas ou a facilidade de transporte das obras.
Com o crescendo da aposta das editoras neste formato, as ferramentas informáticas têm sido utilizadas para aproximar os quadradinhos digitais do formato original (“virar” das páginas) ou acrescentar-lhes algo no novo suporte (ampliação de vinhetas ou animações limitadas, os designados “motion comics”).
Por isso, cada vez mais, é possível aceder online a excertos de obras novas, a títulos esgotadas ou difíceis de encontrar e mesmo a novas edições. Gratuitamente, alugando por períodos mais ou menos limitados, por assinatura ou pagando o título desejado. Mas sempre num nível (ainda com muito de) experimental e de teste a um mercado que para já é apenas potencial. E que ainda possui muitas limitações: o aluguer não garante propriedade, uma falha de sistema pode significar a perda da “biblioteca”, o fecho ou mudança do site vendedor também…
Actualmente, a facilidade de acesso a leitores como o iPad, Kindle, iPod, iPhone, Courier (e às suas muitas potencialidades) abre novas portas. Ou não, como o confirma o facto de em Junho último um dos mais importantes operadores franceses de comics digitais ter vendido apenas cinco títulos…
Mas os sinais de que o novo suporte veio para ficar (quanto mais não seja para servir a geração vindoura já “nascida” a ler digitalmente…) multiplicam-se, tal como as aplicações que os suportam: ComiXology, iVerse, BD Touch. Recentemente, a Marvel lançou pela primeira vez em simultâneo um comic – do Homem de Ferro - em versão papel e digital. A DC Comics anunciou em grandes parangonas a entrada no mundo virtual; outras editoras, como as igualmente norte-americanas IDW, Dark Horse ou Aspen, dão também passos firmes nesse sentido. Na Europa, o panorama não é muito diferente: a Soleil e os Humanoides Associèes têm já on-line o seu catálogo na DigiBidi, enquanto que a Casterman, a Dupuis, a Dargaud, a Lombard e a Fluide Glacial criaram a Izneo onde têm distribuído (também) desta forma alguns dos seus títulos mais chamativos. Questões como o preço da versão digital relativamente à de papel ou os pagamentos aos autores, são outros pontos – não pacíficos – que aguardam resolução.
Por isso, sendo tantas as questões e dúvidas e ainda tão poucas as respostas e esclarecimentos, para terminar parece ajustado um modelo que foi recorrente no tempo das revistas (em papel) de histórias aos quadradinhos: (continua).
(Versão revista e aumentada do texto publicado no Jornal de Notícias de 22 de Agosto de 2010)
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