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28/01/2013

Rusty Riley, 65 anos


Um rapaz, um cavalo e um cão









A 26 de Janeiro de 1948, estreava-se nos quadradinhos norte-americanos um novo pequeno herói, Rusty Riley de seu nome, que os leitores do “Mundo de Aventuras”, a publicação portuguesa que mais destaque lhe deu, recordarão certamente como Pedrito.

A estreia portuguesa da série aconteceu nesse mesmo ano, no n.º 537 do “Diabrete”, tendo o jovem órfão, igualmente rebaptizado como Pepe ou Pedro, passado de igual modo pelas páginas do “Condor”, “Colecção Águia” ou “Ciclone”, entre outras.
No original subintitulado “um rapaz, um cavalo e um cão”, narra, num tom muitas vezes neo-realista, pelo retrato duro que expressa das franjas da sociedade norte-americana, como Rusty, um adolescente de 14 anos, foge do orfanato onde estava com o seu cão Flix, indo trabalhar para um criador de cavalos, Mr. Miles, acabando mesmo por se tornar jóquei.
As suas aventuras, frequentemente de tom dramático, sempre com um lado humano, oscilam entre o desportivo e o policial, quase sempre tendo ao seu lado Patty, a filha de Miles.
Escrita por Rod Reed, esta banda desenhada destacou-se pela qualidade do traço elegante, realista, fino, expressivo e detalhado e pelo sombreado de Frank Godwyn, já conhecido como criador a solo de outra tira diária de sucesso, “Connie”, cujos destinos guiou entre 1927 e 1944.

À tira diária original, a partir de Junho do mesmo ano juntou-se uma prancha dominical, escrita por Harold Godwin, irmão de Frank que também assegurava o seu grafismo.
Distribuído pelo King Features Syndicate, “Rusty Riley” não resistiria à morte do seu desenhador, devido a um ataque cardíaco, a 5 de Agosto de 1959, concluindo a publicação em 1 de Novembro desse ano, já com as últimas pranchas desenhadas por Bob Lubbers.
Nos Estados Unidos, a Classic Comics Press anunciou para a Primavera de 2013 o primeiro volume da reedição integral de “Rusty Riley”.

(Versão revista do texto publicado no Jornal de Notícias de 27 de Janeiro de 2013)



24/01/2013

Comics Star Wars #1 – Clássicos #1




  



Roy Thomas, Don Glut e Archie Godwin (argumento)
Howard Chaykin, Steve leiloha, Rick Hoberg, Bill Wray, Frank Springer, Tom Palmer, Alan Kupperberg, Carmine Infantino e Terry Austin (desenho)
Planeta DeAgostini
(Portugal, 10 de Janeiro de 2013)
170 x 260 mm, 192 p., cor, cartonado
1,99 €



Antecipando a chegada às bancas portuguesas, na próxima 2.ª feira*, do segundo tomo (ao preço de 5,99 €) de um dos mais ambiciosos projectos aos quadradinhos que Portugal conheceu nas últimas décadas, justifica-se uma análise ao volume inicial da colecção Comics Star Wars.


Partindo do objecto (livro) em si é justo dizer que é uma boa edição, ao nível do papel, impressão e encadernação. Que – também por isso – merecia uma legendagem mais atenta, à qual não se pedia mais do que acompanhar a original, o que está longe de fazer, esquecendo uma equilibrada ocupação dos balões e ignorando (quase) totalmente as variações do tipo de letra para definir o rom de voz de cada um dos intervenientes.
Em termos editoriais, impunha-se a inclusão de textos de apoio que ajudassem a contextualizar a obra e situassem as diversas histórias dentro da vasta cronologia do universo Star Wars, fazendo também todo o sentido a indicação das datas originais de publicação e a inclusão d(e algum)as capas originais.
Quanto ao conteúdo em si, facilita se dividirmos este Clássicos #1 em duas partes.
Na primeira, encontramos a adaptação do primeiro filme “Star Wars” que estreou nos cinemas em 1977. Se de alguma forma pode ser considerada uma surpresa a entrega de uma adaptação cinematográfica deste género a dois nomes consagrados dos quadradinhos de super-heróis, Roy Thomas e Howard Chaykin, a verdade é que o traço deste último surge aos olhos do leitor como pouco cuidado e impreciso, com oscilações excessivas na definição dos intervenientes de prancha para prancha e pouco empenho na constituição dos cenários. Desconheço se o facto de a BD ter começado a ser editada passados apenas dois meses após a estreia cinematográfica teve um grande peso no resultado final (no que a prazos apertados diz respeito), mas a verdade é que os leitores – tal como Star Wars - mereciam – e esperavam -mais.
Em termos de argumento, Roy Thomas demonstra competência e consegue, mais do que adaptar o filme (o que geralmente significa que só quem o visionou desfruta em pleno da BD) transpor a história original para um novo suporte, mantendo fidelidade ao seu espírito e sem a descaracterizar.
Na segunda metade do livro, inicia-se a expansão do universo Star Wars através da BD, que ao longo dos anos haveria de atingir uma dimensão que, certamente, era de todo inimaginável quando estas bandas desenhadas foram criadas. Nelas, a situação de alguma forma inverte-se, pois enquanto os argumentistas parecem tactear em busca do melhor tom a adoptar pelo relato, que sofre com o aparecimento em catadupa de lugares e personagens novos de importância diversa, o traço vai melhorando – também em função da qualidade dos diversos arte-finalistas que por ela foram passando – mas em especial quando Carmine Infantino e Terry Austin assumem o desenho, elevando a qualidade gráfica da série - o que o tomo #2 virá (ou não) confirmar.
Em jeito de conclusão, pode dizer-se que este início – para o bem e para o mal – tem as marcas incontestáveis do estilo Marvel dos anos 1980. Mas esse é um “mal” necessário numa colecção deste género, de características cronológicas (embora não exaustivamente), que se propõe publicar perto de 14 mil pranchas de quadradinhos Star Wars!

Nota final
Na sequência da publicação deste texto, a Planeta DeAgostini informou-me que todos os volumes desta colecção serão distribuídos à segunda-feira. As datas indicadas no site da colecção estavam erradas e vão ser corrigidas.
Em complemento, lembro que a colecção Comics Star Wars será quinzenal até ao volume 9, passando depois a uma periodicidade semanal.



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