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26/01/2014

J. Kendall #102 – O voo do terror

Aventuras de uma criminóloga
 
 
 
 
 
 
 
Pode o acessório parecer (ilusoriamente) principal e o que parece secundário corresponder à verdadeira essência de uma narrativa?
Berardi e Mantero respondem afirmativamente – e demonstram-no! – em O voo do terror, neste momento em bancas portuguesas, mais um relato que justifica porque razão esta é uma revista que se deve seguir mensalmente.
Confusos? Vou tentar explicar já a seguir.

22/02/2013

J. Kendall #96





  


Aventuras de uma criminóloga
Uma maleta de neve
Giancarlo Berardi e Maurizio Mantero (argumento)
Antonio Marinetti (desenho)
Mythos Editora (Brasil, Novembro de 2012)
135 x 178 mm, 132 p., pb, brochado, mensal
R$ 8,90 / 4,00 €


Três jovens sem esperança – sem futuro? com que futuro? – decidem interceptar a venda de uma grande quantidade de droga para tentar, dessa forma, ficar bem na vida. No entanto, nem tudo corre bem durante a operação que descamba num tiroteio com várias vítimas mortais.
A monte, com a tensão a testar as relações entre eles, o trio tem no encalço os dois bandos que negociavam a droga e também a polícia de Garden City – com a habitual colaboração de Julia – que tenta evitar que o banho de sangue atinja maiores proporções.
É mais uma bela narrativa policial escrita por Berardi de forma consistente e aliciante, com uma bem conseguida surpresa final que ata pontas que pareciam perdidas e tem por pano de fundo – como base e motivo - fracturas sociais cada vez mais comuns nos nossos dias.
É uma abordagem – que não defende, não condena, apenas expõe – de tom humano que faz repensar escolhas e desejos, (re)lembra como muitas vezes está à nossa beira o que buscamos (tão) longe e permite, talvez, acalentar alguma esperança no ser humano…

23/08/2012

J. Kendall #86

A sangue quente








Giancarlo Berardi e Murizio Mantero (argumento)
Laura Zuccheri (desenho)
Mythos Editora (Brasil, Janeiro de 2012)
135 x 178 mm, 132 p., pb, brochado, mensal
4,00 €

  

1.       Se é normal na banda desenhada – nos comics de super-heróis e na maior parte das séries franco-belgas a existência de um “vilão de serviço” recorrente, sempre pronto a opor-se aos desígnios dos heróis, de forma algo surpreendente isso é pouco habitual nos heróis Bonelli, pese todo o potencial para que tal acontecesse.

2.      E se surgem alguns inimigos que se destacam – Mefisto em Tex, Hellinger em Zagor, de forma mais evidente, Hogan em Mágico Vento – na maior parte dos casos as suas aparições são quase residuais se considerado o elevado número de histórias de cada um daqueles heróis.

3.      Por maioria de razões – desde logo pelo realismo do relato e pelo evidente privilegiar das componentes emocionais e psicológicas – isso também não acontece em Julia Kendall.

4.      O que - apesar da evidente contradição – não impede que “A sangue quente” apresente o terceiro confronto entre a criminóloga de Garden City e a serial killer Myrna, que foi, recorde-se, o centro da sua primeira investigação nos três números iniciais desta colecção.

5.      Fugida da cadeia, há longo tempo desaparecida, Myrna “ressuscita” aqui para se vingar como não podia deixar de ser, mais engenhosa e inteligente, também mais perigosa e, sem dúvida, mais desequilibrada, demonstrando uma obsessiva – e até quase incómoda para o leitor – relação de amor/ódio por Julia, na qual paixão e vingança se confundem (e atrapalham?), numa espiral de sexo e sangue apresentada num crescendo ao longo deste tomo - onde a violência e a sensualidade atingem níveis invulgares no contexto da série - mesmo que o(re)encontro final entre ambas se revele breve e defraude mesmo – mas apenas sob certo ponto de vista - as perspectivas criadas ao longo de uma centena de pranchas repletas de grande tensão emocional.

6.      Embora – por isso – deixe em aberto nova confrontação, num futuro que se adivinha mais ou menos distante, que se espera tenha (pelo menos) a mesma qualidade, força e emoção deste.

7.      Este regresso de Myrna, se evoca duas das mais fortes narrativas de Berardi nesta série – que mais uma vez confirma a elevada qualidade da sua escrita pela forma como desenvolve o relato aproximando pouco a pouco Julia e Myrna - evidencia também as mudanças que a “sósia” de Audrey Hepburn sofreu ao longo destes mais de sete anos de investigações.

8.     Porque Julia tem mudado. Mudou. Como qualquer leitor atento facilmente percebeu. Sem perder a sua feminilidade e a sua fragilidade, tem agora uma maior auto-confiança, uma forma diferente de se abrir, de se relacionar (e de se dar), uma outra capacidade de enfrentar as situações limites que as suas escolhas tantas vezes provocam, a exemplo do que acontece neste número quando – finalmente – se vê de novo frente a frente com Myrna.






23/12/2011

J. Kendall #79

Sangue do meu sangue
Giancarlo Berardi e Maurizio Mantero (argumento)
Federico Antinori (desenho)
Mythos Editora (Brasil, Junho de 2011)
135 x 178 mm, 132 p., pb, brochado, mensal
4,00 €
 

Resumo
O assalto a uma clínica de fertilidade e o “rapto” de alguns embriões congelados, pertencentes a pessoas influentes, leva a polícia de Garden City a recorrer uma vez mais à assessoria da criminóloga Julia Kendall, numa história que coloca questões incómodas sobre temas actuais.

Desenvolvimento
Esta é mais uma história de Julia na qual o factor humano se sobrepõe largamente à intriga base policial.
Para começar, atente-se no modo como a trama esta construída, a dois tempos, e como os seus protagonistas – os criminosos, por um lado, e as autoridades policiais e Júlia, por outro – só se cruzam, tangencialmente, uma única vez ao longo de todo o relato, para além do desfecho a posteriori. E sem que isso, em momento algum, ponha em causa a identidade do culpado primordial ou retire consistência ou interesse à narrativa, bem pelo contrário.
Depois, a forma como o seu desenrolar serve para Berardi e Mantero colocarem várias questões actuais, prementes, de resposta difícil - não única nem absoluta - relativas às escolhas que a vida obriga a fazer – porque não escolher já é optar – sobre profissão, carreira, casamento, filhos, amizades, religião, relações, métodos de fertilidade, momento de início da vida… E como cada uma dessas escolhas, implica novas opções, quase sempre igualmente difíceis e fundamentais.
A história, mais uma vez, é muito bem narrada, com os diferentes momentos dos dois níveis de acção a decorrerem a ritmos diferenciados mas apropriados, maioritariamente de forma lenta, para que o leitor possa absorver as pistas que os autores propõem – sem tomar partido ou fazer campanha - e fazer a sua própria reflexão. E a temática em causa, actual, incómoda, sensível, tem, sem dúvida, muito sobre que reflectir. 

A reter
- Mais uma vez em J. Kendall, a forma original e consistente como a narrativa é construída e desenvolvida.
- A actualidade e relevância das questões - éticas, pessoais… - que a trama base permite aos argumentistas colocar.
- A maior consistência física da edição, devido à utilização de um papel de gramagem superior.

31/01/2011

J. Kendall #69/#70





Giancarlo Berardi, Maurizio Montero (argumento)
Laura Zuccheri (desenho)
Mythos Editora (Brasil, Agosto e Setembro de 2010) 
135 x 178 mm, 132 p., pb, brochado, mensal, 4,00 € 

Resumo Julia Kendall desloca-se à pequena cidade de Wylmeth, no Texas, por motivos que só mais tarde nos serão relatados, sendo recebida com desconfiança e pouca hospitalidade pelos habitantes locais. Começa assim mais uma delicada investigação da criminóloga, que a levará a enfrentar situações limite que nunca viveu.

22/04/2010

J. Kendall Almanaque Mistério 2009

Giancarlo Berardi (argumento e guião) 
Maurizio Mantero (guião) 
Steve Boraley (arte) 
Mythos Editora (Brasil, Novembro de 2009)
135 x 178 mm, 132 p., pb, brochado, anual 

 Resumo Publicação anual, estes Almanaques Mistério narram as aventuras da jovem Júlia Kendall, quando ainda era aluna da universidade, embora já trabalhasse como assistente de um dos seus professores, Cross, que então era consultor da Procuradoria de Garden City. Neste (mini-)álbum, originalmente publicado em Itália, no Almanacco del Giallo 2009 e de momento disponível nas bancas nacionais, investiga o caso de um corpo encontrado dentro de um poço, que a polícia consegue identificar através de uma curiosa tatuagem num braço. No desenvolvimento da investigação, Júlia terá ao seu lado Eldred Herron, amigo da vítima, jovem escritor de sucesso de um único romance, com quem vai estabelecer uma relação de grande proximidade. 

Desenvolvimento O primeiro mérito de Berardi é a forma como traça o retrato da jovem Júlia, com o distanciamento necessário da versão adulta, com as contradições e hesitações próprias da idade mas já com todas as suas características futuras: a queda para se apaixonar pelo(s) homem(ns) errado(s); a insegurança, embora condimentada com mais ilusões e alguma impetuosidade, próprias da sua juventude; a inteligência e capacidade dedutiva que lhe garantirão o sucesso profissional futuro, embora atenuadas pela sua inexperiência. O criador de Júlia, mais uma vez, desenvolve uma bela história, na qual a investigação criminal e a exploração dos sentimentos dos protagonistas andam a par. No que diz respeito à primeira, diverte-se a avançar com diferentes pistas para a resolução do assassínio – um eventual serial killer, apostas clandestinas, ligação a uma organização nazi, crime passional… - sendo que a solução não estará em nenhuma delas, o que acaba por dar mais interesse e uma grande credibilidade ao argumento, pois deve ser isso que muitas vezes acontece na vida real. Mas, mais uma vez, são as relações humanas – e o que tantas vezes está por trás do seu (in)sucesso - que constitui o ponto forte de mais uma narrativa pautada por um tom intimista, desenvolvida em ritmo pausado, para permitir ao leitor digerir cada informação, cada avanço, cada recuo. Veja-se a forma como o interesse inicial de Júlia pelo jovem escritor se vai modificando, progressivamente, até se transformar (quase?) em paixão – que assenta também na forma como o desenhador retrata olhares, pequenos gestos, pormenores aparentemente sem importância - colocando em segundo plano a resolução do crime. 

Curiosidade Como é habitual nestes números especiais, é incluído um dossier que aborda os principais filmes e séries policiais que marcaram 2009 e também o escritor norte-americano James Ellroy. (Texto publicado também no Tex Willer Blog)

05/01/2010

J. Kendall #56

Giancarlo Berardi e Maurizio Mantero (argumento) 
Valerio Piccioni e Laura Zucchi (desenho) 
Mythos Editora (Brasil, Julho de 2009) 
135 x 178 mm, 132 p., pb, brochado, mensal

Resumo Uma família norte-americana, os Norton – pai, mãe, filho, filha, avô e uma empregada mexicana – planeia deixar o apartamento em que vive para se mudar para uma casa numa zona mais tranquila. Combinam a visita à nova moradia e, depois, desaparecem sem deixar rasto. 

Desenvolvimento Após esta introdução, entra o primeiro dos vários flashbacks que integram a narrativa, um artifício que faz a história avançar e que serve também para prender o leitor, que assim vai sendo actualizado e recebendo a informação ao mesmo tempo que os protagonistas. Curiosamente, ao fim de trinta e poucas páginas, aparentemente o caso que desta vez é investigado pela polícia de Garden City, com o auxílio de Júlia, parece já estar resolvido, com um suspeito a confessar o crime. Pelo que de imediato avança a sua avaliação psiquiátrica e o respectivo julgamento. Mas na sua confissão há algo que não convence a criminóloga, que decide continuar por sua conta e risco, levantando questões, situando cada um, ouvindo pessoas – tão importante que isto é! – até chegar ao desfecho, de todo inesperado, onde se adivinha uma homenagem a uma obra-prima do cinema, que não refiro para não estragar o prazer da leitura e da surpresa que ela encerra, mostrando que nem sempre são os motivos mais óbvios que provocam os maiores estragos. Giancarlo Berardi, mais uma vez, tece uma trama complexa, credível e interessante, que desenvolve a seu bel-prazer, obrigando o leitor a segui-lo ao ritmo que ele impõe. Um ritmo calmo tranquilo, apesar de um ou outro sobressalto. Pelo caminho, com mestria, aproveita para traçar um retrato decadente da instituição familiar norte-americana – e da própria sociedade -, feito de forma exemplar nas primeiras pranchas, em que os curtos diálogos durante o pequeno-almoço definem e marcam cada um dos Norton. Retrato que conclui, sem dúvida de forma incómoda, no final da história. Um retrato duro que fala de falta de diálogo, da convivência de (parentes) estranhos dentro da mesma casa, da incapacidade de expressar sentimentos, do avanço do individualismo, da falta de objectivos, da solidão. Ao mesmo tempo que continua a definir – de forma bem humana - a protagonista, a mostrar o que a move e inquieta, as suas qualidades e defeitos, o que a faz forte e quais as suas fragilidades, medos, receios, (des)ilusões. Embrenhado no argumento de Berardi, quase se esquece o desenho – realista, firme, anatomicamente correcto, ritmado, de planificação clássica mas dinâmico nos movimentos de câmara que variam planos e enquadramentos – mas que, no entanto, tem um papel determinante, pela forma como define estados de espírito, sensações e emoções, expressos pelos olhares e pelos gestos. 

A reter - Não tenho dúvidas que este é um dos melhores títulos mensais distribuídos actualmente em Portugal. Por isso, desafio quem ler estas linhas a procurá-lo numa banca (perto - ou longe - de si…!), onde neste momento está disponível, pondo de lado eventuais preconceitos em relação à edição, em brasileiro, de pequeno formato, a preto e branco, papel de fraca qualidade e impressão por vezes com problemas nas zonas mais escuras.
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