Aventuras de uma criminóloga
Pode o acessório parecer (ilusoriamente) principal e o que
parece secundário corresponder à verdadeira essência de uma narrativa?
Berardi e Mantero respondem afirmativamente – e
demonstram-no! – em O voo do terror, neste
momento em bancas portuguesas, mais um relato que justifica porque razão esta é
uma revista que se deve seguir mensalmente.
Confusos? Vou tentar explicar já a seguir.
O que (aparentemente) é essencial nesta história, é o voo
que levará Julia até às Seicheles para passar uns dias com a irmã Norma,
durante o qual intervém um pirata do ar com a intenção de conseguir a repetição
do julgamento de um (presumível) inocente condenado por homicídio – e uma outra
(e surpreendente) ocorrência, que deixo aos leitores descobrirem.
Em torno desta história central, desenrolam-se (pedaços de)
outras histórias - aparentemente secundárias, mas que na realidade são o âmago
de mais uma reflexão de Berardi, aqui em parceria com Mantero – sobre o ser
humano e a sociedade em que ele (sobre)vive.
Como as constantes hesitações, temores e recuos entre Julia
e o tenente Webb; um casal com muitos anos de vida – e de recriminações – em conjunto,
que (re)encontra numa situação extrema o que mantém a sua ligação; a estrela
televisiva em decadência que procura no mediatismo fácil a alavanca para voltar
à ribalta; a dedicação de alguém - que será invulgar protagonista e a chave que
soluciona a situação - por um amigo, afectado por uma doença degenerativa, num
triste retrato de algo que todos (mesmo
inconscientemente) tememos.
O voo do terror
Giancarlo Berardi e Maurizio Mantero
(argumento)
Steve Boraley (desenho)
Steve Boraley (desenho)
Mythos Editora
Brasil, maio de 2013
135 x 180 mm, 132 p., pb, capa
mole, mensal
R$ 9,90 / 4,50 €
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