26/01/2014

J. Kendall #102 – O voo do terror

Aventuras de uma criminóloga
 
 
 
 
 
 
 
Pode o acessório parecer (ilusoriamente) principal e o que parece secundário corresponder à verdadeira essência de uma narrativa?
Berardi e Mantero respondem afirmativamente – e demonstram-no! – em O voo do terror, neste momento em bancas portuguesas, mais um relato que justifica porque razão esta é uma revista que se deve seguir mensalmente.
Confusos? Vou tentar explicar já a seguir.
 
O que (aparentemente) é essencial nesta história, é o voo que levará Julia até às Seicheles para passar uns dias com a irmã Norma, durante o qual intervém um pirata do ar com a intenção de conseguir a repetição do julgamento de um (presumível) inocente condenado por homicídio – e uma outra (e surpreendente) ocorrência, que deixo aos leitores descobrirem.
Em torno desta história central, desenrolam-se (pedaços de) outras histórias - aparentemente secundárias, mas que na realidade são o âmago de mais uma reflexão de Berardi, aqui em parceria com Mantero – sobre o ser humano e a sociedade em que ele (sobre)vive.
Como as constantes hesitações, temores e recuos entre Julia e o tenente Webb; um casal com muitos anos de vida – e de recriminações – em conjunto, que (re)encontra numa situação extrema o que mantém a sua ligação; a estrela televisiva em decadência que procura no mediatismo fácil a alavanca para voltar à ribalta; a dedicação de alguém - que será invulgar protagonista e a chave que soluciona a situação - por um amigo, afectado por uma doença degenerativa, num triste retrato de algo que todos  (mesmo inconscientemente) tememos.
 
J. Kendall – Aventuras de uma criminóloga #102
O voo do terror
Giancarlo Berardi e Maurizio Mantero (argumento)
Steve Boraley (desenho)
Mythos Editora
Brasil, maio de 2013
135 x 180 mm, 132 p., pb, capa mole, mensal
R$ 9,90 / 4,50 €

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