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12/09/2012

Heróis Marvel #10

Justiceiro - Diário de Guerra



 

 

 
 

 

Carl Potts (argumento)
Jim Lee (desenho)
Levoir+Público (Portugal, 06 de Setembro de 2012)
170 x 260 mm, 208 p., cor, cartonado
8,90 €

 
 

Resumo
Este volume compila as revistas “Punisher War Journal 1-8”, originalmente publicadas em 1989, nas quais há a destacar três narrativas principais: a evocação da morte da família de Frank Castle às mãos de traficantes de droga; o seu confronto com um ex-companheiro do Vietname, apostado em matar todos os sobreviventes da sua companhia e uma inusitada ida a África para combater caçadores furtivos que procuram os últimos dinossauros e que inclui um confronto com Wolverine. 
Desenvolvimento
Confesso que este era um dos volumes da colecção Heróis Marvel que mais curiosidade me despertava, não só pelo pouco que conhecia do Justiceiro, mas também porque tenho alguma empatia com relatos protagonizados por vigilantes, embora descarte completamente a sua existência na vida real.
E a verdade é que as minhas expectativas foram satisfeitas, e com um bónus: o facto de estas histórias, publicadas numa revista editada em simultâneo com o título do herói, vocacionadas para uma faixa etária superior à dos habituais consumidores de comics, evocarem o seu passado – explicando a origem da sua cruzada contra os traficantes de droga em particular e a sua experiência (traumática) no Vietname - em paralelo com as histórias narradas na “actualidade”.
Para isso, nos dois primeiros números, Potts construiu uma narrativa a dois tempos, com a evocação do assassinato da família de Frankl Castle (vítimas colaterais por se encontrarem no sítio errado, à hora errada) narrada num registo gráfico e cromático diferente, a decorrer na última tira de cada prancha, em simultâneo com a narrativa principal.
Pessoalmente, dispensava, é verdade, os comics #6 e #7, em que o Justiceiro se vê a braços com Wolverine e dinossauros (!) numa selva africana (!), cuja história, auto-conclusiva, surge deslocada do registo original do herói, pela localização da acção e pela temática. E descartaria também a última narrativa – em que as pontas soltas são mais do que as respostas dadas, numa clara ilustração do motivo porque os comics de super-heróis nunca tiveram a minha preferência: o interminável encadeamento de histórias e o distorcer até ao exagero de realidades que pareciam outras, com os simples merceiros da rua onde Castle tem um dos seus esconderijos a transformarem-se em agentes não sei bem de quê, com ramificações com uma qualquer seita oriental...
Apesar disto, os dois relatos iniciais (correspondentes aos comics #1 a #5), compensaram largamente o investimento, pois  revelaram-me o Justiceiro que eu esperava: duro, violento, acima da lei e dos trâmites legais, não invencível (mas quase), assentando a sua acção na colaboração tecnológica de Microchip e nas armas que ele vai desenvolvendo. O segundo arco, em que o seu passado no Vietname é evocado, está especialmente bem escrito, combinando o habitual registo híper-violento com a cobertura pela imprensa e o suspense quanto às motivações e identidade do assassino dos seus companheiros de pelotão, com uma crítica dura e implícita (já presente no relato inicial) quanto aos métodos e às relações dos EUA com impérios assentes no dinheiro da droga.
Este volume tem ainda o atractivo de mostrar o primeiro trabalho de fôlego para a Marvel de um tal Jim Lee, futura estrela da Casa das Ideias, num registo de traço duro e agressivo – que quase página a página - que acentua o lado violento (e de certa forma adulto) do Justiceiro.
A reter
- A evocação da origem e motivações de Frank Castle para se transformar no Justiceiro, o que permite fruir integralmente da leitura deste tomo mesmo por quem nunca ouviu falar desta personagem Marvel.
- A qualidade dos primeiros dois arcos.
- A estreia “a sério” de Jim Lee.
- A edição, cartonado, com bom papel e impressão, por um preço acessível. 
Menos conseguido
- Os exageros registados a partir do comics #6, com a inclusão de Wolverine, dinossauros e seitas orientais…

 
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