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23/11/2013

X-Men: Meio século com os mutantes















Criados há meio século os X-Men surgiram como uma reflexão sobre a solidão adolescente, o racismo ou o direito à diferença, mas demoraram a tornar-se um dos títulos mais populares de super-heróis da Marvel.


No início da década de 1960, quando Stan Lee criava as bases do futuro universo Marvel, a criação dos X-Men mostrava um grupo de super-heróis diferentes daqueles tinham sido criados até então. Enquanto o Homem-Aranha, o Quarteto Fantástico ou o Hulk – todos imaginados por Lee - tinham adquirido os seus poderes na sequência de acidentes ou experiências científicas mal sucedidas, as capacidades extraordinárias dos X-Men deviam-se a uma mutação genética no seu ADN. Isso fazia deles, segundo alguns, um passo em frente na evolução do ser humano, e, segundo outros, uma ameaça a abater.
Entre os novos mutantes – termo utilizado pela primeira vez em 1953, pelo escritor Wilmar Shiras, no livro Children of the Atom - havia também duas posições antagónicas: enquanto o seu líder, professor Xavier, um poderoso telepata confinado a uma cadeira de rodas, defendia o convívio com os humanos e a utilização dos super-poderes para os ajudar, uma facção liderada por Magneto pretendia subjugar e escravizar a raça humana.
O primeiro confronto, inevitável, teve lugar logo na primeira história, em que a formação original dos X-Men incluía o Homem de Gelo, capaz de congelar tudo ao seu redor, Jean Grey, que movia objectos com o poder da mente, o Anjo, que possuía asas nas costas, Ciclope, capaz de transformar energia solar em rajadas disparadas pelos olhos, e Fera, um génio científico com força, agilidade e reflexos sobre-humanos.
Apesar da autoria de Lee e de Jack Kirby (1917-1994), as vendas da revista demoravam a arrancar, pelo que, a partir do número 19, coube a Roy Thomas e a Neal Adams tentar inverter a situação, sem sucesso, apesar da criação de novos mutantes.
Na entrada da década de 1970, Len Wein e Dave Cockrum surgiam como nova equipa criativa, mas os X-Men só começaram a conquistar a popularidade que hoje lhes é reconhecida quando o britânico Chris Claremont assumiu a escrita dos argumentos, em 1975. Durante 17 anos, no início com uma bem-sucedida parceria com o também britânico John Byrne, Claremont escreveu histórias em que reformulou a equipa original, internacionalizando-a com a entrada da africana Tempestade, o russo Colossus, o alemão Nocturno e o regresso do canadiano Wolverine, que viria a assumir cada vez mais protagonismo.
A morte de Jean Grey, uma das que maior impacto teve nos quadradinhos de super-heróis, seria o prenúncio de muitas outras que se viriam a suceder, provocando sucessivos picos de interesse, a que se juntou a exploração das características mais humanas dos diversos mutantes, originando desentendimentos e confrontos entre eles, a par da exploração dos preconceitos crescentes dos seres humanos em relação aos mutantes.
Nos anos 90, a introdução de múltiplas personagens originou histórias cada vez mais complexas e com múltiplas ramificações, tornando-os quase um universo à parte no seio da Marvel, que continua em expansão nos quadradinhos até aos nossos dias e com adaptações bem-sucedidas no cinema.
Este último aspecto fez com que, na entrada do corrente século, os quadradinhos se aproximassem da versão cinematográfica com os Ultimate X-Men, para tentarem cativar os que descobriram os mutantes no grande ecrã.

Novo filme a caminho
Apesar da 20th Century Fox ter adquirido os direitos dos mutantes em meados dos anos 90, só em 2000 é que X-Men, dirigido por Bryan Singer, e com Patrick Stewart, Ian McKellen, James Marsden, Hale Berry e Hugh Jackman no elenco, chegou aos ecrãs, sendo co-responsável pelo número crescente de películas de super-heróis produzidas desde então.
Seguiram-se X-Men 2 (2003), X-Men: Confronto Final (2006), Wolverine: Origens, X-Men: Primeira Classe (2011) e Wolverine (2013)
Para Julho do próximo ano está já anunciado X-Men: Dias de um futuro esquecido, de novo dirigido por Singer, baseado numa BD de Claremont e Byrne, que reúne mutantes provenientes de épocas distintas.


(Versão revista do texto publicado no Jornal de Notícias de 13 de Novembro de 2013)


12/09/2012

Heróis Marvel #10

Justiceiro - Diário de Guerra



 

 

 
 

 

Carl Potts (argumento)
Jim Lee (desenho)
Levoir+Público (Portugal, 06 de Setembro de 2012)
170 x 260 mm, 208 p., cor, cartonado
8,90 €

 
 

Resumo
Este volume compila as revistas “Punisher War Journal 1-8”, originalmente publicadas em 1989, nas quais há a destacar três narrativas principais: a evocação da morte da família de Frank Castle às mãos de traficantes de droga; o seu confronto com um ex-companheiro do Vietname, apostado em matar todos os sobreviventes da sua companhia e uma inusitada ida a África para combater caçadores furtivos que procuram os últimos dinossauros e que inclui um confronto com Wolverine. 
Desenvolvimento
Confesso que este era um dos volumes da colecção Heróis Marvel que mais curiosidade me despertava, não só pelo pouco que conhecia do Justiceiro, mas também porque tenho alguma empatia com relatos protagonizados por vigilantes, embora descarte completamente a sua existência na vida real.
E a verdade é que as minhas expectativas foram satisfeitas, e com um bónus: o facto de estas histórias, publicadas numa revista editada em simultâneo com o título do herói, vocacionadas para uma faixa etária superior à dos habituais consumidores de comics, evocarem o seu passado – explicando a origem da sua cruzada contra os traficantes de droga em particular e a sua experiência (traumática) no Vietname - em paralelo com as histórias narradas na “actualidade”.
Para isso, nos dois primeiros números, Potts construiu uma narrativa a dois tempos, com a evocação do assassinato da família de Frankl Castle (vítimas colaterais por se encontrarem no sítio errado, à hora errada) narrada num registo gráfico e cromático diferente, a decorrer na última tira de cada prancha, em simultâneo com a narrativa principal.
Pessoalmente, dispensava, é verdade, os comics #6 e #7, em que o Justiceiro se vê a braços com Wolverine e dinossauros (!) numa selva africana (!), cuja história, auto-conclusiva, surge deslocada do registo original do herói, pela localização da acção e pela temática. E descartaria também a última narrativa – em que as pontas soltas são mais do que as respostas dadas, numa clara ilustração do motivo porque os comics de super-heróis nunca tiveram a minha preferência: o interminável encadeamento de histórias e o distorcer até ao exagero de realidades que pareciam outras, com os simples merceiros da rua onde Castle tem um dos seus esconderijos a transformarem-se em agentes não sei bem de quê, com ramificações com uma qualquer seita oriental...
Apesar disto, os dois relatos iniciais (correspondentes aos comics #1 a #5), compensaram largamente o investimento, pois  revelaram-me o Justiceiro que eu esperava: duro, violento, acima da lei e dos trâmites legais, não invencível (mas quase), assentando a sua acção na colaboração tecnológica de Microchip e nas armas que ele vai desenvolvendo. O segundo arco, em que o seu passado no Vietname é evocado, está especialmente bem escrito, combinando o habitual registo híper-violento com a cobertura pela imprensa e o suspense quanto às motivações e identidade do assassino dos seus companheiros de pelotão, com uma crítica dura e implícita (já presente no relato inicial) quanto aos métodos e às relações dos EUA com impérios assentes no dinheiro da droga.
Este volume tem ainda o atractivo de mostrar o primeiro trabalho de fôlego para a Marvel de um tal Jim Lee, futura estrela da Casa das Ideias, num registo de traço duro e agressivo – que quase página a página - que acentua o lado violento (e de certa forma adulto) do Justiceiro.
A reter
- A evocação da origem e motivações de Frank Castle para se transformar no Justiceiro, o que permite fruir integralmente da leitura deste tomo mesmo por quem nunca ouviu falar desta personagem Marvel.
- A qualidade dos primeiros dois arcos.
- A estreia “a sério” de Jim Lee.
- A edição, cartonado, com bom papel e impressão, por um preço acessível. 
Menos conseguido
- Os exageros registados a partir do comics #6, com a inclusão de Wolverine, dinossauros e seitas orientais…

 

27/08/2012

Thor: um deus há 50 anos entre super-heróis














No universo Marvel, povoado de seres fantásticos (e quantas vezes inacreditáveis) alguns há que mesmo assim se distinguem pelos seus poderes ou origem. É o caso do poderoso Thor, que fez a sua estreia há 50 anos, na revista “Journey into Mistery2 #83, de Agosto de 1962.

Filho do todo-poderoso Odin, o rei dos deuses nórdicos, o jovem Thor, seu herdeiro natural, devido à sua impulsividade e teimosia quase provocou uma guerra entre os deuses de Asgard e os gigantes de Jotunheim. Como castigo, o seu pai baniu-o para a Terra, com a memória apagada e aprisionado no corpo de Donald Blake, um médico deficiente físico, para o jovem aprender a lutar contra a adversidade, a ser humilde, perseverante e a ajudar os outros.
Mais tarde, convencido que Thor estava mudado, Odin induziu-o a viajar até uma caverna na Noruega, onde reencontrou o seu martelo místico Mjolnir, símbolo do poder do deus do trovão. Para além de arma de ataque, o martelo serve também para Thor alternar entre a forma divina e a humana.
Só que os deuses também são falíveis e Odin nunca imaginara que o tempo que Thor passara na terra o levasse a querer permanecer aqui, para ajudar os seus habitantes, encontrando-se para sempre dividido entre dois mundos.
Os criadores de Thor, foram Stan Lee e Jack Kirby, quando o universo Marvel explodia em todos os sentidos e formava as bases que o sustêm até hoje. A inclusão de um ser sobre-humano, permitiu uma abordagem diferente, em grande parte assente na mitologia nórdica. Na sua cronologia não faltam, por isso, confrontos com Loki, o seu meio-irmão maligno que aspira ao seu trono, combates épicos com outros seres sobrenaturais, a par de façanhas mais terrestres, inclusive como membros dos Vingadores que integrou desde a sua formação.
Com o passar dos anos, como é habitual, a sua história tornou-se cada vez mais complexa, com relações amorosas, outras identidades secretas, substituição temporária por clones e outros seres e inimagináveis combates que culminariam com a sua morte, já no actual século.
Mas, como os deuses – tal como os super-heróis Marvel – são imortais, Thor voltaria poucos anos depois, para retomar o seu lugar no panteão da casa das ideias, a tempo de aproveitar o impacto do filme de 2011, que teve Chris Hemsworth como protagonista, que veio trazer novo folego à sua existência.

02/08/2012

Heróis Marvel #5

Homem-Aranha - A Morte dos Stacy









Stan Lee, Gerry Conway e Lee Weeks (argumento)
John Romita, Gil Kane e Lee Weeks (desenho)
Levoir+Público (Portugal, 2 de Agosto de 2012)
170 x 260 mm, 200 p., cor, cartonado
8,90 €



Resumo
Este volume compila as revistas “Amazing Spider-Man” #88 a #90 e #121 a #123 e a mini-série “Death and Destiny” e nas suas páginas estão narradas as mortes de três personagens que foram fundamentais na vida de Peter Parker/Homem-Aranha.

Desenvolvimento
Quinto tomo da colecção Heróis Marvel e segundo dedicado ao Homem-Aranha, este volume contém uma das histórias mais marcantes da bibliografia do aracnídeo, aquela que narra a morte de Gwen Stacy, então namorada de Peter Parker. Mais do que marcante, esta BD pode ser considerada uma das pedras basilares da mitologia deste super-herói, não só porque abriu caminho para a relação de Peter com Mary Jane, com quem viria a casar e a viver durante muitos anos, mas também porque serviu para acentuar o lado trágico da vida do Aranha e para aumentar exponencialmente o peso que já carregava nos ombros pela morte do seu tio Ben.
No entanto, antes de chegar a ela, o leitor terá primeiro de assistir à morte do capitão Stacy (que descobrira e guardara para si a identidade secreta do Homem-Aranha), que Peter então via como um pai. Ocorrido numa BD datada do início da década de 1970, como dano colateral num confronto com o Doutor Octopus, provocou em Parker um enorme sentimento de culpa e de dúvida em relação ao seu futuro, não só quanto a continuar como super-herói, mas também no que dizia respeito à sua relação com a bela Gwen.
Este dilema, explorado sem grande brilho na mini-série “Death and Destiny” – mais recente, pois foi originalmente publicada no ano 2000 – igualmente presente neste tomo, viria a atingir o seu auge em 1973, numa BD que marcou uma geração e que hoje, quase 40 anos depois, continua a ser de leitura obrigatória, não só pelo seu impacto, mas também pelas suas qualidades intrínsecas: legibilidade, ritmo, tensão, combinação entre acção, drama e tragédia, planificação diversificada e dinâmica e planos arrojados.
Conhecida como a banda desenhada cujo título apenas foi revelado no final, numa época em que as mortes nas histórias de super-heróis ainda eram definitivas (como convém lembrar), está muito bem construída por Gerry Conway e Gil Kane, que ao longo das páginas fazem subir a tensão que atingirá o clímax num confronto entre o Homem-Aranha e o Duende Verde que tinha raptado Gwen e que de forma vingativa a lançará do alto da ponte George Washington, num acto que, de forma surpreendente, terá consequências funestas.
E que levará a um novo e também trágico confronto entre o super-herói (com muita raiva quase incontida) e o vilão, num acentuar do lado humano do Homem-Aranha mas também num reforço do seu lema imutável: “com grandes poderes, vêm grandes responsabilidades”.

A reter
- A boa qualidade gráfica da edição, mais a mais se considerado o seu preço.
- A importância clássica do conteúdo deste tomo.
- A forma exemplar como os arcos mais antigos estão desenvolvidos, avançando num crescendo de tensão dramática para o clímax e o final trágico de cada um.

Menos conseguido
- A mini-série Death and Destiny no seu todo, embora seja compreensível a sua inclusão neste livro. De fora ficou a mais interessante “O Beijo”, história de DeMatteis e John Romita Sr., publicada em “Amazing Spiderman” #365, que mostra como as memórias de Gwen acompanharam Peter ao longo dos anos com a compreensão de Mary Jane.
- Bastante falada em sites e blogs - e não só naqueles dedicados aos quadradinhos - esta colecção iniciada há já um mês, continua com alguns (incompreensíveis) problemas de distribuição que poderão afastar potenciais leitores e ser um óbice a um (maior? e) merecido sucesso.

Nota – As imagens com texto em português que ilustram este texto foram retiradas do portal Central Comics.



07/05/2012

Hulk esmaga há 50 anos














Em Maio de 1962, Stan Lee e Jack Kirby apresentavam aquele que viria a ser um dos mais carismáticos personagens da Marvel: o Incrível Hulk. Versão modernizada do clássico de Stevenson, “O Estranho caso do Dr. Jeckyll e Mr. Hyde”, estreou-se em Maio de 1962, em revista própria, que, no entanto, duraria apenas 6 números.
Acreditando na sua criação, Lee, já ao lado de Steve Dikto, transferiu-o para a revista “Tales to Astonish”, onde o gigante se firmou e desenvolveu a sua mitologia, alcançando um tão grande sucesso que a publicação assumiria o seu nome, em 1966.
No episódio inicial, no contexto de Guerra Fria que então se vivia, era apresentado Bruce Banner, um brilhante cientista que durante uma experiência científica com novo armamento, para evitar a morte de um adolescente – Rick Jones, seu futuro parceiro - foi atingido com uma elevada dose de raios gama o que fez com que, a partir daí, em circunstâncias especiais, passasse a transformar-se no colérico e irascível Hulk, um gigante com imensa força bruta e praticamente invulnerável. Na BD de estreia a transformação ocorria com a passagem do dia para a noite, mas rapidamente passou a ser o estado de espírito de Banner o responsável pelas transformações.
A par da perseguição pelo exército norte-americano, personificado pelo General Ross, umas vezes para o destruir, outras para o utilizar, a série nos primeiros anos assentou nas tentativas de Banner para controlar o monstro que vivia dentro de si e na sua relação com Rick Jones e a bela Betty Ross – filha do general Ross e sua futura esposa.
Depois de Stan Lee ter assegurado a escrita das primeiras dezenas de histórias dois argumentistas viriam a distinguir-se à frente do destino das aventuras de papel de Hulk: Peter David, que privilegiou o protagonismo do gigante verde, e Bruce Jones, que optou por destacar o papel de Bruce Banner, levando-o a percorrer o vasto território dos Estados Unidos, em fuga daqueles que querem controlar o monstro que existe dentro de si, numa narrativa mais intimista e de tom conspirativo.
Graficamente, depois de Kirby, que rapidamente abandonou a série, passaram pelo Hulk nomes sonantes como John Romita, Steve Ditko, Gil Kane, John Buscema, Todd McFarlane, Ron Garbey, Paul Jenkins, Richard Corben ou John Romita Jr.
A par das suas aventuras a solo, Hulk cruzou-se em diversos momentos com os outros super-heróis da Marvel, com destaque para os Vingadores – cuja formação inicial integrou mas de quem também foi adversário – sendo míticos os seus confrontos com o Coisa ou Wolverine.

Inicialmente divulgado em Portugal através de edições brasileiras, o incrível Hulk estreou-se entre nós no suplemento Quadradinhos do jornal A Capital, em 1980, onde foram publicadas tiras diárias assinadas por Larry Lieber, irmão de Stan Lee. Nesse mesmo ano, a Agência Portuguesa de Revistas lançou uma revista com o seu nome, que se aguentou 18 números. Três anos depois seria a vez da Distri, numa colecção que teve apenas 4 números.

Depois, foi preciso esperar pelo presente século para que a Devir, como sinal de outros tempos, editasse diversos álbuns – “O Regresso do Monstro”, “Wolverine/Hulk”, “Banner” – e também uma colecção de 20 comics, esta última em parceria com o Jornal de Notícias. “Os Clássicos da Banda Desenhada” (que reproduziu a BD de estreia do Hulk) e “Os Clássicos da Banda Desenhada – Série Ouro” (Devir/Correio da Manhã, respectivamente em 2004 e 2005), também tiveram tomos dedicados ao Hulk, cuja bibliografia portuguesa também comporta um álbum de cromos e a adaptação oficial do filme.
Para lá dos quadradinhos de papel, Hulk surgiu por diversas vezes na televisão, em animações de má memória e na bem-sucedida série de que Lou Ferrigno interpretou nos anos 70/80, que originou diversos telefilmes. No cinema, em 2003 estreou o filme realizado por Ang Lee e protagonizado por Eric Banna, que foi mal recebido pela critica e pelo público.
Entretanto, circular rumores sobre um eventual filme com Mark Ruffalo, a estrear em 2015, na sequência da boa prestação do monstro verde no filme dos Vingadores, actualmente em.
Verde ou de várias cores pois embora seja aquele o tom que geralmente associamos ao Hulk, a verdade é que quando Lee e Kirby o criaram, a sua pele era cinzenta. No entanto, problemas da gráfica para acertar com o seu tom, levaram os autores a optar pelo verde ao fim de apenas três edições.
No entanto, anos mais tarde, o Hulk voltou a ser cinza durante algum tempo e, recentemente, uma das suas versões mais violentas exibe uma intensa cor vermelha…
O mesmo se passa com o seu temperamento e personalidade pois, ao longo deste meio século, de monstro descontrolado a génio científico, passando por ser com mentalidade infantil, foi diversificado o espectro comportamental já assumido pelo gigante da Marvel que inclusive, durante um certo período, viveu separado de Bruce Banner, e chegou a assumir o trono de um planeta distante.


(Versão revista e aumentada do texto publicado no Jornal de Notícias de 5 de Maio de 2012)

30/04/2011

Poderoso Thor

Corria o ano de 1962. Stan Lee em plena euforia criativa, lançava, sem o saber ainda, as bases do que viria a ser o complexo universo Marvel, explorando o conceito de super-heróis com problemas comuns (de personalidade, financeiros, sentimentais…) iniciado um ano antes com o Quarteto Fantástico. Depois de juntar o Hulk à primeira super-família, decidiu alargar o seu conceito explorando um dos temas mais recorrentes na literatura: o confronto entre pai e filho. Com a introdução de uma variante: ambos eram deuses nórdicos. O pai, Odin, reinava em Asgard, e o filho, caído em desgraça, era obrigado a penar junto dos humanos para aprender a humildade e o auto-controle.
Nascia assim o poderoso Thor, cuja estreia se deu no número 83 (datada de Agosto de 1962) da revista “Journey into Mystery”, que passou a acolher regularmente o deus nórdico, assumindo mesmo, a partir do nº 126, de Março de 1966, o título de “The Mighty Thor”. Ao lado de Lee, na criação de Thor, estava Jack Kirby, possivelmente o maior desenhador de super-heróis de sempre, que ajudou a dar a Thor a credibilidade devida a um deus: longos cabelos loiros, olhos azuis, um corpo musculado, imponente, vigoroso e um ar decidido.
Filho de Odin, rei dos deuses, Thor era o seu herdeiro natural. Apesar dos seus grandes feitos desde a adolescência, e de ter recebido o martelo místico designado como Mjolnir, símbolo do deus do trovão, que lhe conferia força e o poder de voar, o herói era obstinado e impulsivo e por isso o pai decidiu exilá-lo na Terra, com a memória apagada, aprisionando-o no corpo de Donald Blake, um deficiente físico.
Durante uma década, Thor aprendeu a superar os problemas causados pela sua perna defeituosa, formando-se em medicina e tornando-se útil para os seus semelhantes. Induzido por Odin, convencido que ele tinha aprendido a lição, viajou até à Noruega onde, na sequência de um ataque extraterrestre, se refugiou numa caverna onde encontrou um tronco retorcido que utilizou como bengala. Num momento de desespero, bateu com ela no chão, descobrindo que se tratava do seu martelo místico e que esse acto o transformava no poderoso Thor. Só que, ao contrário do que Odin esperava, Thor decidiu continuar entre os humanos, ajudando-os a combater o mal, agora sob a sua forma verdadeira.
Entre os seus principais inimigos – humanos, deuses, extraterrestres - surgiu desde logo Hulk, o único que com ele se consegue comparar em força física, e, principalmente, Loki, o seu meio-irmão adoptivo, invejoso da sua popularidade e desejoso de ocupar o trono em seu lugar. Foi na sequência de um confronto com ele que Thor, involuntariamente, viria a fundar os Vingadores (Avengers), juntamente com o Homem de Ferro, o Homem-Formiga e a Vespa, “um grupo de heróis unidos para combater inimigos que nenhum herói poderia combater sozinho”.
Ao longo de cinco décadas, Thor já experimentou de quase tudo: assumiu várias identidades terrenas, teve vários substitutos – incluindo uma mulher! – e, nos anos 80, numa das suas melhores fases, quando foi escrito e desenhado por Walt Simonson, responsável por recuperar o herói, a sua mística e a sua grandiosidade, e pela inclusão de personagens marcantes, foi até transformado em sapo, combatendo um exército de ratos…; substituiu Odin, tornando-se rei de Asgard – reino várias vezes destruído - e chegou a aniquilar a Terra numa realidade alternativa.
E, claro está, fazendo parte do universo Marvel, em que nada é garantido nem absoluto, nem a própria morte, também ele, vencendo a imortalidade inerente à sua divindade – dom que se transforma em fardo quando o leva a sobreviver à morte de muitos dos seus amigos terrenos – faleceu. Para regressar, mais forte e destemido, como um verdadeiro herói, pois ele é o poderoso Thor.


Thor em 3D
A estreia de Thor, o filme, hoje nos cinemas portugueses, uma semana antes dos Estados Unidos, traz uma novidade para quem tem seguido as aventuras cinematográficas dos super-heróis Marvel: a abertura de uma porta para o lado mágico e místico do seu universo e para as suas realidades alternativas, após diversos filmes de tom mais realista, assentes na componente tecnológica e científica.
A par disso, embora seja notória a fidelidade a uma herança aos quadradinhos com quase 50 anos, com a inclusão de quase todas as personagens marcantes e da maior parte dos seus elementos clássicos, há a preocupação em criar uma cronologia cinematográfica própria, que permita que o filme chegue também aos que não são fãs da BD.
Em termos de actores – e há muito que um filme Marvel não reunia nomes tão sonantes – o destaque vai para as prestações de Anthony Hopkins (como Odin), Tom Hiddleston (Loki) e Natalie Portman (Jane Foster), enquanto que o protagonista, um musculado Chris Hemsworth, cumpre o percurso de queda e redenção, de forma competente. A dirigi-los está o veterano Kenneth Branagh, desde logo adepto do projecto pelo lado shakespeariano do enredo.
Se o 3D nada acrescenta ao filme e se é verdade que ele tem algumas cenas menos conseguidas – como a rápida conversão de Thor ao papel de protector da Terra ou a deficiente exploração da sua rivalidade com Loki – elas não chegam para ofuscar os seus pontos fortes: as cenas que decorrem numa Asgard imponente e magnífica, o tom épico das batalhas magistralmente encenadas por Branagh ou o empolgante confronto de Thor com o vilão Destruidor.




(Versão revista e aumentada do texto publicado no Jornal de Notícias de 28 de Abril de 2011)
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