Homem-Aranha - A
Morte dos Stacy
Stan
Lee, Gerry Conway e Lee Weeks (argumento)
John
Romita, Gil Kane e Lee Weeks (desenho)
Levoir+Público (Portugal, 2 de Agosto de 2012)
170 x 260 mm, 200 p., cor, cartonado
8,90 €
Resumo
Este volume compila as revistas “Amazing Spider-Man” #88 a #90
e #121 a #123 e a mini-série “Death and Destiny” e nas suas páginas estão
narradas as mortes de três personagens que foram fundamentais na vida de Peter
Parker/Homem-Aranha.
Desenvolvimento
Quinto tomo da colecção Heróis Marvel e segundo dedicado ao
Homem-Aranha, este volume contém uma das histórias mais marcantes da
bibliografia do aracnídeo, aquela que narra a morte de Gwen Stacy, então
namorada de Peter Parker. Mais do que marcante, esta BD pode ser considerada
uma das pedras basilares da mitologia deste super-herói, não só porque abriu
caminho para a relação de Peter com Mary Jane, com quem viria a casar e a viver
durante muitos anos, mas também porque serviu para acentuar o lado trágico da
vida do Aranha e para aumentar exponencialmente o peso que já carregava nos
ombros pela morte do seu tio Ben.
No entanto, antes de chegar a ela, o leitor terá primeiro de
assistir à morte do capitão Stacy (que descobrira e guardara para si a
identidade secreta do Homem-Aranha), que Peter então via como um pai. Ocorrido numa
BD datada do início da década de 1970, como dano colateral num confronto com o
Doutor Octopus, provocou em Parker um enorme sentimento de culpa e de dúvida em
relação ao seu futuro, não só quanto a continuar como super-herói, mas também
no que dizia respeito à sua relação com a bela Gwen.
Este dilema, explorado sem grande brilho na mini-série “Death
and Destiny” – mais recente, pois foi originalmente publicada no ano 2000 – igualmente
presente neste tomo, viria a atingir o seu auge em 1973, numa BD que marcou uma
geração e que hoje, quase 40 anos depois, continua a ser de leitura obrigatória,
não só pelo seu impacto, mas também pelas suas qualidades intrínsecas: legibilidade,
ritmo, tensão, combinação entre acção, drama e tragédia, planificação
diversificada e dinâmica e planos arrojados.
Conhecida como a banda desenhada cujo título apenas foi
revelado no final, numa época em que as mortes nas histórias de super-heróis
ainda eram definitivas (como convém lembrar), está muito bem construída por
Gerry Conway e Gil Kane, que ao longo das páginas fazem subir a tensão que
atingirá o clímax num confronto entre o Homem-Aranha e o Duende Verde que tinha
raptado Gwen e que de forma vingativa a lançará do alto da ponte George
Washington, num acto que, de forma surpreendente, terá consequências funestas.
E que levará a um novo e também trágico confronto entre o super-herói
(com muita raiva quase incontida) e o vilão, num acentuar do lado humano do
Homem-Aranha mas também num reforço do seu lema imutável: “com grandes poderes,
vêm grandes responsabilidades”.
A reter
- A boa qualidade gráfica da edição, mais a mais se
considerado o seu preço.
- A importância clássica do conteúdo deste tomo.
- A forma exemplar como os arcos mais antigos estão desenvolvidos,
avançando num crescendo de tensão dramática para o clímax e o final trágico de
cada um.
Menos conseguido
- A mini-série Death and Destiny no seu todo, embora seja
compreensível a sua inclusão neste livro. De fora ficou a mais interessante “O
Beijo”, história de DeMatteis e John Romita Sr., publicada em “Amazing
Spiderman” #365, que mostra como as memórias de Gwen acompanharam Peter ao
longo dos anos com a compreensão de Mary Jane.
- Bastante falada em sites e blogs - e não só naqueles
dedicados aos quadradinhos - esta colecção iniciada há já um mês, continua com
alguns (incompreensíveis) problemas de distribuição que poderão afastar
potenciais leitores e ser um óbice a um (maior? e) merecido sucesso.
Nota – As imagens com texto em português que ilustram este
texto foram retiradas do portal Central Comics.