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24/10/2022

Thorgal: A Selkie

Reencontros emotivos



Acredito que todos aqueles que leram séries de banda desenhada na idade certa - que não tem de ser/não é obrigatoriamente a mesma, para todos - criaram com elas laços de afectividade que resistem ao tempo e ao desenvolvimento do sentido crítico, fazendo com que cada nova leitura (inexplicavelmente…?) mantenha algo - às vezes muito - da emoção e da capacidade de maravilhar que teve da primeira vez.
Thorgal é, para mim, um desses casos.

21/03/2022

Thorgal: O Eremita de Skellingar

O regresso de um velho conhecido



Thorgal, criado no já distante ano de 1977, revelou-se um dos grandes sucessos da banda desenhada franco-belga devido à mestria com que Jean Van Hamme combinou a aventura pura e violenta no tempo dos vickings, com o misticismo da sua religião, matizada com apontamentos de ficção-científico e de fantástico. Último sobrevivente de um povo 'vindo das estrelas' que ficou prisioneiro no nosso planeta, Thorgal Aergirsson apresenta uma outra característica invulgar: vai envelhecendo ao longo da série, casa e tem filhos que, crescendo, acabam por se tornar seus companheiros de aventura ou mesmo protagonistas em vez dele.
Agora, está de regresso ao nosso país. Em boa altura.

19/11/2016

18/04/2012

Thorgal - Loba


 









Jean Van Hamme (argumento)
Grzegorz Rosinski (desenho)
ASA + Público (Portugal, 18 de Abril de 2012)
225 x 295 mm, 48 p., cor, cartonado
7,90 €





1.       Depois de um tomo – “Aarícia” sobre a infância da esposa de Thorgal…

2.      … e de um relato de tom fantástico – “O Senhor das Montanhas” ...

3.      … eis que a colecção de Thorgal que a ASA e o Público estão a disponibilizar à quarta-feira, no seu terceiro volume mostra o protagonista tal e qual a maior parte dos leitores esperariam: como um vicking, numa história em que imperam a acção e a aventura, impulsionadas pela sede de poder e por desejos cruzados de vingança.

4.      Assim, de regresso à aldeia onde cresceu, a embarcação de Thorgal e da sua família é abordada por um novo chefe, que a requisita e os obriga a desembarcar e a seguir viagem a pé, apesar da avançada gravidez de Aarícia.
5.      Só que, em breve, mais uma vez, a paz e tranquilidade a que Thorgal aspira serão quebradas e os deuses obrigá-lo-ão a pegar em armas para defender os seus.
6.      Mas, como em Thorgal nada pode ser dado como adquirido, a par da faceta claramente aventurosa deste relato – com os componentes necessários para cativar e prender o leitor, com Van Hamme mais uma vez a demonstrar a sua mestria narrativa – decorre uma outra história, muito mais humana, intensa e forte….

7.      … - que é, refira-se, uma outra componente nada desprezável da saga de Thorgal - …
8.      … que neste “Loba” está bem patente na forma como Aarícia afronta e enfrenta os elementos da natureza, os homens, os deuses e o destino, lutando pela sua sobrevivência e pela sobrevivência da criança que está para nascer…
9.      … em circunstâncias extremas e dramáticas que vale bem a pena conhecer…


11/04/2012

Thorgal – O Senhor das Montanhas








Jean Van Hamme (argumento)
Grzegorz Rosinski (desenho)
ASA + Público (Portugal, 4 de Abril de 2012)
225 x 295 mm, 48 p., cor, cartonado
7,90 €



1.       Em Thorgal, a grande aventura anda (quase) sempre de mão dada com o místico e o/ou o fantástico.
2.      “O Senhor das Montanhas” - 15º título da série e 2º da colecção que a Asa e o Público começaram a disponibilizar, à quarta-feira, na semana passada - é um belo – e conseguido – exemplo disso.
3.      Após deixar Aarícia – de novo grávida – e Jolan, o seu filho, num povoado costeiro, Thorgal parte em busca de um drakkar que lhe permita chegar à aldeia natal da sua mulher, onde ela pretende dar à luz [Loba].
4.      Pelo caminho, ao fugir a uma avalancha de neve provocada por mão misteriosa, Thorgal vai ter a uma pobre cabana isolada, onde encontra Torric, um escravo adolescente fugido.
5.      Um curioso anel, encontrado junto às ruinas da lareira, vai proporcionar-lhe, ao longo da história, uma série de saltos temporais, ao passado e ao presente (futuro?), onde encontrará também a bela Vlana e o malvado Saxegaard.
6.      Com uma galeria de personagens assim limitada, “O Senhor das Montanhas” é, igualmente, uma curiosa variação sobre a história em espaço fechado. Fisicamente, entenda-se, porque temporalmente os quatro (serão?) protagonistas viajam no tempo ao longo de quase quatro décadas, enquanto Van Hamme, com mestria, se diverte – e nos diverte - a “brincar” com a temática das viagens no tempo.
7.      Enquanto arrasta Thorgal num turbilhão de sucessivos passados e futuros, através dos quais mostra como as acções que praticamos e as escolhas que fazemos, hoje, condicionam e moldam o que seremos/viveremos, amanhã.
8.     Ou nem tanto, porque há sempre que contar com o melhor – e/ou o pior… - do ser humano…



04/04/2012

Thorgal - Aarícia








 


Jean Van Hamme (argumento)
Grzegorz Rosinski (desenho)
ASA + Público (Portugal, 4 de Abril de 2012)
225 x 295 mm, 48 p., cor, cartonado
4,90 €



1.      Este é o primeiro tomo da nova parceria entre a ASA e o jornal Público, vendido hoje com o jornal, dedicado a Thorgal , uma série magnífica que, situada no tempo dos vickings, combina a grande aventura com um tom místico e fantástico, que lhe conferem uma aura única.
2.      Como primeira nota prévia ao que de seguida vou escrever, quero deixar claro que considero esta uma das melhores escolhas que podia ter sido feita dentro da linha de banda desenhada popular que tem norteado as colecções conjuntas da ASA e do Público.
3.      E, como segunda nota prévia, afirmo que concordo com a opção editorial feita de começar esta colecção – constituída apenas por volumes inéditos em português - no tomo #14 da saga original…
4.      … porque os volumes #1 a #3 e #7 a #10 já tiveram edição portuguesa…
5.      … porque o #4 foi distribuído entre nós em edição brasileira…
6.      … e integra o ciclo de Brek Zarith concluído nos tomos #5 e #6…
7.      … tal como os tomos #11 a #13 fazem parte do ciclo do País Qâ, iniciado no tomo #9 e que a ASA conta concluir até meados de 2013.
8.      Mas, apesar de tudo o que atrás escrevo, acho que este não deveria ter sido o tomo inicial da colecção.
9.      Isto, porque acredito que a venda destas colecções de BD com o jornal pretendem mais do que atingir aqueles que já são/foram leitores de quadradinhos…
10. … ou seja, também conquistar novos leitores de banda desenhada…
11.  … e por isso não me parece que Aarícia seja o volume mais indicado para introduzir a série a quem não a conhece.
12.  Tal como “O Filho das Estrelas” (tomo #7), “Aarícia” é um conjunto de histórias curtas.
13.  Aquele abordava a infância de Thorgal, o actual volume, com histórias publicadas entre 1984 e 1988, narra episódios marcantes da infância da sua esposa: a morte da mãe; a morte de Leif Haraldson, pai adoptivo de Thorgal e a consequente coroação de Gandalf, o louco; a reintegração de Thorgal no seio da aldeia; a utilização das jóias com que a deusa Frigg a presenteou aquando do seu nascimento.
14.  Entre a ternura própria das crianças, algum humor, o início das intrigas em torno de Thorgal, a exploração da mitologia nórdica e o fantástico, servem acima de tudo para justificar a ligação entre os dois desde criança, explicar o posicionamento de Thorgal na comunidade vicking que o acolheu e reforçar o protagonismo que Aarícia vai conquistando ao longo desta longa saga.
15.  No entanto, falta-lhe o tom mais adulto presente nos álbuns “tradicionais” da série que fizeram de Thorgal um caso único no panorama da BD francófona e que teriam um maior potencial para conquistar novos leitores.
16.  Por isso, em meu entender – sem saber se isso era contratualmente exequível – penso que teria sido mais proveitoso deixar este tomo para mais tarde – mesmo que mantivesse o número 1 na lombada, para respeitar a sequência original – e introduzir Thorgal aos leitores do Público na notável exploração da temática “saltos temporais” que é “O Senhor das Montanhas” (volume #2 desta colecção, disponível na próxima quarta-feira, quando aqui escreverei sobre ele).
17.  Por isso, recomendo aos que fiquem desiludidos com “Aarícia”, um pouco de paciência ou que concedam uma segunda oportunidade a Thorgal, porque os próximos volumes – todos eles completos em si mesmo, apesar de constituírem peças de um mosaico mais vasto - já serão bem mais cativantes…
18.  E, no tomo #7 da colecção, “A marca dos banidos” (#20 na numeração original), iniciar-se-á o magnífico ciclo dedicado ao pirata (…?) Shaigan, a vários níveis cativante e surpreendente, com sequências memoráveis e um desfecho de todo inesperado, que ocupará quatro tomos que merecem um lugar de grande destaque no conjunto desta série.
19.  Que, reforço, é muito aconselhável e recomendável.

31/03/2012

Selos & Quadradinhos (76)

Stamps & Comics / Timbres & BD (76)

 


Tema/subject/sujet: Thorgal
País/country/pays: Bélgica/Belgium/Belgique
Data de Emissão/Date of issue/date d'émission: Janeiro/Jannuary/Janvier 2007 

São selos DuoStamp belgas, de colecção, de tiragem limitada (e custo acrescido), divididos ao meio: à direita o símbolo dos correios belgas, à esquerda o tema. 

Ils sont timbres DuoStamp de Belgique, de collection, en édition limitée (et bien payée), divisé en deux: à droite le symbole de la poste belge, à gauche le thème choisi. 

They are Belgian DuoStamp collectible stamps, from limited edition, divided in half: at right, the symbol of the Belgian post; at left the topic.

28/03/2012

Thorgal















A ASA em parceria com o jornal Público vai começar na próxima semana uma nova colecção de banda desenhada dedicada a Thorgal. Publicada semanalmente à quarta-feira, terá no total 16 álbuns de capa dura, todos inéditos em português, correspondentes aos volumes 14 a 29 da série original.
O primeiro custará 4,90 €., sendo o preço dos restantes 7,90 €. Os títulos anunciados são os seguintes:

Aarícia
O Senhor das Montanhas
Loba
A Guardiã das Chaves
A Espada-Sol
A Fortaleza Invisível
A Marca dos Banidos
A Coroa de Ogotaï
Gigantes
A Jaula
Aracnéa
A Peste Azul
O Reino sob a Areia
O Bárbaro
Kriss de Valnor
O Sacrifício

Thorgal, que há poucos dias completou 35 anos, pois a sua estreia deu-se a 22 de Março de 1977, no Tintin belga, é um dos maiores sucessos da banda desenhada de aventuras francófona, cujos efeitos se fazem sentir até hoje.
Apesar de aparentemente ambientada no tempo dos vickings – recriado de forma bem credível – em Thorgal há alguns traços distintivos que o afastam dos cânones tradicionais daquele género.
Desde logo pelo seu tom fantástico. Último sobrevivente de uma antiga civilização terrestre que um dia partiu para as estrelas, regressando mais tarde ao nosso planeta, Thorgal Aergisson, nas aventuras iniciais, a par da sua vida entre os vickings que o acolheram em bebé, encontra os seus compatriotas, o que confere à série um interessante tom anacrónico.
Depois, há nesta banda desenhada um marcante tom místico, com o protagonista a visitar mundos estranhos e outras dimensões, incluindo o reino da morte e o lar dos deuses.
Isto não diminui, pelo contrário, o tom aventuroso, a acção a rodos e a adrenalina sempre em alta, com desfechos inesperados e acontecimentos muito marcantes – incluindo a morte de protagonistas e um longo período em que Thorgal perde a memória e assume uma identidade completamente díspar – que surpreendem e abalam o leitor.
Por outro lado, em contraste com tudo isto, Thorgal, apesar de ser um guerreiro extraordinário, prefere uma pacata vida familiar, tentando evitar a acção e os problemas que constantemente vêm à sua procura. Por isso, ao longo dos álbuns, casa com Aarícia, envelhece, tem três filhos – Jolan, Louve e Aniel que, devido à origem extraterrestre do pai têm alguns poderes extraordinários - que vão assumindo parte do protagonismo, evocando, de alguma forma, com as muitas diferenças que facilmente se reconhecem, uma outra grande saga dos quadradinhos, o Príncipe Valente.

Criação de Jean van Hamme, sem dúvida um dos melhores, mais originais e inventivos argumentistas que a banda desenhada francófona de aventuras conheceu, as aventuras de Thorgal estão divididas por ciclos que, se não são estanques, permitem a leitura independente, sem necessidade de conhecer os restantes.
Graficamente, a evolução de Rosinski é notável. Depois de um início num registo semi-caricatural, servido por um colorido algo psicadélico, progressivamente o traço torna-se cada vez mais realista ao mesmo tempo que é apurado o trabalho de cor, que se torna cada vez mais importante na definição dos ambientes. A mudança é marcante a partir do quinto álbum, “Au-delà des ombres”, excedendo-se Rosinski sucessivamente num virtuosismo incomparável, que terá o seu auge, numa fase posterior, quando passa a realizar os álbuns numa técnica de cor directa.

Em Portugal, Thorgal estreou-se na revista Tintin #1301, a 17 de Maio de 1980, com o episódio “A feiticeira traída”. Regressaria a esta revista perto do final desse ano com “A ilha dos mares gelados” (#1321), que curiosamente o “Mundo de Aventuras” #362 publicara a preto e branco um mês antes! “Quase o paraíso” (#1503), já publicado no Mundo de Aventuras (#387) foi a terceira e última presença de Thorgal no Tintin, enquanto aquela outra revista apresentou aos leitores portugueses, sucessivamente, até 1984, diversos episódios curtos e longos: “Os três velhos do país de Aran” (#430), “A galera negra” (#458), “O drakkar perdido” (#504), “O Talismã” (#529) e “Para além das sombras” (#540). No que a publicações periódicas diz respeito, o herói haveria de passar ainda pelas páginas das Selecções BD (2ª série), em 1999/2000, onde foram publicadas três histórias curtas: “As lágrimas de Tjahzi” (#6), “A montanha de Odin” (#12) e “Primeiras neves” (#26).
Em álbum, a vida deste filho das estrelas em terras portuguesas foi também algo atribulada. O episódio inaugural, “A feiticeira traída”, foi editado pela Bertrand, em 1983. Seguiu-se a Futura, com “A ilha dos mares gelados” (1988) e “Os três velhos do país de Aran” (#1989).
Já este século, a ASA lançou sucessivamente “O filho das estrelas” (2002), “Alinoë” (2003), “Os arqueiros”(2005) e “O país Qâ” (2006). Os dois primeiros títulos editados pela ASA seriam reunidos num único volume, em 2008, no número inaugural da colecção “Grandes autores de BD”, lançada em parceria com o jornal Público.

Após o término da colecção agora anunciada, ficarão inéditos em Portugal os tomos #4 (“A galera negra”, distribuído entre nós na edição brasileira da VHD diffusion, nos anos 90) a #6 e #11 a #13, sendo que a ASA prevê editar os três últimos até meados de 2013.
Por editar, claro está, ficarão também os tomos 30 a 33, escritos por Yves Sente, que substituiu Van Hamme quando este decidiu abandonar a série, nos quais o protagonismo é partilhado entre Jolan e Thorgal.
De fora ficam igualmente as séries derivadas genericamente intituladas “Les Mondes de Thorgal”, onde já foram publicados dois volumes protagonizados por Kriss de Valnor, uma das grandes inimigas de Thorgal, da autoria de Yves Sente e Giulio De Vita, e um com as aventuras de Louve, a filha de Thorgal e Aarícia, por Yann et Surzhenko.


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