E,
finalmente, com o quinto volume de Largo Winch, os leitores
portugueses (mais antigos…) têm um livro cem por cento inédito em
português.
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24/10/2018
19/10/2018
XIII Mistery: Judith Warner
Décimo-terceiro
- e teoricamente último - tomo da colecção XIII
Mistery,
com one-shots dedicados a alguns dos secundários da série XIII,
este livro - que conta com
diversos
protagonistas já
conhecidos
- vem unir algumas das pontas soltas da série-mãe.
E - por isso?
- conta com argumento de Jean Van Hamme, na sua segunda fuga à
reforma em pouco mais de um mês, depois de
Kivu.
10/10/2018
Largo Winch #3
Enquanto
continua a descobrir quem o tenta trair dentro do seu próprio grupo,
Largo Winch vê-se a braços com uma acusação de tráfico de
heroína.
O
tiro de partida (no sentido figurado) é dado quando uma cabeça
humana é servida (literalmente) numa recepção a que Largo
comparece.
03/10/2018
Le Mariage de Largo
Em
tempo de edição integral de Largo Winch em Portugal - hoje sai o
volume 2 da colecção
Público/ASA - trago hoje uma edição que vale pela curiosidade
e também por alguma raridade, uma vez que foi limitada a 2500
exemplares.
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26/09/2018
Largo Winch #1
Bom arranque
Chega
hoje às bancas e quiosques portugueses o primeiro díptico de Largo
Winch, a nova colecção de BD ASA/Público, já apresentada em
As Leituras do Pedro.
Serve
de introdução ao protagonista e ao grupo financeiro que ele vai
gerir, baliza desde logo os parâmetros em que a colecção se vai
desenvolver e é também um exemplo de como escrever/desenhar uma boa
série de aventuras, cujo único pretexto é proporcionar uma leitura
descontraída.
10/09/2018
Largo Winch, a próxima colecção Público/ASA
Criação
de Jean Van Hamme e Philippe Francq em 1990, Largo Winch é a próxima
colecção Público/ASA.
A
partir de 26 de Setembro e até 5 de Dezembro, serão 11 álbuns em
capa dura, distribuídos semanalmente com o jornal.
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16/09/2016
Corentin: Les trois perles de Sa-Skya
Les trois perles de
Sa-Skya assinala mais um regresso de um dos grandes heróis clássicos
franco-belgas – Corentin, no caso - num álbum que a crítica francófona tem
saudado positivamente.
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20/01/2015
The XIII Mistery – L’Enquête
Este é o álbum de XIII que vai continuar inédito em
português após a conclusão da colecção em curso da ASA em parceria com o jornal Público.
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07/01/2015
XIII em Janeiro
Volume 5 – 7 Janeiro
Tudo por Maria
XIII fica a saber que afinal ele teria sido El Cascador, um
revolucionário formado em Cuba e supostamente morto há três anos atrás.
Ter-se-ia casado com Maria, filha do antigo Presidente da Costa Verde, que está
prestes a ser executada pelo infame coronel Perralta. A história parece
encaixar-se no passado de XIII, explicando inclusivamente o seu domínio da
língua espanhola… Sem hesitar, XIII parte em socorro de Maria.
El Cascador
Os revoltosos tomam de assalto a fortaleza de Roca Negra,
onde XIII se encontra secretamente preso. Maria, também ela detida na mesma
prisão, é feita refém, sendo salva por XIII que se vê a sós com ela na selva
sem saber se terá um dia sido El Cascador, seu marido. Entretanto, a ditadura
cai por terra e Maria torna-se Presidente da Costa Verde. XIII, por seu turno,
encontra Mullway, um traficante de armas irlandês que afirma ser o seu pai
biológico.
20/12/2014
Curiosidades: Mini XIII
Mini-álbum promocional, oferta Sony, datado de 1985.
Mede 100 x 130 mm, tem 48 páginas, remontadas ao ritmo de duas tiras por página (a página original tem 3 tiras). Por isso, este mini-livro reproduz a história apenas até à prancha 32.
10/12/2014
XIII #1
Começa hoje – agora a sério – a nova colecção de banda
desenhada do Público, integralmente preenchida com a série XIII.
Depois do tiro no pé que constituiu o arranque com o volume
11, o díptico O Dia do Sol Negro/Para onde
vai o índio, apresenta já em (quase) todo o seu esplendor, um dos melhores
thrillers já narrados aos quadradinhos.
03/12/2014
XIII em Dezembro
Começa hoje a ser distribuída com o jornal Público a nova
colecção de banda desenhada XIII, editada em parceria com a ASA.
Como As Leituras do Pedro já tinham adiantado aqui os títulos, um resumo da obra e algumas considerações, deixo a seguir a nota de imprensa, a listagem dos volumes
e as capas dos mesmos, conforme disponibilizadas pela editora.
Antes disso, um conselho a todos que vão comprar a colecção,
algo que aconselho vivamente: para não ficar com a sensação de que leu o livro
e não percebeu nada nem entende porque tanta gente elogiava esta criação de Jean
Van Hamme e William Vance, não leia o volume 11 que vai ser distribuído hoje. É
o último da colecção, está intimamente ligado com o que se passa atrás e muitas
das personagens são as mesmas. Por isso, refreia a curiosidade e comece a
leitura só daqui a oito dias, com o
volume onde realmente se iniciam as aventuras de XIII, o protagonista amnésico
de um dos mais conseguidos thrillers de acção que a BD criou nas últimas três décadas.
30/08/2013
Largo Winch
Fiz em poucos dias a releitura de Largo Winch, em modo quase
integral.
Série que Van Hamme (re)criou em BD a partir dos seus
próprios romances, embora seja à acção pura e à adrenalina ao máximo que
normalmente dá a primazia, tem o mundo da finança como pano de fundo, pois Largo
Winch é o herdeiro e director de um imenso grupo financeiro internacional.
Isso dá à série um toque diferente pois muitas vezes a acção
é desencadeada por operações financeiras – que Van Hamme explica de forma sóbria,
acessível e correcta para situar o leitor - e está ancorada em acontecimentos
(económicos) reais que marcaram o panorama financeiro mundial à data de escrita
dos álbuns (publicados desde 1990).
Apesar disso Largo, com apenas 26 anos, é um anticonformista
por natureza, que gosta de resolver (todos) os seus assuntos de forma pessoal e
que prefere viajar pelo mundo em auxílio daqueles com quem se foi cruzando na
sua juventude, raramente recorrendo às autoridades, num mundo repleto de
intrigas, traições e corrupção.
Deixando de fora apenas os
volumes 11 a 14 – dos 16 já editados em França – este regresso a um dos grandes
sucessos comerciais das últimas duas décadas no mercado franco-belga serviu
para constatar que o todo tem uma assinalável unidade, que contrabalança e
compensa largamente alguns exageros de uma banda desenhada típica de aventura e
acção.
Sempre rodeado de belas mulheres, geralmente em trajes
reduzidos – esta foi uma das séries responsáveis pelo recente embargo da Apple
à plataforma europeia de BD Izneo – embora algumas delas com participação
directa na origem das histórias ou no seu desenvolvimento, Largo tem como seu
braço direito o suíço Simon Ovronnaz, um homem de acção, ex-condenado e também
apreciador do belo sexo.
Com a acção a passar rapidamente de Wall Street para a
luxuriante selva birmanesa, das ruas de Hong Kong para a típica Veneza, de
Paris para águas internacionais, cada álbum – geralmente agrupados em dípticos
auto conclusivos – é uma sucessão de cenas em velocidade acelerada, onde as
surpresas e os volte-faces se sucedem a um ritmo implacável, deixando o leitor
sem fôlego.
Graficamente, a evolução do traço realista de Francq, que
foi ganhando em naturalidade e movimento, em detrimento de alguma rigidez
excessiva no início, tornou a série cada vez mais agradável aos olhos, para o
que também contribuem sobremaneira a conseguida paleta de belíssimas cores, a
conseguida recriação de cenários, sejam eles urbanos ou naturais e,
evidentemente, a atraente galeria feminina.
Apesar de muito maltratado em Portugal – mais um caso,
infelizmente – Largo Winch teve os três primeiros tomos editados pela Bertrand,
os volumes #5, #6 e #15 com a chancela da Gradiva e o díptico constituído pelos
episódios #7 e #8 editado num único volume na colecção Os Incontornáveis da
Banda Desenhada, da responsabilidade da Asa e do jornal Público.
18/04/2012
Thorgal - Loba
Jean Van Hamme (argumento)
Grzegorz Rosinski (desenho)
ASA + Público (Portugal, 18 de Abril de 2012)
225 x 295 mm, 48 p., cor, cartonado
7,90 €
3.
… eis que a colecção de Thorgal
que a ASA e o Público estão a disponibilizar à quarta-feira, no seu terceiro
volume mostra o protagonista tal e qual a maior parte dos leitores esperariam:
como um vicking, numa história em que imperam a acção e a aventura,
impulsionadas pela sede de poder e por desejos cruzados de vingança.
4.
Assim, de regresso à aldeia onde cresceu, a
embarcação de Thorgal e da sua família é abordada por um novo chefe, que a
requisita e os obriga a desembarcar e a seguir viagem a pé, apesar da avançada
gravidez de Aarícia.
5.
Só que, em breve, mais uma vez, a paz e tranquilidade
a que Thorgal aspira serão quebradas e os deuses obrigá-lo-ão a pegar em armas
para defender os seus.
6.
Mas, como em Thorgal nada pode ser dado como adquirido,
a par da faceta claramente aventurosa deste relato – com os componentes
necessários para cativar e prender o leitor, com Van Hamme mais uma vez a
demonstrar a sua mestria narrativa – decorre uma outra história, muito mais
humana, intensa e forte….
7.
… - que é, refira-se, uma outra componente nada desprezável
da saga de Thorgal - …
8.
… que neste “Loba” está bem patente na forma
como Aarícia afronta e enfrenta os elementos da natureza, os homens, os deuses
e o destino, lutando pela sua sobrevivência e pela sobrevivência da criança que
está para nascer…
9.
… em circunstâncias extremas e dramáticas que vale
bem a pena conhecer…
11/04/2012
Thorgal – O Senhor das Montanhas
Jean Van Hamme (argumento)
Grzegorz Rosinski (desenho)
ASA + Público (Portugal, 4 de Abril de 2012)
225 x 295 mm, 48 p., cor, cartonado
7,90 €
1. Em Thorgal, a grande aventura anda (quase) sempre de mão dada com o místico e o/ou o fantástico.
2. “O Senhor das Montanhas” - 15º título da série e 2º da colecção que a Asa e o Público começaram a disponibilizar, à quarta-feira, na semana passada - é um belo – e conseguido – exemplo disso.
3. Após deixar Aarícia – de novo grávida – e Jolan, o seu filho, num povoado costeiro, Thorgal parte em busca de um drakkar que lhe permita chegar à aldeia natal da sua mulher, onde ela pretende dar à luz [Loba].
4. Pelo caminho, ao fugir a uma avalancha de neve provocada por mão misteriosa, Thorgal vai ter a uma pobre cabana isolada, onde encontra Torric, um escravo adolescente fugido.
5. Um curioso anel, encontrado junto às ruinas da lareira, vai proporcionar-lhe, ao longo da história, uma série de saltos temporais, ao passado e ao presente (futuro?), onde encontrará também a bela Vlana e o malvado Saxegaard.
6. Com uma galeria de personagens assim limitada, “O Senhor das Montanhas” é, igualmente, uma curiosa variação sobre a história em espaço fechado. Fisicamente, entenda-se, porque temporalmente os quatro (serão?) protagonistas viajam no tempo ao longo de quase quatro décadas, enquanto Van Hamme, com mestria, se diverte – e nos diverte - a “brincar” com a temática das viagens no tempo.
7. Enquanto arrasta Thorgal num turbilhão de sucessivos passados e futuros, através dos quais mostra como as acções que praticamos e as escolhas que fazemos, hoje, condicionam e moldam o que seremos/viveremos, amanhã.
8. Ou nem tanto, porque há sempre que contar com o melhor – e/ou o pior… - do ser humano…
04/04/2012
Thorgal - Aarícia
Jean Van Hamme (argumento)
Grzegorz Rosinski (desenho)
ASA + Público (Portugal, 4 de Abril de 2012)
225 x 295 mm, 48 p., cor, cartonado
4,90 €
1.
Este é o primeiro tomo da nova parceria entre a
ASA e o jornal Público, vendido hoje com o jornal, dedicado a Thorgal
, uma série magnífica que, situada no tempo dos vickings, combina a grande
aventura com um tom místico e fantástico, que lhe conferem uma aura única.
2.
Como primeira nota prévia ao que de seguida vou
escrever, quero deixar claro que considero esta uma das melhores escolhas que
podia ter sido feita dentro da linha de banda desenhada popular que tem
norteado as colecções conjuntas da ASA e do Público.
3.
E, como segunda nota prévia, afirmo que concordo
com a opção editorial feita de começar esta colecção – constituída apenas por
volumes inéditos em português - no tomo #14 da saga original…
4.
… porque os volumes #1 a #3 e #7 a #10 já
tiveram edição portuguesa…
5.
… porque o #4 foi distribuído entre nós em
edição brasileira…
6.
… e integra o ciclo de Brek Zarith concluído nos
tomos #5 e #6…
7.
… tal como os tomos #11 a #13 fazem parte do
ciclo do País Qâ, iniciado no tomo #9 e que a ASA conta concluir até meados de
2013.
8.
Mas, apesar de tudo o que atrás escrevo, acho
que este não deveria ter sido o tomo inicial da colecção.
9.
Isto, porque acredito que a venda destas
colecções de BD com o jornal pretendem mais do que atingir aqueles que já são/foram
leitores de quadradinhos…
10. …
ou seja, também conquistar novos leitores de banda desenhada…
11. …
e por isso não me parece que Aarícia seja o volume mais indicado para
introduzir a série a quem não a conhece.
12. Tal
como “O Filho das Estrelas” (tomo #7), “Aarícia” é um conjunto de histórias
curtas.
13. Aquele
abordava a infância de Thorgal, o actual volume, com histórias publicadas entre
1984 e 1988, narra episódios marcantes da infância da sua esposa: a morte da mãe;
a morte de Leif Haraldson, pai adoptivo de Thorgal e a consequente coroação de
Gandalf, o louco; a reintegração de Thorgal no seio da aldeia; a utilização das
jóias com que a deusa Frigg a presenteou aquando do seu nascimento.
14. Entre
a ternura própria das crianças, algum humor, o início das intrigas em torno de
Thorgal, a exploração da mitologia nórdica e o fantástico, servem acima de tudo
para justificar a ligação entre os dois desde criança, explicar o posicionamento
de Thorgal na comunidade vicking que o acolheu e reforçar o protagonismo que
Aarícia vai conquistando ao longo desta longa saga.
15. No
entanto, falta-lhe o tom mais adulto presente nos álbuns “tradicionais” da série
que fizeram de Thorgal um caso único no panorama da BD francófona e que teriam
um maior potencial para conquistar novos leitores.
16. Por
isso, em meu entender – sem saber se isso era contratualmente exequível – penso
que teria sido mais proveitoso deixar este tomo para mais tarde – mesmo que
mantivesse o número 1 na lombada, para respeitar a sequência original – e introduzir
Thorgal aos leitores do Público na notável exploração da temática “saltos
temporais” que é “O Senhor das Montanhas” (volume #2 desta colecção, disponível
na próxima quarta-feira, quando aqui escreverei sobre ele).
17. Por
isso, recomendo aos que fiquem desiludidos com “Aarícia”, um pouco de paciência
ou que concedam uma segunda oportunidade a Thorgal, porque os próximos volumes –
todos eles completos em si mesmo, apesar de constituírem peças de um mosaico
mais vasto - já serão bem mais cativantes…
18. E,
no tomo #7 da colecção, “A marca dos banidos” (#20 na numeração original), iniciar-se-á
o magnífico ciclo dedicado ao pirata (…?) Shaigan, a vários níveis cativante e
surpreendente, com sequências memoráveis e um desfecho de todo inesperado, que
ocupará quatro tomos que merecem um lugar de grande destaque no conjunto desta
série.
19. Que,
reforço, é muito aconselhável e recomendável.
28/03/2012
Thorgal
A ASA em
parceria com o jornal Público vai começar na próxima semana uma nova colecção
de banda desenhada dedicada a Thorgal. Publicada semanalmente à quarta-feira,
terá no total 16 álbuns de capa dura, todos inéditos em português,
correspondentes aos volumes 14 a 29 da série original.
O primeiro
custará 4,90 €., sendo o preço dos restantes 7,90 €. Os títulos anunciados são
os seguintes:
Aarícia
O Senhor das Montanhas
Loba
A Guardiã das Chaves
A Espada-Sol
A Fortaleza Invisível
A Marca dos Banidos
A Coroa de Ogotaï
Gigantes
A Jaula
Aracnéa
A Peste Azul
O Reino sob a Areia
O Bárbaro
Kriss de Valnor
O Sacrifício
Thorgal, que há poucos dias completou 35 anos, pois a sua estreia deu-se a
22 de Março de 1977, no Tintin belga, é um dos maiores sucessos da banda
desenhada de aventuras francófona, cujos efeitos se fazem sentir até hoje.
Apesar de aparentemente ambientada no tempo dos vickings – recriado de
forma bem credível – em Thorgal há alguns traços distintivos que o afastam dos
cânones tradicionais daquele género.
Desde logo pelo seu tom fantástico. Último sobrevivente de uma antiga
civilização terrestre que um dia partiu para as estrelas, regressando mais
tarde ao nosso planeta, Thorgal Aergisson, nas aventuras iniciais, a par da sua
vida entre os vickings que o acolheram em bebé, encontra os seus compatriotas,
o que confere à série um interessante tom anacrónico.
Depois, há nesta banda desenhada um marcante tom místico, com o
protagonista a visitar mundos estranhos e outras dimensões, incluindo o reino
da morte e o lar dos deuses.
Isto não diminui, pelo contrário, o tom aventuroso, a acção a rodos e a
adrenalina sempre em alta, com desfechos inesperados e acontecimentos muito
marcantes – incluindo a morte de protagonistas e um longo período em que
Thorgal perde a memória e assume uma identidade completamente díspar – que
surpreendem e abalam o leitor.
Por outro lado, em contraste com tudo isto, Thorgal, apesar de ser um
guerreiro extraordinário, prefere uma pacata vida familiar, tentando evitar a
acção e os problemas que constantemente vêm à sua procura. Por isso, ao longo
dos álbuns, casa com Aarícia, envelhece, tem três filhos – Jolan, Louve e Aniel
que, devido à origem extraterrestre do pai têm alguns poderes extraordinários -
que vão assumindo parte do protagonismo, evocando, de alguma forma, com as
muitas diferenças que facilmente se reconhecem, uma outra grande saga dos
quadradinhos, o Príncipe Valente.
Criação de Jean van Hamme, sem dúvida um dos melhores, mais originais e
inventivos argumentistas que a banda desenhada francófona de aventuras
conheceu, as aventuras de Thorgal estão divididas por ciclos que, se não são
estanques, permitem a leitura independente, sem necessidade de conhecer os
restantes.
Graficamente, a evolução de Rosinski é notável. Depois de um início num
registo semi-caricatural, servido por um colorido algo psicadélico,
progressivamente o traço torna-se cada vez mais realista ao mesmo tempo que é
apurado o trabalho de cor, que se torna cada vez mais importante na definição
dos ambientes. A mudança é marcante a partir do quinto álbum, “Au-delà des
ombres”, excedendo-se Rosinski sucessivamente num virtuosismo incomparável, que
terá o seu auge, numa fase posterior, quando passa a realizar os álbuns numa
técnica de cor directa.
Em
Portugal, Thorgal estreou-se na revista Tintin #1301, a 17 de Maio de 1980, com
o episódio “A feiticeira traída”. Regressaria a esta revista perto do final desse
ano com “A ilha dos mares gelados” (#1321), que curiosamente o “Mundo de
Aventuras” #362 publicara a preto e branco um mês antes! “Quase o paraíso”
(#1503), já publicado no Mundo de Aventuras (#387) foi a terceira e última
presença de Thorgal no Tintin, enquanto aquela outra revista apresentou aos
leitores portugueses, sucessivamente, até 1984, diversos episódios curtos e
longos: “Os três velhos do país de Aran” (#430), “A galera negra” (#458), “O drakkar
perdido” (#504), “O Talismã” (#529) e “Para além das sombras” (#540). No que a
publicações periódicas diz respeito, o herói haveria de passar ainda pelas
páginas das Selecções BD (2ª série), em 1999/2000, onde foram publicadas três
histórias curtas: “As lágrimas de Tjahzi” (#6), “A montanha de Odin” (#12) e
“Primeiras neves” (#26).
Em álbum, a
vida deste filho das estrelas em terras portuguesas foi também algo atribulada.
O episódio inaugural, “A feiticeira traída”, foi editado pela Bertrand, em
1983. Seguiu-se a Futura, com “A ilha dos mares gelados” (1988) e “Os três
velhos do país de Aran” (#1989).
Já este
século, a ASA lançou sucessivamente “O filho das estrelas” (2002), “Alinoë”
(2003), “Os arqueiros”(2005) e “O país Qâ” (2006). Os dois primeiros títulos
editados pela ASA seriam reunidos num único volume, em 2008, no número
inaugural da colecção “Grandes autores de BD”, lançada em parceria com o jornal
Público.
Após o
término da colecção agora anunciada, ficarão inéditos em Portugal os tomos #4 (“A
galera negra”, distribuído entre nós na edição brasileira da VHD diffusion, nos
anos 90) a #6 e #11 a #13, sendo que a ASA prevê editar os três últimos até
meados de 2013.
Por editar,
claro está, ficarão também os tomos 30 a 33, escritos por Yves Sente, que
substituiu Van Hamme quando este decidiu abandonar a série, nos quais o
protagonismo é partilhado entre Jolan e Thorgal.
De fora
ficam igualmente as séries derivadas genericamente intituladas “Les Mondes de
Thorgal”, onde já foram publicados dois volumes protagonizados por Kriss de
Valnor, uma das grandes inimigas de Thorgal, da autoria de Yves Sente e Giulio
De Vita, e um com as aventuras de Louve, a filha de Thorgal e Aarícia, por Yann
et Surzhenko.
26/11/2010
Blake e Mortimer - A Maldição dos Trinta Dinheiros - Tomo 2 - A Porta de Orfeu
Jean Van Hamme (argumento)
Antoine Aubin (desenho)
Étienne Schréder (cenários e arte-final)
Edições ASA (Portugal, Novembro de 2010)
236 x 316 mm, 56 p., cor, cartonado
Chega hoje às livrarias nacionais um dos álbuns de banda desenhada mais aguardados do ano. Lançado pela ASA em simultâneo com a edição original francesa, trata-se de uma nova aventura de Blake e Mortimer, mais concretamente “A Porta de Orfeu”, o segundo tomo do díptico “A Maldição dos Trinta Denários”, que levou os fleumáticos heróis britânicos até à Grécia, onde teriam sido descobertas as moedas com que Judas foi recompensado por ter entregue Jesus Cristo ao sinédrio judaico.
Partindo de uma boa conjugação entre factos históricos, a tradição judaico-cristã e ficção, Jean Van Hamme construiu uma intriga forte e credível, situada em meados dos anos 50 do século passado. Nela, estes dois heróis de referência da BD franco-belga, criados por Edgar. P. Jacobs em 1946, têm que defrontar mais uma vez o coronel Olrik, desta vez coligado com um antigo oficial nazi que pretende restaurar o III Reich com a ajuda da maldição associada às moedas.
Maldição que parecia ter também afectado a génese da obra, pois o primeiro tomo, sofreu diversos atrasos, o último dos quais causado pelo falecimento súbito do seu desenhador, René Sterne, tendo a obra sido concluída mais tarde pela sua esposa, Chantal De Spiegeleer.
Para este tomo, a parte gráfica foi entregue a Antoine Aubin, um autor sem grande experiência em banda desenhada mas que conseguiu entrar no espírito da obra com um traço a um tempo artesanal e dinâmico, tendo contado com o auxílio de Étienne Schreder nos cenários e na passagem a tinta. O resultado foi de tal forma satisfatório que Van Hamme prepara já novo argumento de Blake e Mortimer para ele desenhar.
A edição portuguesa da ASA tem também como aliciante a existência de duas capas diferentes, uma igual à original e outra, exclusiva para a FNAC.
(Texto publicado no Jornal de Notícias de 26 de Novembro de 2010)
Chega hoje às livrarias nacionais um dos álbuns de banda desenhada mais aguardados do ano. Lançado pela ASA em simultâneo com a edição original francesa, trata-se de uma nova aventura de Blake e Mortimer, mais concretamente “A Porta de Orfeu”, o segundo tomo do díptico “A Maldição dos Trinta Denários”, que levou os fleumáticos heróis britânicos até à Grécia, onde teriam sido descobertas as moedas com que Judas foi recompensado por ter entregue Jesus Cristo ao sinédrio judaico.
Partindo de uma boa conjugação entre factos históricos, a tradição judaico-cristã e ficção, Jean Van Hamme construiu uma intriga forte e credível, situada em meados dos anos 50 do século passado. Nela, estes dois heróis de referência da BD franco-belga, criados por Edgar. P. Jacobs em 1946, têm que defrontar mais uma vez o coronel Olrik, desta vez coligado com um antigo oficial nazi que pretende restaurar o III Reich com a ajuda da maldição associada às moedas.
Maldição que parecia ter também afectado a génese da obra, pois o primeiro tomo, sofreu diversos atrasos, o último dos quais causado pelo falecimento súbito do seu desenhador, René Sterne, tendo a obra sido concluída mais tarde pela sua esposa, Chantal De Spiegeleer.
Para este tomo, a parte gráfica foi entregue a Antoine Aubin, um autor sem grande experiência em banda desenhada mas que conseguiu entrar no espírito da obra com um traço a um tempo artesanal e dinâmico, tendo contado com o auxílio de Étienne Schreder nos cenários e na passagem a tinta. O resultado foi de tal forma satisfatório que Van Hamme prepara já novo argumento de Blake e Mortimer para ele desenhar.
A edição portuguesa da ASA tem também como aliciante a existência de duas capas diferentes, uma igual à original e outra, exclusiva para a FNAC.
(Texto publicado no Jornal de Notícias de 26 de Novembro de 2010)
Leituras relacionadas
ASA,
Aubin,
Blake e Mortimer,
Schreder,
Van Hamme
11/01/2010
Blake & Mortimer – A Maldição dos 30 denários T.1
Jean Van Hamme (argumento)
René Sterne e Chantal De Spiegeleer (desenho)
ASA (Portugal, Novembro de 2009)
240 x 320 mm, 56 p. cor, cartonado
Cada novo “regresso” de Blake e Mortimer – e com este já são seis, quase tantas quantas as oito aventuras que Jacobs criou – tem que obrigatoriamente passar pelo crivo da comparação com os originais. Que é medida apertada ou não fosse esta uma das séries de referência da banda desenhada realista de aventuras franco-belga e um dos grandes clássicos dos quadradinhos mundiais. Apesar de Edgar P. Jacobs, o seu (idolatrado) criador, até ter algumas limitações enquanto autor de BD, em especial no que diz respeito à dinâmica do seu traço e à interligação texto/desenho, que muitas vezes é repetitiva. Por isso, nalguns casos, histórias interessantes e bem contadas, são desvalorizadas pela comparação e outras diminuídas por não serem cem por cento fiéis ao modelo.
O mesmo se passou/vai passar com este álbum - editado em Portugal simultaneamente com a edição original francesa – que na sua origem até tem um pretexto bem interessante, alicerçado na tradição judaico-cristão: a pretensa descoberta dos 30 denários que terão sido pagos a Judas Iscariotes por ter traído Jesus Cristo. O acontecimento, leva o professor Mortimer até à Grécia, onde reencontrará o coronel Olrik, seu inimigo de sempre, na busca pelas preciosas moedas às quais parece associada uma maldição, à semelhança do que acontecia com a arca perdida de Indiana Jones… E que, patente no titulo do álbum, parece ter-se transmitido à sua génese: primeiro com Ted Bênoit, que desenhou “O caso Francis Blake” e “O Estranho Encontro” a declinar continuar associado às sucessivas ressurreições de Blake e Mortimer; depois com René Sterne, o seu sucessor, a demorar quase dois anos para desenhar as primeiras 29 pranchas devido ao seu extremo rigor e perfeccionismo; finalmente, com a sua morte súbita, em 2006, a provocar novo atraso.
Como resultado, se se nota um esforço de aproximação ao traço de Jacobs no que diz respeito às personagens principais, noutras, como o pastor das primeiras pranchas ou Eleni – mais uma mulher, secundária, na série… - têm indiscutivelmente a assinatura gráfica de Sterne. Mas é no tratamento dos fundos e cenários, mais sóbrios e menos pormenorizados, que o distanciamento em relação a Jacobs é maior, em especial na segunda metade do álbum, que foi concluído pela sua esposa, Chantal De Spiegeleer, que também denota algumas dificuldades no tratamento das cenas de acção.
Quanto à narrativa em si, Jean Van Hamme, com a mestria que se lhe reconhece, construiu-a de forma consistente e envolvente, com os diversos momentos a encadearem-se a bom ritmo, fazendo a ponte entre os diferentes locais da acção, que decorre num crescendo moderado, equilibrando cenas mais dinâmicas com outras mais paradas em que vai contextualizando o enredo. E em que, a par da colagem ao mítico “O Mistério da Grande Pirâmide”, apresenta aspectos originais como a exploração da lenda relacionada com a falha do suicídio de Judas, o envolvimento de uma organização nazi e a dialéctica razão/fé implícita na trama. Resta esperar pela conclusão no segundo tomo, que está a ser desenhada pelo desconhecido Aubin Frechon, para avaliar se Van Hamme consegue conciliar todos estes aspectos de forma satisfatória.
René Sterne e Chantal De Spiegeleer (desenho)
ASA (Portugal, Novembro de 2009)
240 x 320 mm, 56 p. cor, cartonado
Cada novo “regresso” de Blake e Mortimer – e com este já são seis, quase tantas quantas as oito aventuras que Jacobs criou – tem que obrigatoriamente passar pelo crivo da comparação com os originais. Que é medida apertada ou não fosse esta uma das séries de referência da banda desenhada realista de aventuras franco-belga e um dos grandes clássicos dos quadradinhos mundiais. Apesar de Edgar P. Jacobs, o seu (idolatrado) criador, até ter algumas limitações enquanto autor de BD, em especial no que diz respeito à dinâmica do seu traço e à interligação texto/desenho, que muitas vezes é repetitiva. Por isso, nalguns casos, histórias interessantes e bem contadas, são desvalorizadas pela comparação e outras diminuídas por não serem cem por cento fiéis ao modelo.
O mesmo se passou/vai passar com este álbum - editado em Portugal simultaneamente com a edição original francesa – que na sua origem até tem um pretexto bem interessante, alicerçado na tradição judaico-cristão: a pretensa descoberta dos 30 denários que terão sido pagos a Judas Iscariotes por ter traído Jesus Cristo. O acontecimento, leva o professor Mortimer até à Grécia, onde reencontrará o coronel Olrik, seu inimigo de sempre, na busca pelas preciosas moedas às quais parece associada uma maldição, à semelhança do que acontecia com a arca perdida de Indiana Jones… E que, patente no titulo do álbum, parece ter-se transmitido à sua génese: primeiro com Ted Bênoit, que desenhou “O caso Francis Blake” e “O Estranho Encontro” a declinar continuar associado às sucessivas ressurreições de Blake e Mortimer; depois com René Sterne, o seu sucessor, a demorar quase dois anos para desenhar as primeiras 29 pranchas devido ao seu extremo rigor e perfeccionismo; finalmente, com a sua morte súbita, em 2006, a provocar novo atraso.
Como resultado, se se nota um esforço de aproximação ao traço de Jacobs no que diz respeito às personagens principais, noutras, como o pastor das primeiras pranchas ou Eleni – mais uma mulher, secundária, na série… - têm indiscutivelmente a assinatura gráfica de Sterne. Mas é no tratamento dos fundos e cenários, mais sóbrios e menos pormenorizados, que o distanciamento em relação a Jacobs é maior, em especial na segunda metade do álbum, que foi concluído pela sua esposa, Chantal De Spiegeleer, que também denota algumas dificuldades no tratamento das cenas de acção.
Quanto à narrativa em si, Jean Van Hamme, com a mestria que se lhe reconhece, construiu-a de forma consistente e envolvente, com os diversos momentos a encadearem-se a bom ritmo, fazendo a ponte entre os diferentes locais da acção, que decorre num crescendo moderado, equilibrando cenas mais dinâmicas com outras mais paradas em que vai contextualizando o enredo. E em que, a par da colagem ao mítico “O Mistério da Grande Pirâmide”, apresenta aspectos originais como a exploração da lenda relacionada com a falha do suicídio de Judas, o envolvimento de uma organização nazi e a dialéctica razão/fé implícita na trama. Resta esperar pela conclusão no segundo tomo, que está a ser desenhada pelo desconhecido Aubin Frechon, para avaliar se Van Hamme consegue conciliar todos estes aspectos de forma satisfatória.
Curiosidade
- A edição portuguesa encontra-se disponível em duas capas diferentes; a mostrada no início deste post, é igual à da edição original francófona; a outra, exclusiva das lojas FNAC e que foi desenhada propositadamente para o nosso mercado, pode ser vista aqui.
(Versão revista e aumentada do artigo publicado originalmente a 9 de Janeiro de 2010, na secção de Livros do suplemento In’ da revista NS, distribuída aos sábados com o Jornal de Notícias e o Diário de Notícias)
(Versão revista e aumentada do artigo publicado originalmente a 9 de Janeiro de 2010, na secção de Livros do suplemento In’ da revista NS, distribuída aos sábados com o Jornal de Notícias e o Diário de Notícias)
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