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25/06/2022
26/03/2021
Tintin Super-Jeunes
Eram os fanzines (3/3)
Pelo terceiro dia, abro com a mesma introdução: 'Quando comecei a
dedicar-me à banda desenhada - para além da minha posição de
leitor - as publicações, grosso modo podiam dividir-se em três
tipos: álbuns (segmento em crescimento), revistas (em declínio) e
fanzines.
Estes últimos, tinham na época a
seguinte definição (mais ou menos) consensual: 'publicação
independente, sem fins lucrativos, destinada a divulgar o trabalho de
novos autores'.
Hoje,
tudo mudou. Os álbuns predominam, as revistas acabaram e os fanzines
encontraram novas formas.'
Longe
de ser um fanzine, nesta edição,
a
Super Tintin,
de forma surpreendente, cumpre o
pressuposto final daquela definição.
Leituras relacionadas
André-Paul Duchâteau,
Cosey,
Derib,
Hermann,
Jean Dufaux,
opinião,
Rosinski,
Tintin Super
18/04/2012
Thorgal - Loba
Jean Van Hamme (argumento)
Grzegorz Rosinski (desenho)
ASA + Público (Portugal, 18 de Abril de 2012)
225 x 295 mm, 48 p., cor, cartonado
7,90 €
3.
… eis que a colecção de Thorgal
que a ASA e o Público estão a disponibilizar à quarta-feira, no seu terceiro
volume mostra o protagonista tal e qual a maior parte dos leitores esperariam:
como um vicking, numa história em que imperam a acção e a aventura,
impulsionadas pela sede de poder e por desejos cruzados de vingança.
4.
Assim, de regresso à aldeia onde cresceu, a
embarcação de Thorgal e da sua família é abordada por um novo chefe, que a
requisita e os obriga a desembarcar e a seguir viagem a pé, apesar da avançada
gravidez de Aarícia.
5.
Só que, em breve, mais uma vez, a paz e tranquilidade
a que Thorgal aspira serão quebradas e os deuses obrigá-lo-ão a pegar em armas
para defender os seus.
6.
Mas, como em Thorgal nada pode ser dado como adquirido,
a par da faceta claramente aventurosa deste relato – com os componentes
necessários para cativar e prender o leitor, com Van Hamme mais uma vez a
demonstrar a sua mestria narrativa – decorre uma outra história, muito mais
humana, intensa e forte….
7.
… - que é, refira-se, uma outra componente nada desprezável
da saga de Thorgal - …
8.
… que neste “Loba” está bem patente na forma
como Aarícia afronta e enfrenta os elementos da natureza, os homens, os deuses
e o destino, lutando pela sua sobrevivência e pela sobrevivência da criança que
está para nascer…
9.
… em circunstâncias extremas e dramáticas que vale
bem a pena conhecer…
11/04/2012
Thorgal – O Senhor das Montanhas
Jean Van Hamme (argumento)
Grzegorz Rosinski (desenho)
ASA + Público (Portugal, 4 de Abril de 2012)
225 x 295 mm, 48 p., cor, cartonado
7,90 €
1. Em Thorgal, a grande aventura anda (quase) sempre de mão dada com o místico e o/ou o fantástico.
2. “O Senhor das Montanhas” - 15º título da série e 2º da colecção que a Asa e o Público começaram a disponibilizar, à quarta-feira, na semana passada - é um belo – e conseguido – exemplo disso.
3. Após deixar Aarícia – de novo grávida – e Jolan, o seu filho, num povoado costeiro, Thorgal parte em busca de um drakkar que lhe permita chegar à aldeia natal da sua mulher, onde ela pretende dar à luz [Loba].
4. Pelo caminho, ao fugir a uma avalancha de neve provocada por mão misteriosa, Thorgal vai ter a uma pobre cabana isolada, onde encontra Torric, um escravo adolescente fugido.
5. Um curioso anel, encontrado junto às ruinas da lareira, vai proporcionar-lhe, ao longo da história, uma série de saltos temporais, ao passado e ao presente (futuro?), onde encontrará também a bela Vlana e o malvado Saxegaard.
6. Com uma galeria de personagens assim limitada, “O Senhor das Montanhas” é, igualmente, uma curiosa variação sobre a história em espaço fechado. Fisicamente, entenda-se, porque temporalmente os quatro (serão?) protagonistas viajam no tempo ao longo de quase quatro décadas, enquanto Van Hamme, com mestria, se diverte – e nos diverte - a “brincar” com a temática das viagens no tempo.
7. Enquanto arrasta Thorgal num turbilhão de sucessivos passados e futuros, através dos quais mostra como as acções que praticamos e as escolhas que fazemos, hoje, condicionam e moldam o que seremos/viveremos, amanhã.
8. Ou nem tanto, porque há sempre que contar com o melhor – e/ou o pior… - do ser humano…
04/04/2012
Thorgal - Aarícia
Jean Van Hamme (argumento)
Grzegorz Rosinski (desenho)
ASA + Público (Portugal, 4 de Abril de 2012)
225 x 295 mm, 48 p., cor, cartonado
4,90 €
1.
Este é o primeiro tomo da nova parceria entre a
ASA e o jornal Público, vendido hoje com o jornal, dedicado a Thorgal
, uma série magnífica que, situada no tempo dos vickings, combina a grande
aventura com um tom místico e fantástico, que lhe conferem uma aura única.
2.
Como primeira nota prévia ao que de seguida vou
escrever, quero deixar claro que considero esta uma das melhores escolhas que
podia ter sido feita dentro da linha de banda desenhada popular que tem
norteado as colecções conjuntas da ASA e do Público.
3.
E, como segunda nota prévia, afirmo que concordo
com a opção editorial feita de começar esta colecção – constituída apenas por
volumes inéditos em português - no tomo #14 da saga original…
4.
… porque os volumes #1 a #3 e #7 a #10 já
tiveram edição portuguesa…
5.
… porque o #4 foi distribuído entre nós em
edição brasileira…
6.
… e integra o ciclo de Brek Zarith concluído nos
tomos #5 e #6…
7.
… tal como os tomos #11 a #13 fazem parte do
ciclo do País Qâ, iniciado no tomo #9 e que a ASA conta concluir até meados de
2013.
8.
Mas, apesar de tudo o que atrás escrevo, acho
que este não deveria ter sido o tomo inicial da colecção.
9.
Isto, porque acredito que a venda destas
colecções de BD com o jornal pretendem mais do que atingir aqueles que já são/foram
leitores de quadradinhos…
10. …
ou seja, também conquistar novos leitores de banda desenhada…
11. …
e por isso não me parece que Aarícia seja o volume mais indicado para
introduzir a série a quem não a conhece.
12. Tal
como “O Filho das Estrelas” (tomo #7), “Aarícia” é um conjunto de histórias
curtas.
13. Aquele
abordava a infância de Thorgal, o actual volume, com histórias publicadas entre
1984 e 1988, narra episódios marcantes da infância da sua esposa: a morte da mãe;
a morte de Leif Haraldson, pai adoptivo de Thorgal e a consequente coroação de
Gandalf, o louco; a reintegração de Thorgal no seio da aldeia; a utilização das
jóias com que a deusa Frigg a presenteou aquando do seu nascimento.
14. Entre
a ternura própria das crianças, algum humor, o início das intrigas em torno de
Thorgal, a exploração da mitologia nórdica e o fantástico, servem acima de tudo
para justificar a ligação entre os dois desde criança, explicar o posicionamento
de Thorgal na comunidade vicking que o acolheu e reforçar o protagonismo que
Aarícia vai conquistando ao longo desta longa saga.
15. No
entanto, falta-lhe o tom mais adulto presente nos álbuns “tradicionais” da série
que fizeram de Thorgal um caso único no panorama da BD francófona e que teriam
um maior potencial para conquistar novos leitores.
16. Por
isso, em meu entender – sem saber se isso era contratualmente exequível – penso
que teria sido mais proveitoso deixar este tomo para mais tarde – mesmo que
mantivesse o número 1 na lombada, para respeitar a sequência original – e introduzir
Thorgal aos leitores do Público na notável exploração da temática “saltos
temporais” que é “O Senhor das Montanhas” (volume #2 desta colecção, disponível
na próxima quarta-feira, quando aqui escreverei sobre ele).
17. Por
isso, recomendo aos que fiquem desiludidos com “Aarícia”, um pouco de paciência
ou que concedam uma segunda oportunidade a Thorgal, porque os próximos volumes –
todos eles completos em si mesmo, apesar de constituírem peças de um mosaico
mais vasto - já serão bem mais cativantes…
18. E,
no tomo #7 da colecção, “A marca dos banidos” (#20 na numeração original), iniciar-se-á
o magnífico ciclo dedicado ao pirata (…?) Shaigan, a vários níveis cativante e
surpreendente, com sequências memoráveis e um desfecho de todo inesperado, que
ocupará quatro tomos que merecem um lugar de grande destaque no conjunto desta
série.
19. Que,
reforço, é muito aconselhável e recomendável.
28/03/2012
Thorgal
A ASA em
parceria com o jornal Público vai começar na próxima semana uma nova colecção
de banda desenhada dedicada a Thorgal. Publicada semanalmente à quarta-feira,
terá no total 16 álbuns de capa dura, todos inéditos em português,
correspondentes aos volumes 14 a 29 da série original.
O primeiro
custará 4,90 €., sendo o preço dos restantes 7,90 €. Os títulos anunciados são
os seguintes:
Aarícia
O Senhor das Montanhas
Loba
A Guardiã das Chaves
A Espada-Sol
A Fortaleza Invisível
A Marca dos Banidos
A Coroa de Ogotaï
Gigantes
A Jaula
Aracnéa
A Peste Azul
O Reino sob a Areia
O Bárbaro
Kriss de Valnor
O Sacrifício
Thorgal, que há poucos dias completou 35 anos, pois a sua estreia deu-se a
22 de Março de 1977, no Tintin belga, é um dos maiores sucessos da banda
desenhada de aventuras francófona, cujos efeitos se fazem sentir até hoje.
Apesar de aparentemente ambientada no tempo dos vickings – recriado de
forma bem credível – em Thorgal há alguns traços distintivos que o afastam dos
cânones tradicionais daquele género.
Desde logo pelo seu tom fantástico. Último sobrevivente de uma antiga
civilização terrestre que um dia partiu para as estrelas, regressando mais
tarde ao nosso planeta, Thorgal Aergisson, nas aventuras iniciais, a par da sua
vida entre os vickings que o acolheram em bebé, encontra os seus compatriotas,
o que confere à série um interessante tom anacrónico.
Depois, há nesta banda desenhada um marcante tom místico, com o
protagonista a visitar mundos estranhos e outras dimensões, incluindo o reino
da morte e o lar dos deuses.
Isto não diminui, pelo contrário, o tom aventuroso, a acção a rodos e a
adrenalina sempre em alta, com desfechos inesperados e acontecimentos muito
marcantes – incluindo a morte de protagonistas e um longo período em que
Thorgal perde a memória e assume uma identidade completamente díspar – que
surpreendem e abalam o leitor.
Por outro lado, em contraste com tudo isto, Thorgal, apesar de ser um
guerreiro extraordinário, prefere uma pacata vida familiar, tentando evitar a
acção e os problemas que constantemente vêm à sua procura. Por isso, ao longo
dos álbuns, casa com Aarícia, envelhece, tem três filhos – Jolan, Louve e Aniel
que, devido à origem extraterrestre do pai têm alguns poderes extraordinários -
que vão assumindo parte do protagonismo, evocando, de alguma forma, com as
muitas diferenças que facilmente se reconhecem, uma outra grande saga dos
quadradinhos, o Príncipe Valente.
Criação de Jean van Hamme, sem dúvida um dos melhores, mais originais e
inventivos argumentistas que a banda desenhada francófona de aventuras
conheceu, as aventuras de Thorgal estão divididas por ciclos que, se não são
estanques, permitem a leitura independente, sem necessidade de conhecer os
restantes.
Graficamente, a evolução de Rosinski é notável. Depois de um início num
registo semi-caricatural, servido por um colorido algo psicadélico,
progressivamente o traço torna-se cada vez mais realista ao mesmo tempo que é
apurado o trabalho de cor, que se torna cada vez mais importante na definição
dos ambientes. A mudança é marcante a partir do quinto álbum, “Au-delà des
ombres”, excedendo-se Rosinski sucessivamente num virtuosismo incomparável, que
terá o seu auge, numa fase posterior, quando passa a realizar os álbuns numa
técnica de cor directa.
Em
Portugal, Thorgal estreou-se na revista Tintin #1301, a 17 de Maio de 1980, com
o episódio “A feiticeira traída”. Regressaria a esta revista perto do final desse
ano com “A ilha dos mares gelados” (#1321), que curiosamente o “Mundo de
Aventuras” #362 publicara a preto e branco um mês antes! “Quase o paraíso”
(#1503), já publicado no Mundo de Aventuras (#387) foi a terceira e última
presença de Thorgal no Tintin, enquanto aquela outra revista apresentou aos
leitores portugueses, sucessivamente, até 1984, diversos episódios curtos e
longos: “Os três velhos do país de Aran” (#430), “A galera negra” (#458), “O drakkar
perdido” (#504), “O Talismã” (#529) e “Para além das sombras” (#540). No que a
publicações periódicas diz respeito, o herói haveria de passar ainda pelas
páginas das Selecções BD (2ª série), em 1999/2000, onde foram publicadas três
histórias curtas: “As lágrimas de Tjahzi” (#6), “A montanha de Odin” (#12) e
“Primeiras neves” (#26).
Em álbum, a
vida deste filho das estrelas em terras portuguesas foi também algo atribulada.
O episódio inaugural, “A feiticeira traída”, foi editado pela Bertrand, em
1983. Seguiu-se a Futura, com “A ilha dos mares gelados” (1988) e “Os três
velhos do país de Aran” (#1989).
Já este
século, a ASA lançou sucessivamente “O filho das estrelas” (2002), “Alinoë”
(2003), “Os arqueiros”(2005) e “O país Qâ” (2006). Os dois primeiros títulos
editados pela ASA seriam reunidos num único volume, em 2008, no número
inaugural da colecção “Grandes autores de BD”, lançada em parceria com o jornal
Público.
Após o
término da colecção agora anunciada, ficarão inéditos em Portugal os tomos #4 (“A
galera negra”, distribuído entre nós na edição brasileira da VHD diffusion, nos
anos 90) a #6 e #11 a #13, sendo que a ASA prevê editar os três últimos até
meados de 2013.
Por editar,
claro está, ficarão também os tomos 30 a 33, escritos por Yves Sente, que
substituiu Van Hamme quando este decidiu abandonar a série, nos quais o
protagonismo é partilhado entre Jolan e Thorgal.
De fora
ficam igualmente as séries derivadas genericamente intituladas “Les Mondes de
Thorgal”, onde já foram publicados dois volumes protagonizados por Kriss de
Valnor, uma das grandes inimigas de Thorgal, da autoria de Yves Sente e Giulio
De Vita, e um com as aventuras de Louve, a filha de Thorgal e Aarícia, por Yann
et Surzhenko.
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