23/10/2009

Lançamento – TX Comics

Cameron Stewart
Kark Kerschl
Ramón Pérez
Kingpin Books (Portugal, Outubro de 2009)
72 p., cor

Também amanhã, dia 24, e também no 20º Amadora BD 2009, mas às 16 horas, a Kingpin Books apresenta a sua primeira tradução, o álbum colectivo TX Comics, que apresenta assim no seu blog:
“Outrora conhecido como Transmission-X, TX COMICS é o colectivo online canadiano de ilustradores profissionais, do qual fazem parte, entre outros, Cameron Stewart, Karl Kerschl e Ramón Pérez. Reconhecendo a internet como fonte principal de arte e entretenimento, e movidos pela ambição de produzir obras pessoais e inovadoras, livres de restrições comerciais ou editoriais, os multi-premiados artistas têm produzido alguns dos melhores webcomics produzidos em exclusivo para a net”.
Os autores estarão presentes no lançamento.

Lançamento – Mucha

David Soares (Argumento)
Mário Freitas (Desenho
Osvaldo Medina (Desenho)
Kingpin Books (Portugal, Outubro de 2009)
36 p. pb

O lançamento deste conto de terror é amanhã, sábado, 24 de Outubro, às 15h, no Fórum Luís de Camões, onde está a decorrer o 20º Amadora BD 2009.
O press da editora reza assim:
“O horror está a chegar à aldeia e as coisas não voltarão a ser como dantes.
6 anos depois de A Última Grande Sala de Cinema, “Mucha” marca o tão aguardado regresso à BD do romancista David Soares (Lisboa Triunfante, A Conspiração dos Antepassados), numa história de horror intimista, subversiva e inteligente, bem reveladora da voz autoral ímpar que define a obra do erudito autor.
Baseada na premissa da peça surrealista Rhinocéros, de Eugène Ionesco, “Mucha” é uma extravagância visceral sobre a ameaça de desumanização que pende sobre a cabeça de Rusalka, uma camponesa que se vê, de um dia para o outro, imergida num mundo que insiste em ser uniforme, perigoso e destituído de qualidades.
Ilustrado por Osvaldo Medina (A Fórmula da Felicidade) e Mário Freitas (Super Pig) num estilo negro singular que recupera o expressionismo gótico das bandas desenhadas clássicas de horror, “Mucha” apresenta cenas de cortar a respiração, pautadas por um ritmo frenético que não deixará nenhum leitor indiferente; ou doravante tranquilo perante uma simples mosca.
“Contundente como uma pá que tanto serve de arma de defesa como de abertura do último descanso.” (Pedro Vieira de Moura, da Introdução)”.

Os autores estarão presentes no lançamento.

BD para ver – Amadora BD 2009

Começa hoje e prolonga-se até 9 de Novembro, o Amadora BD 2009, nova designação do (agora ex-) FIBDA – Festival Internacional de Banda Desenhada da Amadora.
A cumprir 20 anos, o evento aposta na efeméride que se reflecte em boa parte da sua programação, embora eu, pessoalmente, considere que a data e a sua importância mereciam um programa mais recheado, mais festivo.
As propostas do Amadora BD 2009 são muitas, mas, de qualquer forma, permito-me salientar as cinco (justas e merecidas) homenagens que promove: Adolfo Simões Muller, Astérix, Hector Oesterheld, Maurício de Sousa e Vasco Granja. Eis a lista completa de exposições:
FÓRUM LUÍS DE CAMÕES
-Exposição Central - Consequências e Heranças do FIBDA: Almanaque; Contemporaneidade Portuguesa; Colecção CNBDI; 20 anos de Concursos
- 50 anos de Astérix
- Maurício de Sousa – 50 anos de carreira
- José Garcês – História do Jardim Zoológico de Lisboa
-Giorgio Fratini - Sonno Elefante – As paredes têm ouvidos
- Prémios Nacionais de BD 2008: Rui Lacas – retrospectiva da obra; António Jorge Gonçalves – Rei; Madalena Matoso e Isabel Minhós Martins – ilustração infantil; Emmanuel Lepage – Muchacho
- F.E.V.E.R. – novela gráfica, adereços e fotografias
-Osvaldo Medina – Fórmula da Felicidade e Mucha
- Colectiva de autores da Polónia
- Colectiva de autores do Canadá – Cameron Stewart, Karl Kerschl e Ramón Pérez
-Mangá e Anime – Ncreatures – Yosh, Natália Batista, Rita Marques, Cristina Dias, Manuela Cardoso e Shoot to Kill
- 20º Concurso de BD

GALERIA MUNICIPAL ARTUR BUAL
- Homenagem a Vasco Granja
CASA ROQUE GAMEIRO
- Centenário de Adolfo Simões Muller
RECREIOS DA AMADORA
- Cartoon
CNBDI
- Exposição retrospectiva/biográfica de Héctor Germán Oesterheld
ESCOLA SUPERIOR DE TEATRO E CINEMA
- Riscos do Natural, de José Ruy
CENTRO COMERCIAL DOLCE VITA TEJO - KIDZANIA
- Em Traços Miúdos, Ricardo Ferrand, Pedro Leitão e José Abrantes

Sem que se compreenda o porquê dos portugueses continuarem esquecidos nas listas de autores presentes, fica a relação dos convidados estrangeiros que será possível encontrar por lá amanhã, sábado, e domingo: Cameron Stewart (Canadá), Karl Kerschl (Canadá), Ramón Pérez (Canadá), Miguel Angel Martin (Espanha), Emmanuel Lepage (França), Carlos Sampayo (Argentina), Oscar Zarate (Argentina) e C.B. Cebulski (EUA).
A programação integral bem como todas as informações adicionais podem ser consultadas no site do Festival.

22/10/2009

Trois éclats blancs + Une après-midi d'été

Bruno Le Floc'h (argumento e desenho)
Delcourt (França, Outubro de 2004 e Maio de 2006)
203 x 262 mm, 96 p., cor, cartonado com sobrecapa


Princípio do século XX. Um jovem engenheiro é enviado para a (então) longínqua costa bretã para construir um farol. Tarefa aparentemente fácil, que um pormenor natural vai complicar e quase tornar impossível: o rochedo sobre o qual o farol deve ser construído, só está emerso uns trinta dias por ano. Por isso uma estadia previsivelmente curta, vê as semanas passarem a meses e estes a anos, o que obriga o engenheiro a integrar-se na pequena vila onde está a residir. Para isso, deve primeiro ultrapassar a natural desconfiança inicial dos autóctones, rudes e solitários, mas também humanos e solidários, depois impor-se para finalmente conseguir que o aceitem, fazendo mesmo algumas amizades, graças à sua perseverança em levar a bom porto a missão que lhe foi confiada. Isto, apesar de algumas tragédias – umas humanas, outras causadas pela natureza que parece rir da impotência humana - que vão suceder e de um ou dois desentendimentos, que, se de alguma forma põem em causa o projecto, ajudam o engenheiro a descobrir-se e, também, a revelar-se.
É isto que conta Trois éclats blancs (Delcourt), uma narrativa serena, impressiva, pincelada de nostalgia, que discorre sobre as relações humanas, aflorando sentimentos, revelando paixões, realçando traços de carácter, dando a primazia à amizade. Nele, o autor, Bruno Le Floc'h, vai desenvolvendo com um traço sensível e relaxante, voluntariamente impreciso, para nos conduzir até a um final inesperado, que, não fugindo ao previsível "acabar bem", deriva dele, deixando-o em aberto.
Alguns anos depois, reencontramos duas das personagens: um homem e uma mulher; Nonna e Perdrix. Duas personagens que se amaram, mas entre as quais um homem passou - o tal engenheiro do primeiro álbum - duas personagens entre as quais um grande fosso se cavou. Um fosso, ou melhor, uma trincheira. As trincheiras (e as suas consequências) da tristemente célebre guerra das trincheiras, a Primeira Guerra Mundial, que passou pelos dois, mantendo-os fiéis no seu amor, esperando-se reciprocamente. Mas cujos efeitos psicológicos destroçaram Nonna, mantendo-o prisioneiro das experiências que viveu, tornando-o incapaz de se dar, de se relacionar, de se entregar a Perdrix.
O traço é o mesmo, impressivo, expressivo, muitas vezes suficiente só por si para nos contar horrores de uma realidade que muitos viveram; onde muitos deixaram de viver. Literalmente, acabando com as suas dores neste mundo, ou em sentido figurado, como Nonna, continuando prisioneiro das suas dores interiores.

(Versão revista e actualizada do texto originalmente publicado no BDJornal #22 de Junho/Julho de 2007)

Quand j'étais star

Colecção écritures
Marc Villard (argumento)
Jean-Phylippe Peyraud (desenho)
Casterman (França, Janeiro de 2008)
170 x 234 mm, 240 p., cor, pb e sépia, brochado com badanas


Não vem na linha da actual onda de adaptações de obras literárias a banda desenhada, que tantas dezenas de novos títulos tem rendido à BD francófona, já que ela tem seguido quase exclusivamente os clássicos, mas a verdade é que "Quand j'étais une star" parte de contos curtos do escritor Marc Villard, que surge aqui como argumentista e também como protagonista de quase todas as histórias.
Peyraud, com o seu traço habitual, linha clara, sóbria, muitas vezes próxima do esboço, em que o preto e branco surge tintado de um castanho pálido, constrói os ambientes citadinos a que já nos habituou, ajudando-nos a entrar no espírito do volume, de controlada unidade, apesar de reunir mais de duas dezenas de narrativas.
A temática, trabalhada com energia, clareza e ironia, discorre sobre as ambições, desejos, esperanças, recordações, medos e fraquezas de um escritor-aspirante-a-grande-escritor, que dão corpo a uma sólida comédia de costumes, desconstruindo algumas das obsessões quotidianas dos nossos dias.

(Versão revista e actualizada do texto originalmente publicado no BDJornal #22 de Janeiro/Fevereiro de 2008)

Astérix 50 anos - O aniversário de Astérix e Obélix – O livro de ouro

René Goscinny e Albert Uderzo (texto) 
Albert Uderzo (desenhos) 
ASA (Portugal, Outubro de 2009) 
221 x 293 mm, 56 p., cor, cartonado 

 






Resumo A propósito do aniversário de Astérix e Obélix, o chefe Matasétix convida para virem à aldeia todos aqueles que se cruzaram com os dois gauleses ao longo das suas aventuras, para se associarem à efeméride e trazerem-lhes um presente. Uns acedem ao convite e aparecem; outros, por razões diversas, apenas podem enviar um postal. E as prendas, opiniões, recordações ou premonições, vão-se multiplicando, com a participação de gauleses, romanos e outros. 

20/10/2009

Astérix 50 anos - A triplicar

























Astérix Legionário 
Astérix na Córsega 
Obélix e Companhia 
René Goscinny (argumento) 
Albert Uderzo (desenho) Edições 
ASA (Portugal, (Março e Maio de 2007) 
222 x 291 mm, cor, 48 p., cartonados 

Enquanto se agrada pela próxima quinta-feira, dia 22, para conhecer - aqui no blog às 00h01 - "O Aniversário de Astérix e Obélix - O Livro de Ouro", o 34º álbum das aventuras de Astérix e Obélix, fica a evocação de três títulos fundamentais da série.

19/10/2009

Efeméride - E há 50 anos Crumb criou Fritz the Cat

A 15 de Outubro de 1959, Robert Crumb, nascido em 1943, esboçava Fritz the Cat, longe de imaginar o sucesso que lhe traria uma personagem inspirada num gato que teve em criança e na personagem então criada para divertir as suas irmãs e que só seria impresso cinco anos mais tarde.
Marco na história da banda desenhada underground norte-americana, de que muitos consideram Crumb o pai, Fritz é um animal antropomórfico, que serviu ao autor para criticar de forma ácida e mordaz a América dos anos 60 e a sua cultura pop, em narrativas delirantes e politicamente incorrectas, em que tudo é questionado. Nas primeiras histórias o traço de Crumb, onde se reconhecem ainda influências de Disney, é limpo e despojado, rápido e ágil, como se a urgência de narrar a tal obrigasse, mas, com o passar dos anos, emerge o estilo personalizado do autor, mais impressivo e sujo e com os cenários bem preenchidos.
Morador numa grande cidade, preguiçoso, egocêntrico, interesseiro, volúvel, sem princípios éticos ou morais, provocador de conflitos e desejoso de experiências sexuais com qualquer fêmea, independentemente da sua raça, o felino fez de Crumb tudo aquilo que ele não desejava: um autor respeitado e aclamado, com a sua criação transformada num objecto de desejo da sociedade de consumo. A boa aceitação da longa-metragem com o seu nome, dirigida por Ralph Bakshi, em 1972 - que foi o primeiro filme de animação a ser classificado para adultos nos EUA - foi a gota de água, que levou o desenhador a decidir acabar com a ele. Isso sucederia nesse mesmo ano, em “The death of Fritz the Cat”, em que o felino morre às mãos de uma ex-namorada, uma avestruz neurótica e enciumada, armada com um picador de gelo, ainda antes da estreia do segundo filme animado, “The nine lives of Fritz the Cat” (1974).
Publicado inicialmente na revista “Help” e depois em alguns jornais e em publicações underground, “Fritz the cat”, cujas histórias, pin-ups e ilustrações diversas continuam a ser regularmente reeditadas, fez uma breve aparição em Portugal, no jornal “Lobo Mau” (1979).

(Versão revista do texto publicado no Jornal de Notícias de 15 de Outubro de 2009)

Lançamento - La Genèse

Robert Crumb (adaptação e desenho)
Denoel Graphic (França, Outubro de 2009)
218 x 314 mm, 220 p., p&b, cartonado


Um dos lançamentos de banda desenhada aguardados com mais curiosidade neste final de ano é esta adaptação do livro bíblico do Génesis, feita pelo pai da BD underground norte-americana, Robert Crumb.
Polémico como sempre, durante uma recente conferência de imprensa em França, Crumb revelou que esta obra o ocupou durante quatro anos; que, ainda segundo ele, a começou a detestar ao fim de uma dezena de pranchas mas que levou o encargo até ao fim porque o editor lhe prometera um bom pagamento. O que entra em contradição com o facto de ter recusado uma oferta de três milhões de dólares pelo conjunto das mais de 200 pranchas que constituem o livro…
O criador de Fritz the cat seguiu fielmente o texto original e acredita que a leitura do seu Génesis vai surpreender muita gente que conhece a narrativa bíblica apenas superficialmente.
Disponível hoje nos EUA e no Reino Unido e dia 22 em França, a versão de Crumb deverá chegar até ao final do ano a diversos outros países. Tanto quanto sei, Portugal não incluído… Fica prometida uma recensão aqui no blog, em breve.

14/10/2009

Fora das Livrarias - Léo, o puto surdo

Yves Lapalu (argumento e desenho)
Surd’Universo (Portugal, Dezembro de 2006)
172 x 240 mm, 104 p., cor, brochado


O autor deste álbum foi o francês Yves Lapalu, falecido em Março de 2001, um bretão que adorava futebol americano e ficção científica e que foi o primeiro surdo a estudar na Escola Superior de Artes Gráficas, em França.

Partilhando o problema auditivo com Léo, o protagonista (tantas vezes involuntário) das histórias curtas nele narradas, fez desta obra um caso singular, pela forma como aborda, com assinalável humor, muitas das dificuldades que os surdos vivem no dia-a-dia num mundo bem mais ruidoso do que o recomendável, mostrando como situações perfeitamente normais para pessoas que ouvem bem, se podem tornar perigosas, constrangedoras, surpreendentes ou apenas divertidas para as pessoas surdas.
Desenhado num estilo humorístico, agradável e simpático, e servido por cores vivas e atraentes, "Léo, o puto surdo", que "resolve todos os seus problemas com humor, ensinando-nos que o melhor remédio para a surdez é sorrir dela", torna essas situações engraçadas para todos, como é o caso da narrativa em que tenta à força ajudar um cego a atravessar a rua, apesar dos seus protestos (ruidosos)!
A actual edição, da responsabilidade da Surd'Universo, que se apresenta como "um sonho colectivo de todos aqueles que pertencem, ou simplesmente se interessam pela Comunidade Surda", teve uma tiragem de 2.000 exemplares (disponíveis naquele endereço) e compila os dois volumes originais de 1998 e 2002, o que permite acompanhar o desenvolvimento dos talentos gráfico e narrativo do autor ao longo do tempo.
A sua tradução teve uma dificuldade inusitada e inultrapassável: as diferenças substanciais entre a Langue des Signes Française (LSF), utilizada em "Léo" por Lapalu, e a Língua Gestual Portuguesa (LGP); assim, não sendo viável a alteração dos desenhos originais, eles podem causar alguma confusão a quem domina a LGP. Isto acontece, explica Rui Pinheiro da Surd'Universo "porque foi um sueco que veio cá ensinar as bases da língua gestual e portanto estamos mais perto da Língua Gestual Sueca do que de outra qualquer…".O que não impede a compreensão plena de "Léo, o puto surdo", que mostra como a banda desenhada é uma arte com inúmeras potencialidades, que tem sabido abordar, sob diversos prismas, as diferenças que podem afectar os seres humanos (ver caixa).

Curiosidades
Existem outros casos de heróis de BD portadores de deficiência; eis alguns exemplos:
- Professor Xavier (1963)
Líder e mentor dos X-Men por inspiração de Stan Lee e Jack Kirby, defende a convivência entre humanos e mutantes e vê a sua paralisia motora compensada pelo poder telepático que possui.
- Demolidor (1964)
Criado por Stan Lee e Bill Everett, Matt Murdock, agora um advogado famoso, cegou num acidente com um camião de produtos químicos que desenvolveu os seus outros sentidos, com os quais combate o crime, sob o uniforme do Demolidor.
- Silêncio (1979)
Romance gráfico que narra, com contornos fantásticos, o amor entre o atrasado mudo e a feiticeira da aldeia, amados e temidos por todos. E é um libelo acusatório contra os que usam a violência como arma do ódio contra a diferença.
- L'Ascension du Haut Mal (1996)
Relato autobiográfico em que David B. conta como a epilepsia do irmão, o levou a refugiar-se nos sonhos e no desenho, face à incompreensão dos pais, obcecados pela procura de uma cura.
- Bouncer (2001)
Protagonizado por um herói maneta, é um western amoral e violento, onde a justiça e a honra raramente têm lugar, criado por Jodorowsky e Boucq.
- Dorinha e Luca (2004)
Uma cega e um deficiente motor que "são apresentadas de uma forma positiva, mostrando o que sabem fazer de melhor. Existem na vida real e também na Turma da Mónica, que a retrata", afirmou Maurício de Sousa.
(Versão revista e actualizada do texto publicado no Jornal de Notícias de 17 de Dezembro de 2006)

13/10/2009

Fora das Livrarias - Fernando Lopes-Graça, Andamentos de uma vida

Ricardo Cabrita (argumento e desenho)
Câmara Municipal de Tomar (Dezembro de 2008)
212 x 305 mm, 44 p., cor, brochado com badanas


Num mercado pequeno e com diversas outras limitações, alguns autores encontram junto das autarquias guarida para a publicação das suas obras. Quase sempre, traçando aos quadradinhos a História – as histórias – das respectivas localidades, com as potencialidades, características e limitações de todos bem conhecidas.
Ricardo Cabrita, com este álbum, é mais um exemplo, contando de forma sóbria (um)a biografia do maestro, compositor e musicólogo Fernando Lopes-Graça, a propósito dos 100 anos do seu nascimento.
Numa banda desenhada construída (propositadamente) a vários andamentos, com grandes variações (e alguns – inevitáveis – desequilíbrios), em termos gráficos e narrativos, para atenuar a sempre necessária carga documental, está especialmente conseguido o segundo deles, “Prisão”, em que um interrogatório da PIDE serve de pretexto para desfiar de forma aligeirada uma série de factos históricos sobre o artista. Ao todo falta, no entanto, uma abordagem mais profunda ao lado humano de Lopes-Graça.
Graficamente, se Cabrita ficou algo preso à imagem do homenageado, apresenta diversas soluções graficamente interessantes, mostra algum à vontade com técnicas diferentes e a (bela) prancha final deixa a vontade de o reencontrar num projecto em que disponha de outra liberdade…

(Versão revista do texto publicado originalmente a 13 de Junho de 2009, na página de Livros do suplemento In’ da revista NS, distribuída aos sábados com o Jornal de Notícias e o Diário de Notícias)

12/10/2009

Astérix 50 anos - Como Obélix caiu no caldeirão do druida quando era pequeno

René Goscinny (texto) 
Albert Uderzo (desenho) 
ASA (Portugal, Junho de 2009 – 2ª edição) 
220 x 296 mm, 32 p., cor, cartonado 










Enquanto se aguarda pelo álbum de histórias curtas inéditas de Astérix que marcará os 50 anos do seu nascimento (em Outubro próximo), acaba de ser reeditado este título, que regista uma das raras “traições” do pequeno guerreiro gaulês à banda desenhada. 

Para lá da BD - Homem-Aranha salva Barack Obama

Homem-Aranha #87
Vários autores
Panini Comics (Brasil, Março de 2009)
172 x 260 mm, 100 p., cor, revista mensal

Por vezes, uma obra - romance, filme, banda desenhada… - vale/desperta a curiosidade, não pela sua qualidade intrínseca enquanto obra, mas por focar um tema da actualidade ou que extrapola o seu âmbito habitual.
É o que acontece com a revista “Homem-Aranha #87“, já distribuída nos quiosques portugueses, que traz a banda desenhada em que Barack Obama encontra o Homem-Aranha, que foi alvo de grande atenção mediática aquando da sua publicação original nos Estados Unidos, em Janeiro deste ano.
Com apenas cinco páginas, escritas por Zeb Wells e desenhadas por Todd Nauck e Frank D’Armata, a acção da história decorre em Washington, minutos antes da tomada de posse do Presidente, quando surgem em cena dois Obama, ambos reclamando ser o legítimo, sendo necessária a intervenção do Homem-Aranha que descobre que um deles é o vilão Camaleão, prendendo-o e permitindo que a cerimónia decorra sem problemas.
A capa desta edição brasileira, protagonizada pelo Presidente norte-americano, é a que foi mais disputada nos EUA, onde esta banda desenhada valeu à revista “The Amazing Spider-Man #583”, quatro reimpressões, sempre com capas diferentes, sendo o comic mais vendido dos últimos anos e um dos que mais se rentabilizou em relação ao preço de capa.
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