Comunicado das edições Casterman:“Foi com grande tristeza que soubemos da morte de Jean-Paul Mougin, falecido na passada terça-feira, 13 de Setembro de 2011, em Bruxelas, com a idade de 70 anos.
Jornalista e editor de uma estatura excepcional, Jean-Paul Mougin foi, no final dos anos 70, o mítico fundador da revista (ÀSuivre), lançado pelas Edições Casterman, periódico de que assumiu a direcção continuamente durante 20 anos, escrevendo assim algumas das mais belas páginas da história da banda desenhada europeia. Retirado do mundo da edição há uma dúzia de anos, manteve, no entanto, um olhar atento sobre a criação em banda desenhada.
Formado na televisão, no tempo da ORTF, e expulso do serviço público na sequência do movimento de 68, muito sensível à imagem sob todas as suas formas, Jean-Paul Mougin começou nos quadradinhos na redacção do semanário Pif Gadget, onde aprendeu a reconhecer e a apreciar as grandes assinaturas da época: Jean-Claude Forest, Paul Gillon, Nikita Mandryka, Gotlib...
Teve um papel decisivo no lançamento da carreira francesa daquele que viria a tornar-se seu amigo para sempre, Hugo Pratt. Alguns anos mais tarde, o autor de Corto, cujos álbuns tinham começado a ser publicados pela Casterman, apresentou por sua vez Jean-Paul Mougin ao seu editor. O projecto (À Suivre) iria nascer desse encontro.
Lançada em Janeiro de 1978, no quinto Salão de Angoulême a (À Suivre) de imediato fez sensação no mundo da banda desenhada. A sua identidade editorial, então muito original, imaginada por Jean-Paul Mougin para este novo título – uma banda desenhada exigente adulta a preto e branco, com ambições literárias assumidas, livre das restrições de formato existentes por toda a parte – encontrou de imediato um público entusiasta, bem como uma expressão que ficou célebre, formulada no primeiro editorial da nova revista: “a (À Suivre) será a erupção selvagem da banda desenhada na literatura (...)” Durante duas décadas, Jean-PaulMougin e a sua revista mantiveram com paixão e fervor a promessa do “romance em banda desenhada”, não interditando nenhum género, nenhuma aventura, nenhuma intuição.
O número de autores assim revelados ou consagrados é demasiado grande para que façamos a sua listagem completa - Pratt e Tardi, claro, mas também Schuiten e Peeters, Ted Benoit, Sokal, Manara, Loustal e Paringaux, Comés, Muñoz e Sampayo, Ferrandez, Rochette, Geluck, Boucq, Cabanes, Baru, mais tarde, jovens talentos como Nicolas De Crécy ou Nicolas Dumontheuil, e tantos outros -, mas assemelha-se muito a um repertório dos grandes nomes da banda desenhada contemporânea. Tendo ficado míticos na memória de muitos profissionais, a (À Suivre) e Jean-Paul Mougin foram bem mais do que uma revista de sucesso e o seu talentoso redactor-chefe: eles moldaram, em parte, o que a banda desenhada é hoje.
Jean-Paul Mougin decidiu retirar-se no fim dos anos 90, ao mesmo tempo que terminava a trajectória da sua revista, em 1997. Todos aqueles que o conheceram guardam a lembrança de um ser humano envolvente e caloroso, duma grande generosidade, que prezava mais do que tudo os valores da fidelidade, da cultura e da inteligência.”
Para mim – como para muitos da minha geração – a (À Suivre) foi um marco.
Uma revista – no tempo em que elas existiam e eram fundamentais – cujo trajecto apanhei já a sua vida ia longa, mas ainda a tempo de (re)descobrir uma nova forma de ser e fazer banda desenhada, adulta, apelativa, desafiante, estimulante, nas assinaturas de Tardi, Schuiten e Peeters, Pratt e Manara, Comés, Muñoz e Sampayo, Geluck, Boucq, Bourgeon, Cabanes… Sim a lista é longa… e impressionante!
Possivelmente, a (À Suivre) foi o veículo que me permitiu continuar a ler BD, dar o salto da juventude para a idade adulta com os quadradinhos, transitar da BD de aventuras para o romance desenhado.
Por isso, o meu obrigado a Jean-Paul Mougin porque sem ele, quem sabe, talvez não estivesse hoje aqui a escrever, talvez não tivesse feito da BD o centro da minha vida profissional, talvez não tivesse mantida acesa a chama da paixão que nutro por uma forma única de expressão.
15/09/2011
Jean-Paul Mougin (1941-2011)
14/09/2011
J. Kendall - Aventuras de uma criminóloga
#76 – A história de Jason
Giancarlo Berardi e Lorenzo Calza (argumento)
Ivan Calcaterra e Antonio Marinetti (desenho)
Mythos Editora (Brasil, Março de 2011)
135 x 178 mm, 132 p., pb, brochado, mensal
4,00 €
Até que ponto uma (longa) pena de prisão é eficaz? Tem maiores benefícios ou prejuízos? E como fazer a reinserção de quem esteve (muito tempo) preso?
O ser humano é (só) bom ou (só) mau? Não há meio-termo? As condições de vida, o meio, o local, a educação, potenciam o que cada um de nós é?
Estas e outras perguntas (não) são respondidas por Julia em mais uma história (ia escrever aventura, mas as narrativas que Julia protagoniza estão mais próximas da vida real do que da ficção aventurosa…) em que a criminóloga (mais uma vez) auxilia a polícia de Garden City, na ocasião a descobrir um assassino implacável que transformou um simples assalto a uma loja de conveniência numa execução.
Esta é A História de Jason, que passou a maior parte da sua vida adulta na prisão.
É a história de Marilou, vítima da guerra do Iraque, largada (abandonada) no mundo pelo exército, pelo país, que serviu após um acidente em que perdeu as pernas.
É a história de como o destino os juntou, rumo a um final feliz? (Ou apenas a um final – só - adiado?)
Uma história – mais uma – escrita de forma ponderada por Berardi e Calza - figurantes involuntários de uma azeda troca de palavras entre Julia e Webb - em que cada cena, cada diálogo, cada prancha, cada vinheta, cada citação (literária, cinematográfica, musical) tem um lugar e um propósito e deve ser lida, explorada de forma atenta, para perceber não só o que Berardi e Calza (d)escreveram mas também o que deixaram para o leitor intuir.
E pensar. Porque, como já escrevi atrás, sim, eu sei, as histórias de Julia são daquela ficção que tanto se assemelha – que bebe a sua inspiração – na mais (im)pura realidade. E a cujas perguntas, só essa (im)pura realidade pode dar resposta.
Ou não.
Giancarlo Berardi e Lorenzo Calza (argumento)
Ivan Calcaterra e Antonio Marinetti (desenho)
Mythos Editora (Brasil, Março de 2011)
135 x 178 mm, 132 p., pb, brochado, mensal
4,00 €
Até que ponto uma (longa) pena de prisão é eficaz? Tem maiores benefícios ou prejuízos? E como fazer a reinserção de quem esteve (muito tempo) preso?
O ser humano é (só) bom ou (só) mau? Não há meio-termo? As condições de vida, o meio, o local, a educação, potenciam o que cada um de nós é?
Estas e outras perguntas (não) são respondidas por Julia em mais uma história (ia escrever aventura, mas as narrativas que Julia protagoniza estão mais próximas da vida real do que da ficção aventurosa…) em que a criminóloga (mais uma vez) auxilia a polícia de Garden City, na ocasião a descobrir um assassino implacável que transformou um simples assalto a uma loja de conveniência numa execução.
Esta é A História de Jason, que passou a maior parte da sua vida adulta na prisão.
É a história de Marilou, vítima da guerra do Iraque, largada (abandonada) no mundo pelo exército, pelo país, que serviu após um acidente em que perdeu as pernas.
É a história de como o destino os juntou, rumo a um final feliz? (Ou apenas a um final – só - adiado?)
Uma história – mais uma – escrita de forma ponderada por Berardi e Calza - figurantes involuntários de uma azeda troca de palavras entre Julia e Webb - em que cada cena, cada diálogo, cada prancha, cada vinheta, cada citação (literária, cinematográfica, musical) tem um lugar e um propósito e deve ser lida, explorada de forma atenta, para perceber não só o que Berardi e Calza (d)escreveram mas também o que deixaram para o leitor intuir.
E pensar. Porque, como já escrevi atrás, sim, eu sei, as histórias de Julia são daquela ficção que tanto se assemelha – que bebe a sua inspiração – na mais (im)pura realidade. E a cujas perguntas, só essa (im)pura realidade pode dar resposta.
Ou não.
Leituras relacionadas
Berardi,
Calcaterra,
Calza,
Marinetti,
Mythos
13/09/2011
Daniel Hulet (1945-2011)
Daniel Hulet argumentista e desenhador de banda desenhada, natural de Bruxelas, faleceu no passado dia 9, aos 66 anos.Tendo iniciado a sua carreira profissional na publicidade, chegou à BD apenas aos 30 anos, tendo-se estreado na revista belga Tintin com “Charabia”, uma série humorística protagonizada por um gato, mas rapidamente adoptou um estilo realista, de traço fino e duro, que foi personalizando ao longo dos anos, para narrar episódios históricos contemporâneos.
Dois anos depois, em 1977, criou “Léo Gwen”, com argumento de Vicq, de que o Tintin português publicou meia dúzia de histórias curtas, seguindo-se “Pharaon” e “Chris Melville”, ambas escritas por André-Paul Duchâteau.
Em 1985, na “Vécu”, revista dedicada à BD histórica, criou “Les Chemins de la gloire” com Jan Bucquoy, série parcialmente publicada em álbum em Portugal, pela Merbérica/Líber.
A partir de 1987 passou a assinar argumento e desenho das suas bandas desenhadas, criando sucessivamente “L’État Morbide”, “Immondys” e “Extra-Muros”, nas quais desenvolveu universos opressivos e angustiantes que ficam como a sua imagem de marca.
Mais recentemente, desenhou dois tomos do spin-off do “Decálogo”, com Frank Giroud, e, no ano passado, o quarto tomo de “Destins: Paranoia”, com Valérie Mangin.
(Versão revista e aumentada do texto publicado no Jornal de Notícias de 11 de Setembro de 2011)
Dois anos depois, em 1977, criou “Léo Gwen”, com argumento de Vicq, de que o Tintin português publicou meia dúzia de histórias curtas, seguindo-se “Pharaon” e “Chris Melville”, ambas escritas por André-Paul Duchâteau.
Em 1985, na “Vécu”, revista dedicada à BD histórica, criou “Les Chemins de la gloire” com Jan Bucquoy, série parcialmente publicada em álbum em Portugal, pela Merbérica/Líber.
A partir de 1987 passou a assinar argumento e desenho das suas bandas desenhadas, criando sucessivamente “L’État Morbide”, “Immondys” e “Extra-Muros”, nas quais desenvolveu universos opressivos e angustiantes que ficam como a sua imagem de marca.
Mais recentemente, desenhou dois tomos do spin-off do “Decálogo”, com Frank Giroud, e, no ano passado, o quarto tomo de “Destins: Paranoia”, com Valérie Mangin.
(Versão revista e aumentada do texto publicado no Jornal de Notícias de 11 de Setembro de 2011)
12/09/2011
12 Septembre
L’Amérique d’aprèsCollection Univers d’auteurs
Enki Bilal (capa)
Sophia Aram, Russell Banks, Daryl Cagle, CharlÉlie, Jerome Charyn, Roger Cohen, Jacques Ferrier, Jean-Luc Hees, Barbara Hendricks, Miles Hyman, Jul, Lorenzo Mattotti, José Muñoz, Plantu, Joe Sacco, Carlos Sampayo, Fabienne Sintes e Art Spiegelman
Casterman + Radio France (França, 17 de Agosto de 2011)
187 x 260, 208 p., pb e cor, brochado com badanas
22,50 €
Resumo
Obra colectiva que reúne autores de um e outro lado do Atlântico que reflectem sobre as mudanças que os atentados de 11 de Setembro de 2001 provocaram nos Estados Unidos, no sonho e nos ideais norte-americanos.
Desenvolvimento
Este é um livro diferente, pensado pelos jornalistas franceses Pascal Dellanoy e Jean-Christophe Ogier, que junta em parcerias ou diálogos autores francófonos ou norte-americanos, oriundos das mais diversas áreas: jornalistas, cartoonistas, escritores, arquitectos, ilustradores, músicos, autores de BD, fotógrafos…
A base, para (quase) todos, é a mesma: reflectir sobre o que mudou com os atentados de há uma década. E a respostas, em forma de ficção ou reflexivas, críticas dos atentados e das acções (retaliatórias) que se lhe seguiram, são maioritariamente marcadas pelo pessimismo, a desilusão, a dúvida. Naturalmente. Mas sem esconder (algum) fascínio, e, no fundo, a crença que continuam a depositar numa América capaz de os surpreender.
Em termos práticos, é evidente que o que melhor funciona são os cartoons, no saboroso e (apesar de tudo) divertido diálogo entre Cagle e Plantu.
É, no entanto, nalguns dos textos escritos que o tema é melhor esmiuçado e é neles que se cumpre melhor o propósito do livro: fornecer ao leitor pistas, pontos de partida, indicações para elaborar a sua própria reflexão sobre o tema.
Para quem tem maior interesse pela BD – a maioria dos leitores deste blog, suponho – para além da bela capa de Bilal, o destaque vai para a criação de Joe Sacco, desta vez despido da sua farda de BD-jornalista, enveredando por um relato com (invulgar) tom de ficção-científica, numa viagem a um aterrador futuro dos EUA. Muñoz e Sampayo, com o tom negro e desiludido que os caracteriza mostram como os emigrantes estão (sempre) por detrás dos (sonhos) norte-americanos, desta vez com uma viagem à cozinha do império. Miles Hyman, nova-iorquino que reside em Paris traça um retrato sombrio de uns EUA transformados em vítimas de uma hiper-segurança obsessiva.
De uma obra com estas características, aberta para permitir ao leitor, claramente apontada para lá do mercado tradicional de banda desenhada, ressalta o facto de as participações aos quadradinhos ombrearem perfeitamente com as outras formas de expressão, por alguns ditas “mais nobres”, ganhando em expressividade sem perder profundidade ou capacidade de afirmar posições.
A reter
- A qualidade dos nomes reunidos nesta obra.
- O tom da obra, que privilegia a reflexão sobre o futuro em detrimento da homenagem ou da evocação, partilhando pistas e sinais com o leitor.
- As participações dos cartoonistas Cagle, Jul e Plantu.
Menos conseguido
- O facto de a participação de Art Spigelman, um nome com muito peso e com diversos trabalhos sobre o tema, se limitar a respostas a uma entrevista (ilustradas por Mattotti), embora com muito para reflectir.
- A inexistência de uma edição portuguesa, que pode de alguma forma ser compensada pela edição brasileira da Record/Galera, já disponível.
Enki Bilal (capa)
Sophia Aram, Russell Banks, Daryl Cagle, CharlÉlie, Jerome Charyn, Roger Cohen, Jacques Ferrier, Jean-Luc Hees, Barbara Hendricks, Miles Hyman, Jul, Lorenzo Mattotti, José Muñoz, Plantu, Joe Sacco, Carlos Sampayo, Fabienne Sintes e Art Spiegelman
Casterman + Radio France (França, 17 de Agosto de 2011)
187 x 260, 208 p., pb e cor, brochado com badanas
22,50 €
Resumo
Obra colectiva que reúne autores de um e outro lado do Atlântico que reflectem sobre as mudanças que os atentados de 11 de Setembro de 2001 provocaram nos Estados Unidos, no sonho e nos ideais norte-americanos.
Desenvolvimento
Este é um livro diferente, pensado pelos jornalistas franceses Pascal Dellanoy e Jean-Christophe Ogier, que junta em parcerias ou diálogos autores francófonos ou norte-americanos, oriundos das mais diversas áreas: jornalistas, cartoonistas, escritores, arquitectos, ilustradores, músicos, autores de BD, fotógrafos…
A base, para (quase) todos, é a mesma: reflectir sobre o que mudou com os atentados de há uma década. E a respostas, em forma de ficção ou reflexivas, críticas dos atentados e das acções (retaliatórias) que se lhe seguiram, são maioritariamente marcadas pelo pessimismo, a desilusão, a dúvida. Naturalmente. Mas sem esconder (algum) fascínio, e, no fundo, a crença que continuam a depositar numa América capaz de os surpreender.
Em termos práticos, é evidente que o que melhor funciona são os cartoons, no saboroso e (apesar de tudo) divertido diálogo entre Cagle e Plantu.
É, no entanto, nalguns dos textos escritos que o tema é melhor esmiuçado e é neles que se cumpre melhor o propósito do livro: fornecer ao leitor pistas, pontos de partida, indicações para elaborar a sua própria reflexão sobre o tema.
Para quem tem maior interesse pela BD – a maioria dos leitores deste blog, suponho – para além da bela capa de Bilal, o destaque vai para a criação de Joe Sacco, desta vez despido da sua farda de BD-jornalista, enveredando por um relato com (invulgar) tom de ficção-científica, numa viagem a um aterrador futuro dos EUA. Muñoz e Sampayo, com o tom negro e desiludido que os caracteriza mostram como os emigrantes estão (sempre) por detrás dos (sonhos) norte-americanos, desta vez com uma viagem à cozinha do império. Miles Hyman, nova-iorquino que reside em Paris traça um retrato sombrio de uns EUA transformados em vítimas de uma hiper-segurança obsessiva.
De uma obra com estas características, aberta para permitir ao leitor, claramente apontada para lá do mercado tradicional de banda desenhada, ressalta o facto de as participações aos quadradinhos ombrearem perfeitamente com as outras formas de expressão, por alguns ditas “mais nobres”, ganhando em expressividade sem perder profundidade ou capacidade de afirmar posições.
A reter
- A qualidade dos nomes reunidos nesta obra.
- O tom da obra, que privilegia a reflexão sobre o futuro em detrimento da homenagem ou da evocação, partilhando pistas e sinais com o leitor.
- As participações dos cartoonistas Cagle, Jul e Plantu.
Menos conseguido
- O facto de a participação de Art Spigelman, um nome com muito peso e com diversos trabalhos sobre o tema, se limitar a respostas a uma entrevista (ilustradas por Mattotti), embora com muito para reflectir.
- A inexistência de uma edição portuguesa, que pode de alguma forma ser compensada pela edição brasileira da Record/Galera, já disponível.
11/09/2011
11 de Setembro inspira BD
Poucas semanas após os atentados de 11 de Setembro de 2011, surgiram as primeiras das múltiplas edições aos quadradinhos em que o protagonismo se dividia entre super-heróis e heróis anónimos, todos abalados e incrédulos face á destruição das torres gémeas. Agora, uma década mais tarde, a data é de novo assinalada em BD, sendo várias as edições a lançar esta semana.
A mais mediática é, sem dúvida, “Holly terror”, da nova editora Legendary Pictures, assinada por Frank Miller, criador de “Sin City”, “300” ou “Batman: The Dark Night Returns”. Em formato horizontal, esta graphic novel, que na sua génese era uma história de Batman, foi concluída após 6 anos de trabalho criativo do autor, que mais uma vez dá provas do seu virtuosismo gráfico a preto e branco. O protagonista é The Fixer, um herói que vai defender Nova Iorque de novo atentado terrorista, numa BD que deverá ter tanto de violenta quanto de polémica, que o autor classificou como “120 páginas de propaganda política descarada”.
Outros dois nomes conceituados dos comics norte-americanos, Rick Veitch e Gary Erskine, assinam “The Big Lie”, na Image Comics, uma ficção inspirada num episódio da série televisiva The Twilight Zone e narrada pelo institucional Tio Sam. Nela, a mulher de uma das vítimas dos atentados regressa à manhã do dia 11 de Setembro para tentar tirar o seu marido do World Trade Center. Resta saber se conseguirá convencê-lo do que está para acontecer e qual a grande mentira que o título da BD aponta.
Quanto a “Code Word: Geronimo”, com a chancela da IDW Publishing, narra de forma pormenorizada e ficcionada todos os passos da missão que teve como objectivo eliminar Bin Laden. O argumento é assinado por Julia e Dale Dye, este último capitão aposentado da marinha dos EUA e conselheiro de Hollywood para assuntos militares, estando o desenho a cargo de Gerry Kissell.
Finalmente, em França (mas com edição já anunciada para vários países), encontramos “12 Septembre – l’Amerique d’après”, edição conjunta da Casterman e da Radio France que reúne nomes conceituados de um e outro lado do Atlântico, da imprensa (Roger Cohen), literatura (Russell Banks, Jerôme Charyn), BD (Enki Bilal, Myles Hyman, Joe Sacco, Muñoz e Sampayo, Art Spiegelman), ilustração (Lorenzo Mattotti), cartoon (Jul, Daryl Cagle, Plantu) e música (CharlÉlie, Barbara Hendricks). A solo ou em animados diálogos, todos reflectem sobre as consequências dos atentados na imagem que habitantes locais e estrangeiros têm hoje da América, de como esta mudou e do que é feito do sonho americano, predominando nas diferentes análises a dúvida, a desilusão e o pessimismo sobre o futuro.
(Versão revista e aumentada do texto publicado no Jornal de Notícias de 9 de Setembro de 2011)
A mais mediática é, sem dúvida, “Holly terror”, da nova editora Legendary Pictures, assinada por Frank Miller, criador de “Sin City”, “300” ou “Batman: The Dark Night Returns”. Em formato horizontal, esta graphic novel, que na sua génese era uma história de Batman, foi concluída após 6 anos de trabalho criativo do autor, que mais uma vez dá provas do seu virtuosismo gráfico a preto e branco. O protagonista é The Fixer, um herói que vai defender Nova Iorque de novo atentado terrorista, numa BD que deverá ter tanto de violenta quanto de polémica, que o autor classificou como “120 páginas de propaganda política descarada”.
Outros dois nomes conceituados dos comics norte-americanos, Rick Veitch e Gary Erskine, assinam “The Big Lie”, na Image Comics, uma ficção inspirada num episódio da série televisiva The Twilight Zone e narrada pelo institucional Tio Sam. Nela, a mulher de uma das vítimas dos atentados regressa à manhã do dia 11 de Setembro para tentar tirar o seu marido do World Trade Center. Resta saber se conseguirá convencê-lo do que está para acontecer e qual a grande mentira que o título da BD aponta.
Quanto a “Code Word: Geronimo”, com a chancela da IDW Publishing, narra de forma pormenorizada e ficcionada todos os passos da missão que teve como objectivo eliminar Bin Laden. O argumento é assinado por Julia e Dale Dye, este último capitão aposentado da marinha dos EUA e conselheiro de Hollywood para assuntos militares, estando o desenho a cargo de Gerry Kissell.
Finalmente, em França (mas com edição já anunciada para vários países), encontramos “12 Septembre – l’Amerique d’après”, edição conjunta da Casterman e da Radio France que reúne nomes conceituados de um e outro lado do Atlântico, da imprensa (Roger Cohen), literatura (Russell Banks, Jerôme Charyn), BD (Enki Bilal, Myles Hyman, Joe Sacco, Muñoz e Sampayo, Art Spiegelman), ilustração (Lorenzo Mattotti), cartoon (Jul, Daryl Cagle, Plantu) e música (CharlÉlie, Barbara Hendricks). A solo ou em animados diálogos, todos reflectem sobre as consequências dos atentados na imagem que habitantes locais e estrangeiros têm hoje da América, de como esta mudou e do que é feito do sonho americano, predominando nas diferentes análises a dúvida, a desilusão e o pessimismo sobre o futuro.
(Versão revista e aumentada do texto publicado no Jornal de Notícias de 9 de Setembro de 2011)
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