26/03/2010

J. Kendall –#59

Giancarlo Berardi e Lorenzo Calza (argumento) 
Cláudio Piccoli (desenho) 
Mythos Editora (Brasil, Outubro de 2009) 
135 x 178 mm, 132 p., pb, brochado, mensal 

Resumo A morte misteriosa de um professor colega de Júlia, associada ao desaparecimento de sua casa de uma reprodução de Mana, um ídolo asteca de duas cabeças, metade deus e metade demónio, leva a criminóloga de Garden City a encetar mais uma investigação juntamente com a policia local, ao mesmo tempo que começa a ser afectada por uma série de estranhos pesadelos.

Desenvolvimento Se em banda desenhada, texto e desenho devem ser inseparáveis e indivisíveis, a verdade é que há obras de desenhador e outras de argumentista. J. Kendall – ou Júlia, no original italiano – é um destes últimos casos, com Berardi a apor claramente a sua marca em histórias que combinam intimismo e acção. Neste número #59, de momento distribuído nas bancas portuguesas, isto é mais uma vez evidente, pese embora o facto de ser uma narrativa atípica no conjunto da série, pelo facto de se revestir de uma forte carga onírica, mística e fantástica, de todo pouco habitual, pois o seu registo costuma ser bem realista. Mesmo assim – ou por isso? – Berardi revela mais uma vez a mestria da sua escrita, combinando a evocação da realidade histórica com uma narrativa mitológica, transportando esta última para o tempo actual, interligando-a ainda com a anedota do hacker-poeta, e inserindo-a no contexto típico das histórias de Júlia, de uma forma só aparentemente leve e descontraída, pois algumas das questões que aborda e explora merecem reflexão profunda. Piccoli, por seu lado, põe o seu traço “ao serviço do mestre”, revelando à-vontade no tratamento realista de quase todo o relato, com especial destaque para a vivacidade e expressividade de Júlia, e utilizando outros estilos gráficos para os diversos segmentos fantásticos da narrativa.

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