22/10/2010

Amadora BD 2010 (II)

Abre hoje as suas portas o 21ª edição do Amadora BD - Festival Internacional de Banda Desenhada da Amadora, que se prolonga até ao dia 7 de Novembro. São 17 dias, dezenas de autores e centenas de pranchas que mais uma vez trazem a festa dos quadradinhos até aquela cidade pois, para além do Fórum Luís de Camões, na Brandoa, onde se situa o núcleo central do evento, há mostras espalhadas por diversos equipamentos municipais.
A edição deste ano dá um grande destaque à 9ª arte nacional, ou não fosse o recente centenário da República o seu mote. Por isso, a principal exposição, “A I República na Génese da Banda Desenhada e no Olhar do Século XXI”, traça um retrato cronológico da forma como a BD, a caricatura e o cinema de animação anteciparam e têm mostrado a República ao longo de mais de 100 anos. Com a mesma temática, há também o making of de “É de noite que faço as perguntas”, uma narrativa ficcionada dos acontecimentos que levaram à queda da monarquia, escrita por David Soares e desenhada por Richard Câmara, Jorge Coelho, João Maio Pinto, André Coelho e Daniel Silvestre Silva. A par destas duas, destaque ainda para a retros-pectiva de Richard Câmara, autor do cartaz e da imagem gráfica do festival deste ano, e para a mostra que assinala o centenário de nascimento de Fernando Bento. As obras de Bernardo Carvalho (na Casa Roque Gameiro), Cristina Sampaio, e José Carlos Fernandes e Luís Henriques, premiadas em 2009, são também tema de exposições, bem como os trabalhos de Luís Diferr (“As Viagens de Lois – Portugal”, na Galeria Municipal Luís Bual) e Paulo Monteiro (“O Amor Infinito que te Tenho e Outras Histórias“).
Curiosa é a abordagem de “Lusofonia - A Nona Arte em Língua Portuguesa”, que, a partir das obras Nuno Saraiva (Portugal), Jô Oliveira (Brasil), Lindomar Sousa (Angola) e Zorito e Machado da Graça (Moçambique ), se propõe mostrar as particularidades da língua portuguesa falada em cada um deles.
No programa deste ano, no entanto, há duas falhas significativas: mais uma vez a quase total ausência de manga (bd japonesa) e de comics norte-americanos e a falta de nomes sonantes do panorama internacional, que seriam capazes de cativar o público (em especial os mais jovens) para ir descobrir a produção portuguesa. Os belgas François Schuiten e Benoit Peeters (distinguidos em 2009 pelo álbum “A Teoria do Grão de Areia, vol. 1) e, em menor escala, o norte-americano Sean Gordon Murphy (“Joe the Barbarian”) são as parcas excepções. Ou a um outro nível, Korky Paul, autor de “A Bruxa Mimi”, que faz sucesso entre os mais pequenos.
Para este primeiro fim-de-semana estão anunciadas as presenças de Schuiten e Peeters, Aude Samama, Alfonso Azpiri, Seri Aoi, Kim Hakhyun, João Mascarenhas, Paulo
Monteiro, Richard Câmara, Fil, David Soares, Fernando Dordio, Mário Freitas, Osvaldo Medina, Nuno
Duarte, Pedro Leitão, Ricardo Cabral, Carlos Páscoa, Joana Afonso, Luís Diferr e Rui Lacas, e programadas a apresentação dos livros “O menino Triste – Punk Redux”, de João Mascarenhas , e “Agentes do C.A.O.S.: A Conspiração Ivanov”, de Fernando Dordio, Filipe Teixeira e Mário Freitas.
Veja o programa completo do festival aqui.

(Versão expandida do texto publicado no Jornal de Notícias de 22 de Outubro de 2010)

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