
Glénat (Suíça, Setembro de 2010)
195 x 275 mm, 72 p., cor, brochado com badanas
Resumo
Após um acontecimento de contornos e origens desconhecidos, que deu origem a diversos confrontos e alterações climáticas, os seres humanos desapareceram da face da Terra, com excepção de um único homem.
Este álbum conta o seu dia-a-dia, entre a luta pela sobrevivência e as recordações e fantasmas do tempo que viveu em comunidade.
Desenvolvimento

A ter que escolher uma única palavra para definir este livro, ela seria melancolia. Este é o sentimento dominante neste relato traçado em tons esverdeados - para o tempo presente - e azuis-acizentados - para os – muitos - flashbacks que o integram; tom este que reforça o sentimento de nostalgia e perda em relação a esses tempos passados. No trabalho gráfico de Boutle, num estilo agradável embora não muito vistoso, destaca-se igualmente o uso recorrente e bem conseguido de tracejado a lápis de cor para definir volumes, texturas e superfícies, que, a par da ausência de linhas de delineação das vinhetas, dá ao todo um aspecto delicado e atraente.
Quanto à história... É a história de um homem só, numa imensa cidade deserta, onde, por um lado, tem que fazer face aos elementos adversos do clima em mudança.

Mas a questão climática acaba por ser um problema menor para o protagonista que vive a mais profunda e absoluta solidão. Essa solidão obriga-o a uma disciplina férrea para manter a lucidez: recolha de comida – pesca, enlatados pouco mais – ou de medicamentos em espaços agora desertos e quase esgotados, com aspecto de terem sido saqueados; busca de entretenimento na recolha de livros e cds musicais, na decoração do « seu espaço », com quadros retirados do museu…

A reter
- Algumas pranchas bem conseguidas.
- O peso da solidão do protagonista que emana da leitura da história.

- A falta de uma explicação para o que aconteceu ao planeta Terra e conduziu á situação presente...
- … o que conduz à sensação de que falta algo (mais?) ao relato dos 219 dias de vida do único homem restante na Terra para que a história se torna mais coerente e credível e para que o seu destino (afinal) nos interesse.
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