24/10/2010

‘Palabéns’ Cebolinha!

Foi há 50 anos já, que chegou à Rua do Limoeiro um certo Cebolinha, baixinho, com apenas cinco fios de cabelo e já com a característica dificuldade de pronunciar os “rr”. Nessa primeira aparição, ainda nas tiras protagonizadas por Bidú (o cãozinho azul nascido em Julho de 1959), saía de uma casota de cão, e revelava a tendência para ferver em pouca água que o acompanharia ao longo dos anos. Mais tarde, viria a saber-se que a sua camisa era verde, os calções negros e os sapatos castanhos, “uniforme” que usaria quase sempre.
Alguns, adivinham em ilustrações anteriores – e numa história de uma página com o seu nome – a “pré-história” (mais cabeluda) do Cebolinha, mas foi nas tiras de jornal que Maurício vendia para diversos jornais brasileiros que se viria a afirmar como uma das mais populares criações dos quadradinhos brasileiros, com direito a revista própria a partir de 1973 e participação em inúmeros filmes, desenhos animados, peças de teatro e artigos de merchandising.
Quando apareceu, não sabia ainda, mas viria a ser adepto do Palmeiras e o “dono da rua” (ou da “lua”, como ele dizia), pelo menos até uma certa Mônica, que nasceria três anos depois, assumir o protagonismo que faria com que o seu nome fosse dado por Maurício de Sousa à turma que foi desenvolvendo com ternura e humor, baseado nos filhos e naqueles que o rodeavam. Como aconteceu com Cebolinha, alter-ego de alguém que o desenhador conheceu na sua infância em Mogi das Cruzes.
Ultrapassado pela “baixinha dentuça”, depois desse dia, nada ficou igual para o Cebolinha, que, julgando-se mais inteligente do que todos, passou a ocupar o tempo a inventar planos infalíveis, iguais no objectivo – derrotar a Mônica - e no resultado – acabar derrotado, quase sempre depois de levar com Sansão, o coelho de peluche dela.
Pelo menos, até o dia em que cresceu – corria já o mês de Agosto de 2008 – tornando-se jovem como a restante turma, numa existência paralela, pois o Cebolinha “pequeno” continua a divertir os seus leitores. Deixou o colorido – na prática voltou ao preto e branco original – e, agora em estilo manga (bd japonesa), chama-se só Cebola, só troca “rr” por “ll” quando está nervoso e passou a ter como objectivo conquistar o coração da antiga “inimiga”. Com ela, como reflexo de uma nova geração que Maurício quer conquistar, vive aventuras do dia-a-dia (e também outras mais fantásticas) e até já trocou alguns beijos.
E no futuro, quem sabe, se um dia o dese-nhador, já com 75 anos, decidir criar a Turma da Mônica Idosa, Cebolinha, voltando à infância, quase careca e já muito rezingão, pouco terá a mudar!

(Versão expandida do texto publicado no Jornal de Notícias de 24 de Outubro de 2010)

1 comentário:

  1. Cebolinha foi sempre meu personagem preferido da turma da Mônica. Quando criança tb tinha dificuldade em falar o "r" por isso a identificação com ele. Cinquentão Cebolinha hein! Palabéns plá você!!!!

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