Nem género, nem herói…
Esta é uma história de super-heróis que não o é.
Protagonizada pela Catwoman que não é a protagonista. Coadjuvada por Stark, que
se podia chamar Parker e exactamente por isso se chama Stark.
Confusos? A ideia era essa. Passo a explicar.
(Bem) integrada na colecção No Coração das Trevas DC, a que aporta um toque de originalidade e
diversidade, pois sai completamente do registo de super-heróis, assumindo um
tom policial, esta não é uma história da Catwoman, que surge apenas de passagem
nas primeiras páginas e pouco mais.
A verdadeira protagonista - mas não a única - é Selina Kyle,
a verdadeira identidade da Catwoman, que, após falhar o seu último roubo,
precisa de refazer as finanças. Um antigo contacto põe-na na pista de um comboio
que transporta uma enorme soma de dinheiro proveniente do tráfico de droga, que
se afigura como o golpe ideal.
Para o levar a cabo, precisará de uma equipa de gente confiável,
o que a leva a procurar Stark, um antigo mentor com quem teve uma relação que
não terminou bem.
Num breve interregno na introdução à história, convém
salientar que o autor deste episódio da Catwoman, aliás de Selina Kyle, é o norte-americano
Darwyn Cooke que, em termos narrativos e gráficos (embora com um traço menos
depurado), o desenvolve ao estilo das suas adaptações de Parker - de que a Devir já editou O
Caçador, A
Organização e O Golpe.
Parker, que é uma criação original do
romancista Richard Stark, que Cooke homenageia - antes de o adaptar - ao dar o seu
nome a um dos protagonistas.
A Selina e Stark juntar-se-ão outros elementos, que aportam à
equipa capacidades específicas, com história pessoais que Cooke vai brevemente
abordar, dando consistência e diversidade ao relato, mas é da preparação do
golpe, da ultrapassagem das dificuldades e da sua execução, na forma original,
surpreendente e imaginativa como é feita, que vive este aliciante O grande golpe de Selina.
Como sempre, aplicando a velha Lei de Murphy que diz “quando
uma coisa pode correr mal, vai mesmo correr mal”, por mais acurada que seja a elaboração,
surgem imponderáveis com consequências trágicas sempre possíveis em situações
destas, mas inesperadas para o leitor (que não pode tirar destas palavras
ilações que aqui não estão e que só a leitura – muito aconselhável – poderá esclarecer).
Narrativa policial pura e dura, centrada nos componentes do
lado errado da lei – que curiosamente está de todo afastada do relato - O grande golpe de Selina surge para mim
como o primeiro grande livro desta colecção e uma das melhores
edições deste mês de Março.
Catwoman: O grande golpe de Selina
Seguida de Deja Vu
Darwyn Cooke
Levoir/Público
Portugal, 30 de Março
170 x 260 mm, 120 p., cor, cartonado
9,90 €
(imagens disponibilizadas pela editora; clicar nelas para as
aproveitar em toda a sua extensão)
Agradeço a divulgação do n.º de páginas, coisa que não costuma ser habitual com a Levoir, mas que é útil: um livro de 200 páginas com a mesma qualidade artística e física do que outro com 140, será compra preferível à deste segundo, quando a bolsa não chega para tudo ou se é um comprador meramente ocasional.
ResponderEliminarApesar disso, este livro tem mais do que 110 páginas. A página 110, aliás, contém um indíce da galeria que se lhe segue, indicando a capa de Steranko como estando impressa na página 119. O livro tem, portanto, 120 páginas. Um mimo extra para quem, depois da crítica elogiosa do Pedro, esteja ainda indeciso.
Que a Levoir possa, no futuro, indicar a informação completa e correcta para as fichas técnicas, para assim dar ao consumidor uma melhor informação sobre o que pode comprar. E que o Pedro tenha muitas oportunidades para nos comunicar que, independentemente do número de páginas, esses lançamentos são de qualidade.
Porco-Aranha,
EliminarO erro no número de páginas foi meu; a Levoir quando muito errou por omissão.
Boas leituras!