Retrato de família com casamento no fim
Há várias formas de fazer compilações: cronológicas,
temáticas, por autor…
Foi esta última presidiu a El
Increíble Hulk, que abarca o período curto mas muito fecundo da John Byrne
à frente do gigante verde.
Oportunidade surgida em conversa casual, depois levada à
prática através de uma curiosa ‘troca’ que levou Byrne dos Alpha Flight para o
Hulk e Bill Mantlo em sentido contrário - como refere na completa introdução
Julián M. Clemente e esmiúça Byrne na entrevista da época
que encerra o livro.
Oportunidade que durou só seis números do comic regular e
dois especiais, entre 1985 e 1986, mas operou uma profunda revolução na
personagem.
Em menos de 200 páginas, Byrne separou Bruce Banner e o
Hulk, evocou a cor cinza inicial do monstro, fez regressar boa parte da sua galeria
clássica de personagens - Doc Samson, Mulher-Hulk, Rino, Modok, Betty Ross,
General Ross, Rick Jones… -, destruiu muitos quilómetros quadrados dos EUA,
provocou umas quantas mortes, colaterais ou não, terminou com um clássico final
feliz e ainda foi capaz de fazer o Hulk experimentar uma potente ganza!
Mais, era impossível, mas Byrne também o fez: deu uma
dinâmica gráfica diferente à série, assente numa planificação (quase)
minimalista, muitas vezes reduzida a apenas 3 ou 4 vinhetas por página (e a um
painel único, no (tal) especial (ganzado!) que encerra o volume…). Com isso,
conseguiu um ritmo narrativo acelerado para contar uma história linear que apesar de tudo dispensa o conhecimento das referências feitas e - até ceder o seu lugar a
colaboradores (?) - um traço que apesar de simples no despojamento de cenas e
na ausência de pormenores, se revela muito expressivo, bem delineado e
extremamente eficaz para caracterizar, definir e mostrar à saciedade um Hulk
(quase sempre) em plena fúria.
El Increíble Hulk
Colecção 100 % Marvel HC
Inclui The Incredible Hulk #314 a #319, The
Incredible Hulk
Annual #14 e Marvel Fanfare #29
John Byrne (argumento, desenho e arte-final)
Sal Buscema (desenho e arte-final)
Bob Wiacek, Keith
Williams (arte-final)
Panini Comics
Espanha, Junho de 2017
180 x 270 mm, 224 p., cor, capa dura
18,00 €
(pranchas da edição original norte-americana; clicar nas
imagens para as aproveitar em toda a sua extensão)
O John Byrne dos anos 80 foi uma das razões que me fez passar de leitor a fã de bd. A run dele nos fantastic four ainda é a minha preferida de sempre da "first family" da marvel. Foi pena esta run no hulk não ter durado mais mas foi muito boa enquanto durou.
ResponderEliminarEsse foi um dos comics que me tornou de leitor da Aranha e Transformers/Tmnt/Indiana Jones e fb um leitor do Universo Marvel,num desses pacotes da Abril Jovem com o Casamento do Bruce,pena que Al Migron termina a fase de forma fraquinha mas lança raizes para a fase Cinza do Pad.
ResponderEliminarBom.... tanto o texto do Pedro Cleto como os dois comentários anteriores, reforçam ainda mais a minha opinião sobre "telenovelas".
ResponderEliminarAinda para mais, que irrita-me a mudança de fisionomias de um livro para outro (de um autor para ouutro), já para não falar, ou falando mesmo, que parece que só o Aranha é que tem o "azar" a ter mortes mesmo mortos, na sua história....
A questão é que não podes abordar super herois como uma serie franco belga ou um titulo manga. Não há um principio, meio e fim no Spider Man, Hulk ou JLA. Há runs e dentro dessas runs (se forem longas) arcos. É certo que há ramificações e os personagens evoluem mas, por norma, cada run (ou mesmo historias dentro de uma run) pode ser lida e apreciada sem a obrigatoriedade de leres o que ficou para trás. E depois ainda tens as pragas dos reboots e das ressurreições... Por isso, para mim, é um erro olhares para um personagem como o Hulk e pensares como uma serie continua desde a sua criação nos anos 60 até aos dias de hoje.
EliminarAceito o que referes relativamente aos 'runs'. Aliás, é devido a essa noção que tenho adquirido as edições que surgiram "repentinamente" no mercado português sobretudo via Levoir. Mas a quetão das fisionomias... essa irrita-me mesmo.
EliminarDurante muito tempo o John Byrne foi o meu artista favorito. A sua fase no Quarteto Fantástico, que eu seguia nos formatinhos da Abril, foi excelente e essas histórias continuam a ser das minhas preferidas.Tenho pena que ele já não tenha a visibilidade que teve em tempos, era simplesmente o maior.
ResponderEliminarsilentsoul